Efeito Casa Branca
Documentário mostra como aquecimento global virou assunto de ‘comunistas’. O Brasil tem muito a contribuir com o tema. Mas não será furando a foz do Rio Amazonas Tive o privilégio de assistir ao documentário “Efeito Casa Branca”. Passou no Festival do Rio e, esta semana, na Mostra Cine G20, promovida pela Time to Act e pela Academia Brasileira de Cinema. Será lançado no Brasil no ano que vem. É um filme obrigatório se quisermos entender o que estamos vivendo hoje, tanto em relação ao clima quanto na politização de temas que nada têm a ver com ideologias. Dirigido por Bonni Cohen, Jon Shenk e pelo brasileiro Pedro Kós, o documentário nos mostra quando e como a questão do aquecimento global virou assunto de “comunistas”. Feito só com material de arquivo, a partir de 4 mil horas de pesquisa, o que vemos é uma aula de como o jogo do poder venceu. O filme se concentra na campanha e gestão de George H. W. Bush, o Bush pai, eleito em 1988, sucedendo Ronald Reagan. A pauta do efeito estufa aparece com o presidente anterior, Jimmy Carter, que começa o incentivo a fontes alternativas de energia, como a solar. Nesse mesmo período, os americanos sofrem com uma inesperada onda de calor que devasta pastos e lavouras. Bush incorpora em seu discurso de campanha a defesa do meio ambiente, dizendo que o efeito estufa terá um inimigo: o efeito Casa Branca. Ele nomeia como secretário do Meio Ambiente um ecologista-ativista, William Riley, com a missão de reduzir as emissões de gases-estufa, colocando os Estados Unidos na vanguarda do tema. O sonho não durou muito. Junto com Riley, Bush nomeia John Sununu, seu chefe de gabinete. Ultraconservador e com muito mais poder, Sununu vai, aos poucos, destruindo qualquer possibilidade de ação de Riley. Contando com o lobby das empresas de petróleo e carvão, começa uma campanha em que incute a ideia de que qualquer restrição às fontes de energia existentes resultaria na pobreza do povo americano, que perderia seus empregos e ainda passaria frio no inverno. Ele vai além, afirmando que aqueles que defendiam a questão climática seriam comunistas e socialistas infiltrados, com a intenção de acabar com os Estados Unidos. Sununu vence: a classe média americana se convence de que o meio ambiente é um novo inimigo. Não estou dando spoiler, apenas uma sinopse. Tem muito mais nesse filme e, sobretudo, é extremamente necessário. Até um Al Gore superjovem e um close de Fernando Collor durante a Eco 92, quando Riley é definitivamente derrotado em suas pretensões como secretário do Meio Ambiente. Com a eleição de Trump, não há nenhuma perspectiva de que os Estados Unidos coloquem o meio ambiente em pauta. Muito pelo contrário. Um dos slogans dele era “pode furar”. O Brasil, com seu tamanho continental, suas florestas, seus rios e mares, tem muito a contribuir. Mas não será furando a foz do Rio Amazonas que poderemos fazer a diferença.
Documentário mostra como aquecimento global virou assunto de ‘comunistas’. O Brasil tem muito a contribuir com o tema. Mas não será furando a foz do Rio Amazonas Tive o privilégio de assistir ao documentário “Efeito Casa Branca”. Passou no Festival do Rio e, esta semana, na Mostra Cine G20, promovida pela Time to Act e pela Academia Brasileira de Cinema. Será lançado no Brasil no ano que vem. É um filme obrigatório se quisermos entender o que estamos vivendo hoje, tanto em relação ao clima quanto na politização de temas que nada têm a ver com ideologias. Dirigido por Bonni Cohen, Jon Shenk e pelo brasileiro Pedro Kós, o documentário nos mostra quando e como a questão do aquecimento global virou assunto de “comunistas”. Feito só com material de arquivo, a partir de 4 mil horas de pesquisa, o que vemos é uma aula de como o jogo do poder venceu. O filme se concentra na campanha e gestão de George H. W. Bush, o Bush pai, eleito em 1988, sucedendo Ronald Reagan. A pauta do efeito estufa aparece com o presidente anterior, Jimmy Carter, que começa o incentivo a fontes alternativas de energia, como a solar. Nesse mesmo período, os americanos sofrem com uma inesperada onda de calor que devasta pastos e lavouras. Bush incorpora em seu discurso de campanha a defesa do meio ambiente, dizendo que o efeito estufa terá um inimigo: o efeito Casa Branca. Ele nomeia como secretário do Meio Ambiente um ecologista-ativista, William Riley, com a missão de reduzir as emissões de gases-estufa, colocando os Estados Unidos na vanguarda do tema. O sonho não durou muito. Junto com Riley, Bush nomeia John Sununu, seu chefe de gabinete. Ultraconservador e com muito mais poder, Sununu vai, aos poucos, destruindo qualquer possibilidade de ação de Riley. Contando com o lobby das empresas de petróleo e carvão, começa uma campanha em que incute a ideia de que qualquer restrição às fontes de energia existentes resultaria na pobreza do povo americano, que perderia seus empregos e ainda passaria frio no inverno. Ele vai além, afirmando que aqueles que defendiam a questão climática seriam comunistas e socialistas infiltrados, com a intenção de acabar com os Estados Unidos. Sununu vence: a classe média americana se convence de que o meio ambiente é um novo inimigo. Não estou dando spoiler, apenas uma sinopse. Tem muito mais nesse filme e, sobretudo, é extremamente necessário. Até um Al Gore superjovem e um close de Fernando Collor durante a Eco 92, quando Riley é definitivamente derrotado em suas pretensões como secretário do Meio Ambiente. Com a eleição de Trump, não há nenhuma perspectiva de que os Estados Unidos coloquem o meio ambiente em pauta. Muito pelo contrário. Um dos slogans dele era “pode furar”. O Brasil, com seu tamanho continental, suas florestas, seus rios e mares, tem muito a contribuir. Mas não será furando a foz do Rio Amazonas que poderemos fazer a diferença.
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