Complexo de Israel: Peixão será investigado por terrorismo; traficante pode ser julgado pela Justiça Federal

Álvaro Malaquias Santa Rosa se apresenta como evangélico e domina o tráfico de cinco comunidades na Zona Norte; Acusado de chefiar bando que deixou três mortos na Avenida Brasil, na última quinta-feira (24), Álvaro Malaquias Santa Rosa, o Peixão, está sendo investigado por terrorismo. O traficante, que nunca foi preso, possui sete mandados de prisão em aberto. De acordo com dados do portal do Conselho Nacional de Justiça, os mandados são desde 2017, quando ele foi acusado de homicídio qualificado e associação para o tráfico de drogas. Do Comando Vermelho ao bando de Peixão no Complexo de Israel: como nasceram e ganharam poder bélico as facções que aterrorizam o Rio Baía de Guanabara: região é redescoberta com atividades de lazer, cultura e esporte, que vão de 'rapel terapia' a festa na Ilha Fiscal O crime de terrorismo no Brasil tem pena prevista de 12 a 30 anos em regime fechado. Segundo N portal G1, nunca nenhum traficante foi enquadrado neste crime no Brasil. A pena prevista no Código Penal é mais pesada que o crime tráfico, que tem estabelecido de 3 a 6 anos de prisão, em caso de condenação. Além disso, o crime de terrorismo é julgado pela Justiça Federal. Dos sete mandados de prisão, quatro são acusações de homicídios. O mandado de 2019, por exemplo, faz referência a um processo que inclui até ocultação de cadáver. Os desaparecimentos, inclusive, são frequentes nos territórios comandados por ele: segundo o Fantástico, da TV Globo, ao menos 28 pessoas sumiram nas comunidades do Peixão, desde 2017. Em julho do ano passado, o comandante do 16º BPM enviou ao Gabinete do Comando Geral da PM a suspeita de que nove pessoas estariam desaparecidas na região do Complexo de Israel. À época, acreditava-se que elas teriam sido mortas por divulgarem informações dos traficantes em perfis do Instagram e do X. No documento, o agente confirmou que apenas três desaparecimentos haviam sido registrados em delegacias. Em investigações, a polícia descreve o Peixão como o responsável pela criação do Complexo de Israel, um conjunto de cinco favelas às margens da Avenida Brasil, na Zona Norte. São elas Vigário Geral, Parada de Lucas, Cidade Alta, Cinco Bocas e Pica-Pau. Peixão se apresenta como evangélico e usa o Antigo Testamento como fundamento para as expansões e confrontos no tráfico, afirmando ser o encarregado de libertar as comunidades do inimigo — o Comando Vermelho, a milícia e a polícia. O nome Complexo de Israel, inclusive, é referência à Terra Prometida. Galerias Relacionadas Operação na Avenida Brasil Segundo a Polícia Militar, a operação de quinta-feira (24) visava ao combate do roubo de cargas e veículos por criminosos do Complexo de Israel. O confronto durou quase três horas, e chegou a paralisar serviços de transporte público, como BRTs e trens, afetando a rotina de milhares de cariocas. Três pessoas morreram por balas perdidas, e outras três ficaram feridas. Em coletiva de imprensa, o governador Cláudio Castro apontou que a reação dos traficantes do Peixão pode ser considerada terrorismo. De acordo com a porta-voz da Polícia Militar, tenente-coronel Claudia Moraes, a operação de quinta-feira visava ao combate de roubos de cargas e veículos no Complexo de Israel. Foram mobilizados homens de três batalhões, o 16º BPM (Olaria), o 3º BPM (Méier) e o 4º BPM (São Cristóvão), mas o poderia bélico do tráfico forçou o recuo da tropa. — O que os policiais encontraram é algo que estava acima do que geralmente encontram na região. A gente não tinha dados de inteligência para sinalizar para essa situação naquele momento — revelou a oficial. Claudia disse que uma viatura foi atingida por 20 tiros e explicou o recuo da tropa: — O mais importante era manter a segurança de quem estava na avenida. Essa decisão estratégica foi necessária. Não foi uma questão de não ter condições de progredir no terreno.

Oct 28, 2024 - 21:02
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Complexo de Israel: Peixão será investigado por terrorismo; traficante pode ser julgado pela Justiça Federal

Álvaro Malaquias Santa Rosa se apresenta como evangélico e domina o tráfico de cinco comunidades na Zona Norte; Acusado de chefiar bando que deixou três mortos na Avenida Brasil, na última quinta-feira (24), Álvaro Malaquias Santa Rosa, o Peixão, está sendo investigado por terrorismo. O traficante, que nunca foi preso, possui sete mandados de prisão em aberto. De acordo com dados do portal do Conselho Nacional de Justiça, os mandados são desde 2017, quando ele foi acusado de homicídio qualificado e associação para o tráfico de drogas. Do Comando Vermelho ao bando de Peixão no Complexo de Israel: como nasceram e ganharam poder bélico as facções que aterrorizam o Rio Baía de Guanabara: região é redescoberta com atividades de lazer, cultura e esporte, que vão de 'rapel terapia' a festa na Ilha Fiscal O crime de terrorismo no Brasil tem pena prevista de 12 a 30 anos em regime fechado. Segundo N portal G1, nunca nenhum traficante foi enquadrado neste crime no Brasil. A pena prevista no Código Penal é mais pesada que o crime tráfico, que tem estabelecido de 3 a 6 anos de prisão, em caso de condenação. Além disso, o crime de terrorismo é julgado pela Justiça Federal. Dos sete mandados de prisão, quatro são acusações de homicídios. O mandado de 2019, por exemplo, faz referência a um processo que inclui até ocultação de cadáver. Os desaparecimentos, inclusive, são frequentes nos territórios comandados por ele: segundo o Fantástico, da TV Globo, ao menos 28 pessoas sumiram nas comunidades do Peixão, desde 2017. Em julho do ano passado, o comandante do 16º BPM enviou ao Gabinete do Comando Geral da PM a suspeita de que nove pessoas estariam desaparecidas na região do Complexo de Israel. À época, acreditava-se que elas teriam sido mortas por divulgarem informações dos traficantes em perfis do Instagram e do X. No documento, o agente confirmou que apenas três desaparecimentos haviam sido registrados em delegacias. Em investigações, a polícia descreve o Peixão como o responsável pela criação do Complexo de Israel, um conjunto de cinco favelas às margens da Avenida Brasil, na Zona Norte. São elas Vigário Geral, Parada de Lucas, Cidade Alta, Cinco Bocas e Pica-Pau. Peixão se apresenta como evangélico e usa o Antigo Testamento como fundamento para as expansões e confrontos no tráfico, afirmando ser o encarregado de libertar as comunidades do inimigo — o Comando Vermelho, a milícia e a polícia. O nome Complexo de Israel, inclusive, é referência à Terra Prometida. Galerias Relacionadas Operação na Avenida Brasil Segundo a Polícia Militar, a operação de quinta-feira (24) visava ao combate do roubo de cargas e veículos por criminosos do Complexo de Israel. O confronto durou quase três horas, e chegou a paralisar serviços de transporte público, como BRTs e trens, afetando a rotina de milhares de cariocas. Três pessoas morreram por balas perdidas, e outras três ficaram feridas. Em coletiva de imprensa, o governador Cláudio Castro apontou que a reação dos traficantes do Peixão pode ser considerada terrorismo. De acordo com a porta-voz da Polícia Militar, tenente-coronel Claudia Moraes, a operação de quinta-feira visava ao combate de roubos de cargas e veículos no Complexo de Israel. Foram mobilizados homens de três batalhões, o 16º BPM (Olaria), o 3º BPM (Méier) e o 4º BPM (São Cristóvão), mas o poderia bélico do tráfico forçou o recuo da tropa. — O que os policiais encontraram é algo que estava acima do que geralmente encontram na região. A gente não tinha dados de inteligência para sinalizar para essa situação naquele momento — revelou a oficial. Claudia disse que uma viatura foi atingida por 20 tiros e explicou o recuo da tropa: — O mais importante era manter a segurança de quem estava na avenida. Essa decisão estratégica foi necessária. Não foi uma questão de não ter condições de progredir no terreno.

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