Corrida contra o tempo: brasileiros relatam preparação para chegada de Furacão Milton, na Flórida
Nas redes sociais, moradores da região falam em dificuldade no abastecimento, toque de recolher e apreensão Horas antes da chegada do furacão Milton à Flórida, no que pode ser a maior tempestade a atingir o estado em mais de um século, brasileiros que estão em áreas de riscos compartilham preparativos para enfrentar o evento. Em alguns locais, a programação escolar já foi suspensa e os escritórios foram fechados. Algumas cidades receberam alertas de evacuação, de acordo com a proximidade da passagem do olho da tempestade. Alerta de Biden: Furacão Milton pode ser 'pior tempestade a atingir a Flórida em um século' Golpe após golpe: Desinformação vira obstáculo após furacão Helene, e situação pode piorar com outra tormenta de categoria 5 nos EUA Milton é o furacão a se intensificar mais rapidamente de que se tem registro e fez o Centro Nacional de Furacões dos EUA (NHC, na sigla em inglês) classificar sua intensificação não apenas como rápida, mas como explosiva. Nas redes sociais, Mila Cabral, brasileira que mora nos Estados Unidos, compartilhou os cuidados e alertou que internautas não acreditem em orientações falsas. "Está um caos. A água acabou em todos os mercados. Eu estou fazendo minha parte, me cuidando, cuidando da minha família, seguindo as instruções do governo local, de pessoas que se preparam para isso", afirmou Mila. Mila Cabral, brasileira que mora nos EUA Reprodução/TikTok Alguns brasileiros mostram compras no mercado, não só para garantir produtos básicos como comida e água, mas por causa do toque de recolher, que proíbe que as pessoas saiam de casa em determinado horário com a aproximação do furacão. Já Isaac Sharon, que mora em Tampa com a namorada, filmou as casas vizinhas. "Todo mundo protegeu as casas com alumínio na janela para não quebrar os vídeos. Estamos em uma zona que não foi evacuada. Espero que a gente fique bem, mas tenho certeza que vamos perder energia, sinal de celular." Ele conta que, caso a tempestade se intensifique, a orientação é ficar longe de janelas. "Se o olho do furacão passar por aqui, recebemos um alerta com 30 minutos de antecedência. Só [podemos] rezar e entrar na dispensa, onde não tem janela, e espera passar." Isaac Sharon mora com a namorada em Tampa Reprodução/TikTok Zonas de seis condados do estado receberam ordens de evacuação obrigatórias, enquanto outras estão sob alerta de emergência. A situação mais dramática é na costa oeste, onde está localizada a Baía de Tampa, onde estão cidades grandes como Clearwater e Saint Petersburg. Na cidade de Tampa, o parque Busch Gardens fechou as portas diante da proximidade do furacão. Em outros pontos turísticos da costa da Flórida, como Venice, moradores também estão procurando abrigos. Giovanna Lobo, que mora em Orlando com a família, publicou um vídeo em que afirma que há dificuldades no abastecimento a partir desta terça-feira. "O mercado está sem água, o posto está sem gasolina. Não sabemos o que esperar, a natureza está maluca. Confesso que estou com medo". O casal Jair Oliveira e Tania Kalill, que moram na Florida, listaram uma série de etapas necessárias para enfrentar o furacão: "Estamos fazendo algumas coisas para se precaver. Estou armazenando água, tirando tudo que possa sair voando [do quintal], estamos fazendo uma limpa, preparando um kit de primeiros socorros, carregando as baterias", explicou Jair. O brasileiro Jair Oliveira mostrou situação dos mercados e postos de gasolina na Flórida Reprodução/Instagram Furacões categoria 5 têm ventos de, no mínimo, 250 km/h e não menos que cerca de 670 quilômetros de diâmetro. Podem gerar marés de tempestade com ondas de três metros ou mais de altura, que avançam pelo continente. Tragédia: Uma semana após o furacão Helene, casal ainda procura familiares desaparecidos Por um breve momento nesta terça-feira, Milton enfraqueceu para a categoria 4 enquanto se deslocava em direção à costa oeste da Flórida, onde deve atingir o solo na quarta-feira à noite. Ainda assim, o NHC disse esperar que Milton "continue sendo um furacão extremamente perigoso até atingir a Flórida". Pouco depois, ele voltou a ganhar força para um furacão de categoria 5. Outro motivo é que, enquanto sua força oscila, a tormenta começou a crescer de tamanho — quanto maior ficar, mais longe de seu centro seus ventos podem alcançar: enquanto na segunda-feira seus ventos se expandiam 128 km para além do centro, nesta quarta chegaram a 160 km. A expectativa é de que, quando tocar terra na Flórida, seu tamanho mais do que dobre, chegando a cerca de 368 km de seu centro — distante o suficiente para cobrir toda a largura da península do estado. Monstro climático Não à toa o meteorologista John Morales ficou com a voz embargada e chegou a perder a fala ao descrever o poder destrutivo do furacão numa transmissão ao vivo na NBC. — Peço desculpas. Mas é horrível — disse Morales, que tem quatro décadas de experiência em estudo de furacões e afirmou jamais ter visto nada igual. Vista aérea mostra casas d
Nas redes sociais, moradores da região falam em dificuldade no abastecimento, toque de recolher e apreensão Horas antes da chegada do furacão Milton à Flórida, no que pode ser a maior tempestade a atingir o estado em mais de um século, brasileiros que estão em áreas de riscos compartilham preparativos para enfrentar o evento. Em alguns locais, a programação escolar já foi suspensa e os escritórios foram fechados. Algumas cidades receberam alertas de evacuação, de acordo com a proximidade da passagem do olho da tempestade. Alerta de Biden: Furacão Milton pode ser 'pior tempestade a atingir a Flórida em um século' Golpe após golpe: Desinformação vira obstáculo após furacão Helene, e situação pode piorar com outra tormenta de categoria 5 nos EUA Milton é o furacão a se intensificar mais rapidamente de que se tem registro e fez o Centro Nacional de Furacões dos EUA (NHC, na sigla em inglês) classificar sua intensificação não apenas como rápida, mas como explosiva. Nas redes sociais, Mila Cabral, brasileira que mora nos Estados Unidos, compartilhou os cuidados e alertou que internautas não acreditem em orientações falsas. "Está um caos. A água acabou em todos os mercados. Eu estou fazendo minha parte, me cuidando, cuidando da minha família, seguindo as instruções do governo local, de pessoas que se preparam para isso", afirmou Mila. Mila Cabral, brasileira que mora nos EUA Reprodução/TikTok Alguns brasileiros mostram compras no mercado, não só para garantir produtos básicos como comida e água, mas por causa do toque de recolher, que proíbe que as pessoas saiam de casa em determinado horário com a aproximação do furacão. Já Isaac Sharon, que mora em Tampa com a namorada, filmou as casas vizinhas. "Todo mundo protegeu as casas com alumínio na janela para não quebrar os vídeos. Estamos em uma zona que não foi evacuada. Espero que a gente fique bem, mas tenho certeza que vamos perder energia, sinal de celular." Ele conta que, caso a tempestade se intensifique, a orientação é ficar longe de janelas. "Se o olho do furacão passar por aqui, recebemos um alerta com 30 minutos de antecedência. Só [podemos] rezar e entrar na dispensa, onde não tem janela, e espera passar." Isaac Sharon mora com a namorada em Tampa Reprodução/TikTok Zonas de seis condados do estado receberam ordens de evacuação obrigatórias, enquanto outras estão sob alerta de emergência. A situação mais dramática é na costa oeste, onde está localizada a Baía de Tampa, onde estão cidades grandes como Clearwater e Saint Petersburg. Na cidade de Tampa, o parque Busch Gardens fechou as portas diante da proximidade do furacão. Em outros pontos turísticos da costa da Flórida, como Venice, moradores também estão procurando abrigos. Giovanna Lobo, que mora em Orlando com a família, publicou um vídeo em que afirma que há dificuldades no abastecimento a partir desta terça-feira. "O mercado está sem água, o posto está sem gasolina. Não sabemos o que esperar, a natureza está maluca. Confesso que estou com medo". O casal Jair Oliveira e Tania Kalill, que moram na Florida, listaram uma série de etapas necessárias para enfrentar o furacão: "Estamos fazendo algumas coisas para se precaver. Estou armazenando água, tirando tudo que possa sair voando [do quintal], estamos fazendo uma limpa, preparando um kit de primeiros socorros, carregando as baterias", explicou Jair. O brasileiro Jair Oliveira mostrou situação dos mercados e postos de gasolina na Flórida Reprodução/Instagram Furacões categoria 5 têm ventos de, no mínimo, 250 km/h e não menos que cerca de 670 quilômetros de diâmetro. Podem gerar marés de tempestade com ondas de três metros ou mais de altura, que avançam pelo continente. Tragédia: Uma semana após o furacão Helene, casal ainda procura familiares desaparecidos Por um breve momento nesta terça-feira, Milton enfraqueceu para a categoria 4 enquanto se deslocava em direção à costa oeste da Flórida, onde deve atingir o solo na quarta-feira à noite. Ainda assim, o NHC disse esperar que Milton "continue sendo um furacão extremamente perigoso até atingir a Flórida". Pouco depois, ele voltou a ganhar força para um furacão de categoria 5. Outro motivo é que, enquanto sua força oscila, a tormenta começou a crescer de tamanho — quanto maior ficar, mais longe de seu centro seus ventos podem alcançar: enquanto na segunda-feira seus ventos se expandiam 128 km para além do centro, nesta quarta chegaram a 160 km. A expectativa é de que, quando tocar terra na Flórida, seu tamanho mais do que dobre, chegando a cerca de 368 km de seu centro — distante o suficiente para cobrir toda a largura da península do estado. Monstro climático Não à toa o meteorologista John Morales ficou com a voz embargada e chegou a perder a fala ao descrever o poder destrutivo do furacão numa transmissão ao vivo na NBC. — Peço desculpas. Mas é horrível — disse Morales, que tem quatro décadas de experiência em estudo de furacões e afirmou jamais ter visto nada igual. Vista aérea mostra casas danificadas após furacão Helene atingir a Flórida CHANDAN KHANNA / AFP Milton é um monstro climático, mas não está sozinho. Vem na esteira de Helene, que varreu a Flórida e a Carolina do Norte há apenas duas semanas, causando estragos também na Geórgia, Tennessee, Virgínia, com 230 mortes. Helene passou da categoria 1 para a 4 também num único dia, classificado como o segundo furacão mais mortal a atingir a região, atrás apenas do Katrina, em 2005. Antes disso, Beryl já havia causado surpresa com sua rápida intensificação em julho, no Caribe. Beryl: Recorde e devastação no Caribe Um estudo publicado no ano passado na revista Nature Communications já havia alertado que os grandes ciclones estavam se intensificando. Uma tendência que começou nas últimas quatro décadas e tem ganhado, literalmente, força nos últimos anos. Por trás da rápida intensificação das tempestades estão as águas excepcionalmente quentes do Oceano Atlântico, que servem de combustível. A temperatura elevada faz com que mais água evapore, lançando umidade e energia na atmosfera. Avião com meteorologistas sobrevoa furacão Milton; relâmpagos iluminam interior da aeronave E a transformação do Atlântico em caldeirão está associada a mudanças climáticas, têm alertado instituições como a Organização Mundial de Meteorologia e o Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus (C3S), a agência europeia do clima. Na Carolina do Norte: Vale segue quase incomunicável uma semana após furacão Helene Segundo o meteorologista Jeff Masters, da Universidade de Yale, as mudanças climáticas tornaram o aquecimento recorde do Golfo do México, onde Milton se formou, até 400 vezes mais provável. Dois furacões em duas semanas A temporada dos furacões só termina em novembro e a Agência Americana de Oceanos e Atmosfera (Noaa) havia previsto que seria intensa. Porém, o poder destrutivo de Helene, que deixou mais de 200 mortos, e agora de Milton superou as piores estimativas. A intensificação de um furacão não é um fenômeno trivial. É preciso que as condições de vento, umidade, temperatura e pressão atmosféricas estejam “no ponto certo”. São condições raras que têm se tornado mais frequentes, alertou o climatologista Brian Tang, da Universidade de Albany, em estudo recente. — O Helene foi um sinal de alerta. Isso é literalmente catastrófico. Posso dizer, sem nenhuma dramatização, que se você optar por ficar em uma dessas áreas de evacuação, você vai morrer — alertou a prefeita de Tampa, Jane Castor. O curto espaço entre as duas tempestades também têm desafiado os esforços das autoridades, segundo a prefeita de Clearwater, Jennifer Poirrier. — Como você pode ver, ainda há muitos detritos por aí — disse Poirrier em entrevista à rede americana CNN. — É uma preocupação. Condados da região central da Flórida também estão sob alerta. Em Orlando, os parques do Walt Disney World, Universal Orlando e SeaWorld ficarão fechados na quarta e na quinta-feira. 'É a água que mata as pessoas' O NHC alertou que o furacão poderia trazer fortes ondas de tempestade para a costa oeste da Flórida a partir da noite de terça-feira. Em Tampa, os níveis de água podem subir cerca de 2,4 metros a 3,6 metros acima do nível do solo, disse o centro americano. Antes de chegar à Flórida, Milton passou perto da Península de Yucatán, no México, na noite de segunda-feira, causando chuvas fortes, ventos fortes e ondas de tempestade, mas não foram registrados grandes danos. O estado de Yucatán suspendeu as atividades não essenciais até esta terça-feira. — Essas tempestades estão trazendo mais água do que nunca, portanto, ao mesmo tempo em que há o risco do vento, é a água que está matando as pessoas — alertou Deanne Criswell, diretora da agência federal de resposta a desastres (FEMA). Além disso, Milton pode trazer chuvas de até 250 mm (com bolsões pontuais de até 380 mm) para a Flórida, causando estragos com inundações repentinas em áreas urbanas, de acordo com o NHC. O governador republicano da Flórida, Ron DeSantis, ampliou o número de condados em status de emergência no estado, o terceiro mais populoso do país, para 51 (de um total de 67). (Com AFP)
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