Czar da fronteira de Trump promete cortar financiamento de estados que não cooperarem com planos de deportação
Em entrevista, Tom Homan também encoraja imigrantes irregulares a se 'autodeportarem' para evitar complicações legais; pelo menos 11 milhões estão em situação irregular no país O novo "czar da fronteira" do presidente eleito Donald Trump, o linha-dura Tom Homan, prometeu cortar o financiamento federal de estados que não cooperarem com as promessas do republicano de realizar a maior deportação de imigrantes irregulares da história dos EUA. Homan, cujas funções ainda não foram detalhadas, afirmou em entrevista à Fox News que o governo de Joe Biden "virou o mundo de cabeça para baixo" na questão de imigração e na administração da fronteira com o México, e, ao ser questionado sobre a ameaça de cortes, prometeu: — Isso vai acontecer. 'Não dá para sair à noite': Imigrantes brasileiros temem deportação em massa sob governo Trump Desdobramentos: Deportação em massa de imigrantes nos EUA pode favorecer cartéis e afetar economia do México Cidades e estados democratas afirmaram que planejam resistir às promessas de Trump no campo da imigração. De acordo com o Departamento de Segurança Interna americano, pelo menos 11 milhões de pessoas estavam de maneira irregular no país em 2022. Há cerca de uma semana, o conselho municipal de Los Angeles, no estado da Califórnia, aprovou uma lei em que se declara uma "cidade santuário", regiões consideradas "seguras" para estrangeiros por não colaborarem plenamente com os escritórios de imigração e, assim, protegerem os migrantes. Na prática, a lei proíbe o uso de recurso locais para ajudar autoridades federais da imigração. Em Massachusetts, a prefeita de Boston, também uma cidade santuário, anunciou que não irá colaborar com os planos de deportação. A democrata Michelle Wu afirmou que as medidas do democrata "ameaçam a segurança de todos ao causar medo generalizado e ter um impacto econômico em grande escala." Também prometem resistir à deportação em massa os estados do Arizona e Novo México, localizados ao longo da fronteira dos EUA com o México. Na contramão, as autoridades do Texas afirmaram que estão preparadas para oferecer ao futuro governo Trump pouco mais de mil acres para a construção de "uma instalação [...] para o processamento, detenção e coordenação da maior deportação de criminosos violentos na história do país", segundo informou a comissária de Terras Dawn Buckingham em carta a Trump. 'Autodeportação' Homan também encorajou os imigrantes irregulares a se "autodeportarem" para evitar implicações legais a longo prazo. — É melhor que essas pessoas saiam por conta própria para que não recebam uma ordem de deportação que as impeça de entrar legalmente no país em um futuro próximo — afirmou, acrescentando que os que forem deportados têm a opção de "deixar a criança" ou "levá-la junto". Operação Wetback: Militarizada, maior deportação em massa dos EUA é 'modelo' de Trump em imigração Na primeira gestão Trump (2017-2021), Homan supervisionou o início de um sistema migratório que pôs um número recorde de crianças e adolescentes imigrantes sob custódia do Estado, separando quase 4 mil menores de seus pais ou tutores na fronteira entre México e EUA. A medida, que vigorou de julho de 2017 a janeiro de 2021, tinha como objetivo desencorajar os migrantes de cruzar a fronteira dos EUA e permitiu ao Departamento de Justiça processar, manter detidos e eventualmente deportar adultos que fizeram a travessia de forma irregular. Com décadas de experiência em fiscalização de imigração, Homan foi policial, agente da Patrulha da Fronteira (organização em que começou a carreira em 1984, subindo aos poucos na hierarquia da ICE) e agente especial no ex-Serviço de Naturalização e Imigração. Durante o governo de Barack Obama (2009-2017), liderou a divisão de Operações de Remoção e Execução, responsável por deportações. Entenda: Quais obstáculos Trump terá de superar para cumprir plano de deportação em massa nos EUA? Além de Homan, Trump também nomeou Stephen Miller como vice-chefe de Gabinete. Ao lado do futuro "czar da fronteira" no primeiro governo Trump, ele elaborou algumas das políticas migratórias mais radicais do país. Miller é atualmente conselheiro próximo do presidente eleito e redator de seus discursos desde 2015. Em um cargo que deve lhe dar voz e poder de ação nas questões migratórias, Miller muito provavelmente desenhará o prometido plano de deportação em massa, além de reduzir a imigração ilegal — e impor restrições extras à imigração legal. Especialistas já afirmaram que a promessa de Trump seria praticamente impossível de ser executada frente às barreiras logísticas, legais, burocráticas e de custo. Mas Trump disse que "não há preço alto demais" para pôr o plano em prática, e suas indicações parecem afirmar que a promessa não é um exagero.
Em entrevista, Tom Homan também encoraja imigrantes irregulares a se 'autodeportarem' para evitar complicações legais; pelo menos 11 milhões estão em situação irregular no país O novo "czar da fronteira" do presidente eleito Donald Trump, o linha-dura Tom Homan, prometeu cortar o financiamento federal de estados que não cooperarem com as promessas do republicano de realizar a maior deportação de imigrantes irregulares da história dos EUA. Homan, cujas funções ainda não foram detalhadas, afirmou em entrevista à Fox News que o governo de Joe Biden "virou o mundo de cabeça para baixo" na questão de imigração e na administração da fronteira com o México, e, ao ser questionado sobre a ameaça de cortes, prometeu: — Isso vai acontecer. 'Não dá para sair à noite': Imigrantes brasileiros temem deportação em massa sob governo Trump Desdobramentos: Deportação em massa de imigrantes nos EUA pode favorecer cartéis e afetar economia do México Cidades e estados democratas afirmaram que planejam resistir às promessas de Trump no campo da imigração. De acordo com o Departamento de Segurança Interna americano, pelo menos 11 milhões de pessoas estavam de maneira irregular no país em 2022. Há cerca de uma semana, o conselho municipal de Los Angeles, no estado da Califórnia, aprovou uma lei em que se declara uma "cidade santuário", regiões consideradas "seguras" para estrangeiros por não colaborarem plenamente com os escritórios de imigração e, assim, protegerem os migrantes. Na prática, a lei proíbe o uso de recurso locais para ajudar autoridades federais da imigração. Em Massachusetts, a prefeita de Boston, também uma cidade santuário, anunciou que não irá colaborar com os planos de deportação. A democrata Michelle Wu afirmou que as medidas do democrata "ameaçam a segurança de todos ao causar medo generalizado e ter um impacto econômico em grande escala." Também prometem resistir à deportação em massa os estados do Arizona e Novo México, localizados ao longo da fronteira dos EUA com o México. Na contramão, as autoridades do Texas afirmaram que estão preparadas para oferecer ao futuro governo Trump pouco mais de mil acres para a construção de "uma instalação [...] para o processamento, detenção e coordenação da maior deportação de criminosos violentos na história do país", segundo informou a comissária de Terras Dawn Buckingham em carta a Trump. 'Autodeportação' Homan também encorajou os imigrantes irregulares a se "autodeportarem" para evitar implicações legais a longo prazo. — É melhor que essas pessoas saiam por conta própria para que não recebam uma ordem de deportação que as impeça de entrar legalmente no país em um futuro próximo — afirmou, acrescentando que os que forem deportados têm a opção de "deixar a criança" ou "levá-la junto". Operação Wetback: Militarizada, maior deportação em massa dos EUA é 'modelo' de Trump em imigração Na primeira gestão Trump (2017-2021), Homan supervisionou o início de um sistema migratório que pôs um número recorde de crianças e adolescentes imigrantes sob custódia do Estado, separando quase 4 mil menores de seus pais ou tutores na fronteira entre México e EUA. A medida, que vigorou de julho de 2017 a janeiro de 2021, tinha como objetivo desencorajar os migrantes de cruzar a fronteira dos EUA e permitiu ao Departamento de Justiça processar, manter detidos e eventualmente deportar adultos que fizeram a travessia de forma irregular. Com décadas de experiência em fiscalização de imigração, Homan foi policial, agente da Patrulha da Fronteira (organização em que começou a carreira em 1984, subindo aos poucos na hierarquia da ICE) e agente especial no ex-Serviço de Naturalização e Imigração. Durante o governo de Barack Obama (2009-2017), liderou a divisão de Operações de Remoção e Execução, responsável por deportações. Entenda: Quais obstáculos Trump terá de superar para cumprir plano de deportação em massa nos EUA? Além de Homan, Trump também nomeou Stephen Miller como vice-chefe de Gabinete. Ao lado do futuro "czar da fronteira" no primeiro governo Trump, ele elaborou algumas das políticas migratórias mais radicais do país. Miller é atualmente conselheiro próximo do presidente eleito e redator de seus discursos desde 2015. Em um cargo que deve lhe dar voz e poder de ação nas questões migratórias, Miller muito provavelmente desenhará o prometido plano de deportação em massa, além de reduzir a imigração ilegal — e impor restrições extras à imigração legal. Especialistas já afirmaram que a promessa de Trump seria praticamente impossível de ser executada frente às barreiras logísticas, legais, burocráticas e de custo. Mas Trump disse que "não há preço alto demais" para pôr o plano em prática, e suas indicações parecem afirmar que a promessa não é um exagero.
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