Deputados argentinos mantêm veto de Milei a lei que atribui mais recursos às universidades públicas; veja vídeo
Decisão foi repudiada por centenas de pessoas que protestavam nos arredores do Congresso, em um contexto crescentes manifestações estudantis Deputados argentinos ratificaram, nesta quarta-feira, o veto do presidente Javier Milei a uma lei que atribui mais recursos às universidades públicas. A votação, uma vitória legislativa para o governo, foi repudiada por centenas de pessoas que protestavam nos arredores do Congresso. Uma greve geral do setor foi anunciada para quinta-feira após a decisão do Legislativo. Janaína Figueiredo: Milei entra em zona de risco Argentina: Governo de Milei nega responsabilidade pelo aumento da pobreza, que atinge 52% da população A votação foi aprovada por 85 dos 257 deputados, que confirmaram o veto a uma legislação que estabelecia, entre outras coisas, aumentos de salário para os professores. A oposição precisava de dois terços de cada câmara para rejeitar o veto, mas ficou a seis votos de alcançar esse número na Câmara dos Deputados, enquanto houve oito ausências e cinco abstenções. A confirmação do veto representa uma nova vitória legislativa para o governo ultraliberal, que chegou ao poder prometendo reduzir drasticamente os gastos públicos, após a ratificação, em setembro, do veto a uma lei que teria aumentado as aposentadorias. Invalida também o aumento salarial dos docentes, que não poderá ser discutido pelo Congresso novamente este ano. Initial plugin text Os sindicatos de docentes e não docentes da Universidade de Buenos Aires (UBA) anunciaram uma paralisação nacional para quinta-feira devido à "vergonhosa" votação dos deputados, que "colocaram em jogo o futuro de todo um país". Centenas de manifestantes, muitos deles universitários, protestaram em repúdio ao veto de Milei nas proximidades do Congresso, onde houve momentos de tensão com a presença de vários agentes policiais. "Deputados, estamos de olho em vocês" e "nosso futuro não se veta", diziam alguns cartazes exibidos pelos universitários. — A educação significa muito para mim, significa igualdade de oportunidades e é importante hoje em dia defender essas coisas, quando há tanto individualismo na sociedade argentina — disse à AFP Camila Flores, de 20 anos e estudante de psicologia da UBA. A mobilização coincidiu com a dos aposentados, que ocorre todas as quartas-feiras, e alguns cartazes faziam menção a ambos os setores: "Estudantes e aposentados, em frente!". A universidade pública, berço de cinco ganhadores do prêmio Nobel, concentra 80% das matrículas do ensino superior na Argentina. A educação universitária pública não está em perigo, não tenham medo — disse o deputado governista José Luis Espert ao encerrar a sessão. — Queremos melhores professores, universitários graduados, melhores pesquisas. O que não queremos são esquemas [acordos] que sejam feitos atrás das universidades com o dinheiro de todos os contribuintes. Anteriormente, o governo disse que recorreria à Justiça caso o Congresso derrubasse o veto presidencial, decretado sob o argumento de que compromete o equilíbrio fiscal, pilar de sua política. Segundo o Congresso, a aplicação da lei orçamentária representaria 0,14% do PIB. — O aumento às universidades seria ceder à velha forma de fazer política, de ignorar a restrição do orçamento — disse Milei nesta quarta-feira durante um discurso para empresários. Enfrentamento O veto acirrou os ânimos da sociedade, com grandes marchas em apoio aos estudantes universitários e contra as medidas de austeridade que também estão atingindo outras áreas sensíveis, como a saúde pública. — A sociedade já decidiu e marchou, ela quer impor limites ao presidente — disse Facundo Manes, membro da aliada União Cívica Radical (UCR), que votou contra o veto. — Não vamos permitir que [o governo] ataque a saúde pública e a educação, os valores que nos permitiram ter uma classe média. Galerias Relacionadas O veto foi um divisor de águas entre os aliados políticos do governo, que não tem maioria em ambas as casas do Legislativo. — Qual é o programa que vocês têm? Uma sociedade de destruição em massa do pouco que nos resta de bem-estar — disse durante a sessão o deputado Miguel Angel Pichetto, do aliado Encontro Federal, em um discurso crítico às políticas do governo. O ex-presidente Mauricio Macri (2015-2019), da força aliada PRO, expressou apoio ao veto em uma carta pública. Milei justificou o veto pela falta de responsabilidade das universidades. — Se elas estivessem limpas, qual seria o problema de auditá-las? — questionou nesta quarta-feira. No entanto, até mesmo o PRO o criticou por não ter se conformado com as autoridades da Auditoria Geral da Nação, que são responsáveis pela realização de tais auditorias. "O governo, com a cumplicidade de alguns parlamentares aliados e opositores, e utilizando recursos de todo tipo, provocou que a Câmara dos Deputados desse as costas a uma sociedade que, em todo o país, deixou claro que está a favor da educação pública universitária", escreveu na rede social X o senador opositor Ma
Decisão foi repudiada por centenas de pessoas que protestavam nos arredores do Congresso, em um contexto crescentes manifestações estudantis Deputados argentinos ratificaram, nesta quarta-feira, o veto do presidente Javier Milei a uma lei que atribui mais recursos às universidades públicas. A votação, uma vitória legislativa para o governo, foi repudiada por centenas de pessoas que protestavam nos arredores do Congresso. Uma greve geral do setor foi anunciada para quinta-feira após a decisão do Legislativo. Janaína Figueiredo: Milei entra em zona de risco Argentina: Governo de Milei nega responsabilidade pelo aumento da pobreza, que atinge 52% da população A votação foi aprovada por 85 dos 257 deputados, que confirmaram o veto a uma legislação que estabelecia, entre outras coisas, aumentos de salário para os professores. A oposição precisava de dois terços de cada câmara para rejeitar o veto, mas ficou a seis votos de alcançar esse número na Câmara dos Deputados, enquanto houve oito ausências e cinco abstenções. A confirmação do veto representa uma nova vitória legislativa para o governo ultraliberal, que chegou ao poder prometendo reduzir drasticamente os gastos públicos, após a ratificação, em setembro, do veto a uma lei que teria aumentado as aposentadorias. Invalida também o aumento salarial dos docentes, que não poderá ser discutido pelo Congresso novamente este ano. Initial plugin text Os sindicatos de docentes e não docentes da Universidade de Buenos Aires (UBA) anunciaram uma paralisação nacional para quinta-feira devido à "vergonhosa" votação dos deputados, que "colocaram em jogo o futuro de todo um país". Centenas de manifestantes, muitos deles universitários, protestaram em repúdio ao veto de Milei nas proximidades do Congresso, onde houve momentos de tensão com a presença de vários agentes policiais. "Deputados, estamos de olho em vocês" e "nosso futuro não se veta", diziam alguns cartazes exibidos pelos universitários. — A educação significa muito para mim, significa igualdade de oportunidades e é importante hoje em dia defender essas coisas, quando há tanto individualismo na sociedade argentina — disse à AFP Camila Flores, de 20 anos e estudante de psicologia da UBA. A mobilização coincidiu com a dos aposentados, que ocorre todas as quartas-feiras, e alguns cartazes faziam menção a ambos os setores: "Estudantes e aposentados, em frente!". A universidade pública, berço de cinco ganhadores do prêmio Nobel, concentra 80% das matrículas do ensino superior na Argentina. A educação universitária pública não está em perigo, não tenham medo — disse o deputado governista José Luis Espert ao encerrar a sessão. — Queremos melhores professores, universitários graduados, melhores pesquisas. O que não queremos são esquemas [acordos] que sejam feitos atrás das universidades com o dinheiro de todos os contribuintes. Anteriormente, o governo disse que recorreria à Justiça caso o Congresso derrubasse o veto presidencial, decretado sob o argumento de que compromete o equilíbrio fiscal, pilar de sua política. Segundo o Congresso, a aplicação da lei orçamentária representaria 0,14% do PIB. — O aumento às universidades seria ceder à velha forma de fazer política, de ignorar a restrição do orçamento — disse Milei nesta quarta-feira durante um discurso para empresários. Enfrentamento O veto acirrou os ânimos da sociedade, com grandes marchas em apoio aos estudantes universitários e contra as medidas de austeridade que também estão atingindo outras áreas sensíveis, como a saúde pública. — A sociedade já decidiu e marchou, ela quer impor limites ao presidente — disse Facundo Manes, membro da aliada União Cívica Radical (UCR), que votou contra o veto. — Não vamos permitir que [o governo] ataque a saúde pública e a educação, os valores que nos permitiram ter uma classe média. Galerias Relacionadas O veto foi um divisor de águas entre os aliados políticos do governo, que não tem maioria em ambas as casas do Legislativo. — Qual é o programa que vocês têm? Uma sociedade de destruição em massa do pouco que nos resta de bem-estar — disse durante a sessão o deputado Miguel Angel Pichetto, do aliado Encontro Federal, em um discurso crítico às políticas do governo. O ex-presidente Mauricio Macri (2015-2019), da força aliada PRO, expressou apoio ao veto em uma carta pública. Milei justificou o veto pela falta de responsabilidade das universidades. — Se elas estivessem limpas, qual seria o problema de auditá-las? — questionou nesta quarta-feira. No entanto, até mesmo o PRO o criticou por não ter se conformado com as autoridades da Auditoria Geral da Nação, que são responsáveis pela realização de tais auditorias. "O governo, com a cumplicidade de alguns parlamentares aliados e opositores, e utilizando recursos de todo tipo, provocou que a Câmara dos Deputados desse as costas a uma sociedade que, em todo o país, deixou claro que está a favor da educação pública universitária", escreveu na rede social X o senador opositor Martín Lousteau. ‘Acordaram o gigante’ Na noite de terça-feira, o Ministério do Capital Humano anunciou um aumento salarial de 6,8% para os professores universitários como última tentativa de conciliação. Os sindicatos de professores rejeitaram a proposta “por considerá-la insuficiente”, já que a inflação em agosto foi de 236% ao ano. O orçamento de 2025 enviado ao Congresso propõe alocar às universidades no próximo ano metade do que as instituições de ensino disseram precisar para funcionar. Dezenas de estudantes de universidades públicas fizeram vigília ou ocuparam suas instituições de ensino para pressionar o Congresso a rejeitar o veto presidencial. — Eles acordaram o gigante adormecido — disse à AFP Ilana Yablonovsky, estudante de literatura de 27 anos, nesta quarta-feira. — Dizemos a Milei que vamos aprofundar o plano de luta, isto não é o fim, é o começo, vamos radicalizar as ações e coordenar com todos os setores. Hoje são miseráveis 28 mil pesos por mês [cerca de R$ 148] que são usados para transporte e cópias, muitos de nós somos trabalhadores precarizados. Mais cedo, os sindicatos de professores anunciaram que, se o veto fosse mantido, eles iniciariam uma greve nacional em um contexto de conflito crescente, enquanto o setor de transportes também está preparando uma greve nacional em 30 de outubro. (Com La Nación)
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