Com Trump reeleito, EUA podem retirar o apoio à Ucrânia na guerra com a Rússia? Entenda

Ucranianos temem que o novo presidente dos Estados Unidos imponha um plano de paz largamente favorável à Rússia A vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais americanas sobre a democrata Kamala Harris, nesta quarta-feira (6) ameaça reduzir a ajuda à Ucrânia, cujo Exército já está recuando diariamente frente aos russos, assim como o otimismo dos ucranianos pelas ruas de Kiev. De economia à imigração: Como a vitória de Donald Trump nas eleições americanas pode impactar os brasileiros? Quando Trump assume Presidência dos EUA? Conheça as principais datas do processo eleitoral Natalia Pichakchi, deslocada de Mariupol, uma cidade ocupada pelos russos desde a primavera boreal em 2022, expressa sua preocupação. "Estou ansiosa. Não sei o que esperar. Algo mudará, não haverá mais apoio" americano, diz ela, em referência aos bilhões de dólares em ajuda militar e financeira recebidos de Washington, sob a administração Biden além dos membros da Otan, desde o início da guerra em 2022. Ao longo de sua campanha presidencial, Trump e seu vice, JD Vance, têm afirmado que poderia impor a paz na Ucrânia “em 24 horas”, mas sem deixar claro como seriam os métodos — se limitaram a realizar comentários que sugerem uma pressão norte-americana sobre o seu aliado com o objetivo de forçar uma trégua entre as duas nações. Sem saberem os próximos passos do governo americano a partir de 20 de janeiro — data da posse — os ucranianos temem que o 47º presidente dos Estados Unidos imponha uma trégua largamente favorável à Rússia. De acordo com a imprensa ocidental, Trump buscaria desmilitarizar e deixar sob controle russo a área atualmente ocupada por Moscou, ou seja, 20% do território ucraniano. Também seria favorável que Kiev renunciasse à adesão à Otan, como exige o Kremlin. Indo de encontro ao "plano de vitória" promovido pelo presidente ucraniano Volodimir Zelensky, cujos pontos mais importantes são um convite oficial para integrar a Otan, bem como o reforço da assistência militar para proteger o território ucraniano dos bombardeios de Moscou e dos ataques em profundidade em solo russo. Durante o debate presidencial de setembro, ao ser confrontado por Kamala sobre o comprometimento que teria com a guerra na Ucrânia, Trump se recusou a responder diretamente. Mais tarde naquele mês, ele sugeriu que a Ucrânia deveria ter "cedido um pouco" a Moscou, dizendo em um evento de campanha que "qualquer acordo, mesmo o pior acordo, teria sido melhor do que o que temos agora". Zelensky revelou que em uma reunião com Trump logo após o debate, “discutiram em detalhes a parceria estratégica Ucrânia-EUA, o Plano de Vitória e maneiras de pôr fim à agressão russa contra a Ucrânia”. Mas não deixou de mostrar a sua preocupação quanto ao futuro em entrevista à KBS da Corei do Sul. “Se esse apoio [do próximo governo americano] enfraquecer, a Rússia tomará mais território, o que nos impediria de vencer esta guerra. Essa é a realidade. Nossa posição não é sobre compromissos territoriais, mas explorar potenciais caminhos diplomáticos que dependem dos EUA manterem seu comprometimento. Um desejo genuíno dos Estados Unidos de acabar com esta guerra rapidamente é crucial”, diz o chefe do Executivo ucraniano. Relação entre os chefes de estado Outro ponto que preocupa os ucranianos sobre as escolhas que serão feitas pelo presidente eleito, é a relação conflituosa entre Trump e Zelensky. Enquanto o presidente reeleito já elogiou Putin em diferentes momentos, o mesmo não se pode dizer quando ele menciona o nome do presidente ucraniano publicamente, que foi usado como alvo para críticas às escolhas do governo democrata. Felicitando Donald Trump por sua "impressionante vitória", Zelensky expressou sua esperança de que este resultado ajude a Ucrânia a alcançar "uma paz justa". Sentença ainda será divulgada: Como ficam a condenação e os casos criminais contra Trump após sua reeleição nos EUA "Nos assuntos internacionais, aprecio a abordagem do presidente Trump da 'paz através da força'", afirmou Zelensky em um comunicado publicado na rede social X. E continua: “Estamos interessados em desenvolver uma cooperação política e econômica mutuamente benéfica que beneficiará ambas as nossas nações.” O futuro visto pelos ucranianos Tetiana Podleska, uma cientista da computação entrevistada nas ruas de Kiev, é menos pessimista. "Não acredito que (este resultado) vá mudar muito as coisas. Certamente que não para melhor, mas para pior é pouco provável", diz. Para a professora Olga Prijodko, as eleições americanas devem levar a Ucrânia a "refletir sobre os próximos passos" para garantir uma vitória contra a Rússia. "Nossas vidas e o futuro do nosso país estão nas nossas mãos", afirma. As forças ucranianas continuam recuando, enquanto a Rússia, apesar de perdas significativas, mantém sua superioridade em termos de tropas e armas. Além disso, as potências ocidentais e Kiev estão vendo reforços norte-coreanos para o Exército russo. As forças de M

Nov 6, 2024 - 19:04
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Com Trump reeleito, EUA podem retirar o apoio à Ucrânia na guerra com a Rússia? Entenda

Ucranianos temem que o novo presidente dos Estados Unidos imponha um plano de paz largamente favorável à Rússia A vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais americanas sobre a democrata Kamala Harris, nesta quarta-feira (6) ameaça reduzir a ajuda à Ucrânia, cujo Exército já está recuando diariamente frente aos russos, assim como o otimismo dos ucranianos pelas ruas de Kiev. De economia à imigração: Como a vitória de Donald Trump nas eleições americanas pode impactar os brasileiros? Quando Trump assume Presidência dos EUA? Conheça as principais datas do processo eleitoral Natalia Pichakchi, deslocada de Mariupol, uma cidade ocupada pelos russos desde a primavera boreal em 2022, expressa sua preocupação. "Estou ansiosa. Não sei o que esperar. Algo mudará, não haverá mais apoio" americano, diz ela, em referência aos bilhões de dólares em ajuda militar e financeira recebidos de Washington, sob a administração Biden além dos membros da Otan, desde o início da guerra em 2022. Ao longo de sua campanha presidencial, Trump e seu vice, JD Vance, têm afirmado que poderia impor a paz na Ucrânia “em 24 horas”, mas sem deixar claro como seriam os métodos — se limitaram a realizar comentários que sugerem uma pressão norte-americana sobre o seu aliado com o objetivo de forçar uma trégua entre as duas nações. Sem saberem os próximos passos do governo americano a partir de 20 de janeiro — data da posse — os ucranianos temem que o 47º presidente dos Estados Unidos imponha uma trégua largamente favorável à Rússia. De acordo com a imprensa ocidental, Trump buscaria desmilitarizar e deixar sob controle russo a área atualmente ocupada por Moscou, ou seja, 20% do território ucraniano. Também seria favorável que Kiev renunciasse à adesão à Otan, como exige o Kremlin. Indo de encontro ao "plano de vitória" promovido pelo presidente ucraniano Volodimir Zelensky, cujos pontos mais importantes são um convite oficial para integrar a Otan, bem como o reforço da assistência militar para proteger o território ucraniano dos bombardeios de Moscou e dos ataques em profundidade em solo russo. Durante o debate presidencial de setembro, ao ser confrontado por Kamala sobre o comprometimento que teria com a guerra na Ucrânia, Trump se recusou a responder diretamente. Mais tarde naquele mês, ele sugeriu que a Ucrânia deveria ter "cedido um pouco" a Moscou, dizendo em um evento de campanha que "qualquer acordo, mesmo o pior acordo, teria sido melhor do que o que temos agora". Zelensky revelou que em uma reunião com Trump logo após o debate, “discutiram em detalhes a parceria estratégica Ucrânia-EUA, o Plano de Vitória e maneiras de pôr fim à agressão russa contra a Ucrânia”. Mas não deixou de mostrar a sua preocupação quanto ao futuro em entrevista à KBS da Corei do Sul. “Se esse apoio [do próximo governo americano] enfraquecer, a Rússia tomará mais território, o que nos impediria de vencer esta guerra. Essa é a realidade. Nossa posição não é sobre compromissos territoriais, mas explorar potenciais caminhos diplomáticos que dependem dos EUA manterem seu comprometimento. Um desejo genuíno dos Estados Unidos de acabar com esta guerra rapidamente é crucial”, diz o chefe do Executivo ucraniano. Relação entre os chefes de estado Outro ponto que preocupa os ucranianos sobre as escolhas que serão feitas pelo presidente eleito, é a relação conflituosa entre Trump e Zelensky. Enquanto o presidente reeleito já elogiou Putin em diferentes momentos, o mesmo não se pode dizer quando ele menciona o nome do presidente ucraniano publicamente, que foi usado como alvo para críticas às escolhas do governo democrata. Felicitando Donald Trump por sua "impressionante vitória", Zelensky expressou sua esperança de que este resultado ajude a Ucrânia a alcançar "uma paz justa". Sentença ainda será divulgada: Como ficam a condenação e os casos criminais contra Trump após sua reeleição nos EUA "Nos assuntos internacionais, aprecio a abordagem do presidente Trump da 'paz através da força'", afirmou Zelensky em um comunicado publicado na rede social X. E continua: “Estamos interessados em desenvolver uma cooperação política e econômica mutuamente benéfica que beneficiará ambas as nossas nações.” O futuro visto pelos ucranianos Tetiana Podleska, uma cientista da computação entrevistada nas ruas de Kiev, é menos pessimista. "Não acredito que (este resultado) vá mudar muito as coisas. Certamente que não para melhor, mas para pior é pouco provável", diz. Para a professora Olga Prijodko, as eleições americanas devem levar a Ucrânia a "refletir sobre os próximos passos" para garantir uma vitória contra a Rússia. "Nossas vidas e o futuro do nosso país estão nas nossas mãos", afirma. As forças ucranianas continuam recuando, enquanto a Rússia, apesar de perdas significativas, mantém sua superioridade em termos de tropas e armas. Além disso, as potências ocidentais e Kiev estão vendo reforços norte-coreanos para o Exército russo. As forças de Moscou conquistaram cerca de 500 quilômetros quadrados de território ucraniano em outubro, um recorde desde as primeiras semanas do conflito, em março de 2022, segundo uma análise da AFP baseada em dados do Instituto Americano para o Estudo da Guerra (ISW).

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