Depois que Trump assumiu a liderança nos EUA, negacionistas eleitorais ficaram repentinamente quietos
Apoiadores do ex-presidente passaram anos fomentando a preocupação com a integridade das eleições; na terça-feira, eles deixaram tudo isso de lado Os negacionistas das eleições americanas passaram as semanas que antecederam o dia da votação soando o alarme nas redes sociais sobre a possibilidade de fraude generalizada dos eleitores que mancharia os resultados — algo que, segundo as autoridades, nunca ocorreu nas eleições modernas. O ex-presidente Donald Trump afirmou que houve “fraude maciça” na Filadélfia na terça-feira, antes mesmo do fechamento das urnas. Em entrevista após vitória: Trump diz que ‘não há preço alto demais’ para seu plano de deportação em massa nos EUA É factível: Quais obstáculos Trump terá de superar para cumprir plano de deportação em massa nos EUA? Em seguida, os resultados chegaram, mostrando Trump com uma força considerável. As vozes que passaram anos gritando sobre a integridade das eleições de repente se transformaram em um sussurro. — Assim que começou a parecer que Trump iria vencer, o negacionismo eleitoral ficou muito, muito quieto — disse Welton Chang, cofundador e CEO da Pyrra Technologies, uma empresa que monitora redes sociais alternativas, como o Telegram, que se tornaram espaços preferidos por extremistas e teóricos da conspiração em todo o mundo. Initial plugin text O silêncio repentino dos negacionistas eleitorais após a vitória de Trump na terça-feira ressalta o propósito de longa data da narrativa como um meio para o magnata recuperar o poder e contestar os resultados das eleições, dizem os especialistas. Quando a negação do resultado da eleição de repente se mostrou politicamente inútil, os influenciadores e aliados de Trump pareciam satisfeitos em simplesmente deixá-la de lado. A falsa noção de que a eleição de 2020 foi roubada também foi além da mídia social, impulsionando um amplo movimento de ativistas da “integridade eleitoral”. Durante os últimos quatro anos, muitos deles se dedicaram a “consertar” o sistema de votação para evitar um futuro “roubo” — inscrevendo-se como observadores de urnas, funcionários eleitorais e até mesmo membros do conselho eleitoral. Durante a votação de terça-feira, várias das figuras do movimento divulgaram publicações online que sugeriam que os ativistas estavam encontrando evidências de problemas. Na quarta-feira, entretanto, um dos principais líderes retratou a vitória de Trump como resultado do trabalho deles para melhorar o sistema. “Para os milhares de guerreiros da integridade eleitoral: Obrigado”, dizia uma postagem na plataforma social X na quarta-feira de Cleta Mitchell, uma das líderes mais proeminentes do movimento. 'Patriotas' e 'presos políticos': acusados por invasão do Capitólio esperam perdão, prometido por Trump em campanha Em uma entrevista na quarta-feira, Mitchell disse que a vigilância de seus colegas ativistas “impediu que muitas das coisas sérias que aconteceram em 2020 acontecessem novamente”. Perguntada se ela tinha uma mensagem para aqueles que poderiam ver a aceitação dos resultados deste ano como evidência de motivos partidários, ela disse que eles precisavam “superar sua síndrome do descontrole causado por Trump”. A expressão tornou-se popular durante o primeiro mandato de Trump. Seus apoiadores a utilizam para referir-se às reações negativas ou críticas ao ex-presidente, que são percebidas como irracionais, movidas apenas por uma antipatia brutal contra ele. No X, as falsas alegações de fraude generalizada na Pensilvânia e em outros estados decisivos aumentaram no início do Dia da Eleição, mas pareceram diminuir no decorrer da noite, de acordo com uma análise do Centro para um Público Informado da Universidade Washington. Impacto global: Planos de Trump para saúde e ciência acendem alerta nos EUA No Telegram, dezenas de canais de extrema direita identificados pelo New York Times passaram os dias que antecederam a votação questionando sua integridade e prometendo agir com força, se necessário, para bloquear o que consideravam uma fraude. À medida que os resultados foram chegando, o tom mudou, primeiro com cautela e depois com alegria. “A maioria dos nossos auxiliares de votação do Proud Boy voltou para casa”, dizia uma mensagem postada às 18h35 de uma seção da Carolina do Norte pelo grupo extremista, que esteve envolvido na invasão ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021. “Em sua esmagadora maioria, eles disseram que, apesar do que a mídia disse a vocês, pelo que viram, hoje eles estão confiantes de que Trump vencerá na Carolina do Norte.” Outro exemplo importante da mudança repentina do movimento na noite de terça-feira envolveu um problema em Milwaukee. As redes sociais se encheram de recriminações e suspeitas depois que mesários descobriram que 13 tabuladores de cédulas não estavam suficientemente seguros antes da contagem. As autoridades disseram que teriam de refazer a tabulação de 31 mil votos. Mitchell apontou o incidente como um exemplo das melhorias trazidas por seu movimento. “Em vez de col
Apoiadores do ex-presidente passaram anos fomentando a preocupação com a integridade das eleições; na terça-feira, eles deixaram tudo isso de lado Os negacionistas das eleições americanas passaram as semanas que antecederam o dia da votação soando o alarme nas redes sociais sobre a possibilidade de fraude generalizada dos eleitores que mancharia os resultados — algo que, segundo as autoridades, nunca ocorreu nas eleições modernas. O ex-presidente Donald Trump afirmou que houve “fraude maciça” na Filadélfia na terça-feira, antes mesmo do fechamento das urnas. Em entrevista após vitória: Trump diz que ‘não há preço alto demais’ para seu plano de deportação em massa nos EUA É factível: Quais obstáculos Trump terá de superar para cumprir plano de deportação em massa nos EUA? Em seguida, os resultados chegaram, mostrando Trump com uma força considerável. As vozes que passaram anos gritando sobre a integridade das eleições de repente se transformaram em um sussurro. — Assim que começou a parecer que Trump iria vencer, o negacionismo eleitoral ficou muito, muito quieto — disse Welton Chang, cofundador e CEO da Pyrra Technologies, uma empresa que monitora redes sociais alternativas, como o Telegram, que se tornaram espaços preferidos por extremistas e teóricos da conspiração em todo o mundo. Initial plugin text O silêncio repentino dos negacionistas eleitorais após a vitória de Trump na terça-feira ressalta o propósito de longa data da narrativa como um meio para o magnata recuperar o poder e contestar os resultados das eleições, dizem os especialistas. Quando a negação do resultado da eleição de repente se mostrou politicamente inútil, os influenciadores e aliados de Trump pareciam satisfeitos em simplesmente deixá-la de lado. A falsa noção de que a eleição de 2020 foi roubada também foi além da mídia social, impulsionando um amplo movimento de ativistas da “integridade eleitoral”. Durante os últimos quatro anos, muitos deles se dedicaram a “consertar” o sistema de votação para evitar um futuro “roubo” — inscrevendo-se como observadores de urnas, funcionários eleitorais e até mesmo membros do conselho eleitoral. Durante a votação de terça-feira, várias das figuras do movimento divulgaram publicações online que sugeriam que os ativistas estavam encontrando evidências de problemas. Na quarta-feira, entretanto, um dos principais líderes retratou a vitória de Trump como resultado do trabalho deles para melhorar o sistema. “Para os milhares de guerreiros da integridade eleitoral: Obrigado”, dizia uma postagem na plataforma social X na quarta-feira de Cleta Mitchell, uma das líderes mais proeminentes do movimento. 'Patriotas' e 'presos políticos': acusados por invasão do Capitólio esperam perdão, prometido por Trump em campanha Em uma entrevista na quarta-feira, Mitchell disse que a vigilância de seus colegas ativistas “impediu que muitas das coisas sérias que aconteceram em 2020 acontecessem novamente”. Perguntada se ela tinha uma mensagem para aqueles que poderiam ver a aceitação dos resultados deste ano como evidência de motivos partidários, ela disse que eles precisavam “superar sua síndrome do descontrole causado por Trump”. A expressão tornou-se popular durante o primeiro mandato de Trump. Seus apoiadores a utilizam para referir-se às reações negativas ou críticas ao ex-presidente, que são percebidas como irracionais, movidas apenas por uma antipatia brutal contra ele. No X, as falsas alegações de fraude generalizada na Pensilvânia e em outros estados decisivos aumentaram no início do Dia da Eleição, mas pareceram diminuir no decorrer da noite, de acordo com uma análise do Centro para um Público Informado da Universidade Washington. Impacto global: Planos de Trump para saúde e ciência acendem alerta nos EUA No Telegram, dezenas de canais de extrema direita identificados pelo New York Times passaram os dias que antecederam a votação questionando sua integridade e prometendo agir com força, se necessário, para bloquear o que consideravam uma fraude. À medida que os resultados foram chegando, o tom mudou, primeiro com cautela e depois com alegria. “A maioria dos nossos auxiliares de votação do Proud Boy voltou para casa”, dizia uma mensagem postada às 18h35 de uma seção da Carolina do Norte pelo grupo extremista, que esteve envolvido na invasão ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021. “Em sua esmagadora maioria, eles disseram que, apesar do que a mídia disse a vocês, pelo que viram, hoje eles estão confiantes de que Trump vencerá na Carolina do Norte.” Outro exemplo importante da mudança repentina do movimento na noite de terça-feira envolveu um problema em Milwaukee. As redes sociais se encheram de recriminações e suspeitas depois que mesários descobriram que 13 tabuladores de cédulas não estavam suficientemente seguros antes da contagem. As autoridades disseram que teriam de refazer a tabulação de 31 mil votos. Mitchell apontou o incidente como um exemplo das melhorias trazidas por seu movimento. “Em vez de colocar papelão nas janelas“, escreveu ela em seu post no X, o diretor eleitoral de Milwaukee disse: ‘Vamos recontar todas essas cédulas para ter certeza de que estão corretas’.” Seth Keshel, um negacionista eleitoral do Arizona que passou anos percorrendo o país com alegações de fraude eleitoral, encontrou uma maneira de enfiar a linha na agulha: ele disse que acreditava que Trump venceu de forma justa, mas sugeriu que ainda pode ter havido alguma fraude em disputas por cargos menores nas quais os democratas estavam liderando. — Acredito que o resultado está correto — afirmou Keshel em uma entrevista. — Não acredito que todos os estados estejam certos. No X, um canal criado pelo comitê de ação política de Elon Musk foi inundado por alegações semelhantes na quarta-feira, sugerindo que as eleições para o Congresso em que os democratas estavam na liderança estavam contaminadas por fraude eleitoral. Algumas publicações apontaram, de forma enganosa, picos nos totais de votos como prova, embora isso possa acontecer durante qualquer eleição e não indique fraude. Na manhã de quarta-feira, algumas das vozes mais estridentes no X questionando o resultado da corrida presidencial estavam vindo da esquerda, de acordo com uma análise da NewsGuard, uma empresa que monitora a desinformação online — embora dificilmente fossem da escala dos movimentos “Stop the Steal” (Parem o Roubo) que se espalharam amplamente, com o apoio de Trump, após a eleição de 2020. A hashtag #DoNotConcedeKamala (#nãoadmitaderrotaKamala) teve mais de 386.406 menções até as 15h de quarta-feira, segundo a NewsGuard. Muitas postagens repetiram alegações já apresentadas por agitadores de extrema direita, incluindo especulações sobre a interferência eleitoral de adversários estrangeiros ou que as cédulas estavam de alguma forma sendo destruídas em massa. — A disseminação [das contestações eleitorais] é inegável, embora não tenha se tornado predominante — disse Steven Brill, cofundador da NewsGuard. — Os exemplos mais proeminentes de afirmações de esquerda sobre a eleição ter sido fraudada são de usuários mais obscuros do X. Por volta do meio-dia, as postagens alegando que havia “votos perdidos” para Kamala atingiram um pico de mais de 94 mil por hora, de acordo com uma análise da PeakMetrics, uma empresa de análise.
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