Com o apoio de líderes do G20 e da sociedade civil, nova iniciativa climática quer lançar bases para a COP30
Centrada na transição energética, justiça social e apoio a populações afetadas por eventios extremos, plano traz metas ousadas e mira em sinergia entre público e privado Na véspera da cúpula do G20, mas com os olhos voltados para a Conferência da ONU sobre o Clima de Belém, a COP30, daqui a um ano, autoridades, representantes da sociedade civil e do meio empresarial endossaram um conjunto de propostas voltadas ao combate do desmatamento, transição energética e justiça social. O objetivo é chegar à COP30, a “COP da floresta”, com ideias e, especialmente, intenções de firmar planos climáticos mais ousados. — A crise climática pode levar mais 100 milhões de pessoas à pobreza nos próximos cinco anos, e, 10 anos após o Acordo de Paris, ainda não estamos vendo a ambição ousada necessária dos líderes políticos para impedir que o aumento das temperaturas leve a esse declínio — disse Hugh Evans, Co-Fundador e CEO da Global Citizen, uma das maiores organizações em defesa de políticas para o clima e de justiça social do mundo, e que está por trás da iniciativa, chamada de “Power our Planet” (“Fortaleça nosso Planeta”). Entraves: 'Se o G20 se dividir, perde a relevância em nível global', diz secretário-geral da ONU Na véspera da cúpula do G20: Marina Silva afirma que economia e ecologia devem estar 'na mesma equação' O projeto divulgado no domingo, em um evento que contou com representantes da sociedade civil e líderes que estarão na cúpula do G20, é centrado em três pilares: o fim do desmatamento, com a promessa de levantar até US$ 1 bilhão para financiar ações na Amazônia e outras florestas tropicais; acelerar uma transição energética justa; e apoiar as comunidades mais afetadas pelas mudanças climáticas. A meta é garantir avanços suficientes até a reunião em Belém, no ano que vem, viabilizando a construção de um acordo mais amplo e duradouro para o clima. — Muitas pessoas no continente africano ainda vivem na escuridão. 600 milhões de pessoas não têm acesso a energia, e nós queremos triplicar o uso das energias renováveis, criando oportunidades na África, em muitos casos começando do zero — disse o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, que em 2025 estará na presidência do G20. Lula se encontra com Guterres e pede que G20 social continue Para Ramaphosa, é necessário pensar em uma transição justa, que foque não apenas na redução dos combustíveis fósseis, mas também em como as pessoas serão afetadas. — Temos que garantir que a transição não signifique a perda de empregos — declarou Ramaphosa. — É isso que queremos ver na COP30, quando estaremos à frente do G20. Queremos que o mundo e as economias mais desenvolvidas mostrem como as pessoas podem ter mais energia sem devastar suas economias. Antes do G20: Biden faz viagem histórica a Manaus e anuncia R$ 290 milhões para o Fundo Amazônia Ao lado da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. o presidente sul-africano anunciou uma outra iniciativa de mobilização da comunidade internacional para, ao longo de um ano, triplicar a capacidade de geração de energia por fontes renováveis até 2030, meta estabelecida em 2023, na COP28, em Dubai. — Não teremos sucesso se não pensarmos globalmente — afirmou Von der Leyen. — A África tem recursos abundantes, tem 60% dos locais considerados ideais para a geração de energia solar no mundo, mas apenas 3% dos investimentos vão para a África. Na visão do premier do Canadá, Justin Trudeau, também é necessário olhar para os erros do passado antes de seguir adiante. — Todos têm a enorme responsabilidade de não apenas garantir que estamos apoiando as economias emergentes a se adaptarem, mas também de assegurar que elas possam evitar, com tecnologias e soluções mais ecológicas que sejam acessíveis a elas, os erros que grande parte do Norte Global cometeu na Revolução Industrial. 'Na mesma equação' Durante os painéis, os discursos deixaram claro que, para que as ideias saiam do papel, será preciso uma sinergia entre os governos, a sociedade civil e o setor privado. Como destacou em sua intervenção, a ministra do Meio Ambiente e Mudança Climática, Marina Silva entende que economia e ecologia precisam ser incluídos “na mesma equação” e não mais tratados em termos de “compatibilização de agendas”: segundo ela, caso isso não seja feito, o resultado final "pode não ser dos melhores", citando catástrofes climáticas recentes no Brasil e Espanha. Inundações repentinas na Espanha deixam dezenas de mortos O prazo até a COP30 é curto e os desafios são muitos, como mostram as divergências na COP29, no Azerbaijão, e a chegada ao poder de políticos que negam a crise do clima. Mas entre os organizadores da “Power our Planet”, uma atmosfera de otimismo pairava no ar. — Acho que em momentos de crise, momentos de tensão como o atual, o mundo pode responder à altura. Vimos isso na pandemia [da Covid-19], quando os países despejaram trilhões de dólares para estimular suas economias — disse ao GLOBO Michael Sheldrick, cofundador e diretor
Centrada na transição energética, justiça social e apoio a populações afetadas por eventios extremos, plano traz metas ousadas e mira em sinergia entre público e privado Na véspera da cúpula do G20, mas com os olhos voltados para a Conferência da ONU sobre o Clima de Belém, a COP30, daqui a um ano, autoridades, representantes da sociedade civil e do meio empresarial endossaram um conjunto de propostas voltadas ao combate do desmatamento, transição energética e justiça social. O objetivo é chegar à COP30, a “COP da floresta”, com ideias e, especialmente, intenções de firmar planos climáticos mais ousados. — A crise climática pode levar mais 100 milhões de pessoas à pobreza nos próximos cinco anos, e, 10 anos após o Acordo de Paris, ainda não estamos vendo a ambição ousada necessária dos líderes políticos para impedir que o aumento das temperaturas leve a esse declínio — disse Hugh Evans, Co-Fundador e CEO da Global Citizen, uma das maiores organizações em defesa de políticas para o clima e de justiça social do mundo, e que está por trás da iniciativa, chamada de “Power our Planet” (“Fortaleça nosso Planeta”). Entraves: 'Se o G20 se dividir, perde a relevância em nível global', diz secretário-geral da ONU Na véspera da cúpula do G20: Marina Silva afirma que economia e ecologia devem estar 'na mesma equação' O projeto divulgado no domingo, em um evento que contou com representantes da sociedade civil e líderes que estarão na cúpula do G20, é centrado em três pilares: o fim do desmatamento, com a promessa de levantar até US$ 1 bilhão para financiar ações na Amazônia e outras florestas tropicais; acelerar uma transição energética justa; e apoiar as comunidades mais afetadas pelas mudanças climáticas. A meta é garantir avanços suficientes até a reunião em Belém, no ano que vem, viabilizando a construção de um acordo mais amplo e duradouro para o clima. — Muitas pessoas no continente africano ainda vivem na escuridão. 600 milhões de pessoas não têm acesso a energia, e nós queremos triplicar o uso das energias renováveis, criando oportunidades na África, em muitos casos começando do zero — disse o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa, que em 2025 estará na presidência do G20. Lula se encontra com Guterres e pede que G20 social continue Para Ramaphosa, é necessário pensar em uma transição justa, que foque não apenas na redução dos combustíveis fósseis, mas também em como as pessoas serão afetadas. — Temos que garantir que a transição não signifique a perda de empregos — declarou Ramaphosa. — É isso que queremos ver na COP30, quando estaremos à frente do G20. Queremos que o mundo e as economias mais desenvolvidas mostrem como as pessoas podem ter mais energia sem devastar suas economias. Antes do G20: Biden faz viagem histórica a Manaus e anuncia R$ 290 milhões para o Fundo Amazônia Ao lado da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen. o presidente sul-africano anunciou uma outra iniciativa de mobilização da comunidade internacional para, ao longo de um ano, triplicar a capacidade de geração de energia por fontes renováveis até 2030, meta estabelecida em 2023, na COP28, em Dubai. — Não teremos sucesso se não pensarmos globalmente — afirmou Von der Leyen. — A África tem recursos abundantes, tem 60% dos locais considerados ideais para a geração de energia solar no mundo, mas apenas 3% dos investimentos vão para a África. Na visão do premier do Canadá, Justin Trudeau, também é necessário olhar para os erros do passado antes de seguir adiante. — Todos têm a enorme responsabilidade de não apenas garantir que estamos apoiando as economias emergentes a se adaptarem, mas também de assegurar que elas possam evitar, com tecnologias e soluções mais ecológicas que sejam acessíveis a elas, os erros que grande parte do Norte Global cometeu na Revolução Industrial. 'Na mesma equação' Durante os painéis, os discursos deixaram claro que, para que as ideias saiam do papel, será preciso uma sinergia entre os governos, a sociedade civil e o setor privado. Como destacou em sua intervenção, a ministra do Meio Ambiente e Mudança Climática, Marina Silva entende que economia e ecologia precisam ser incluídos “na mesma equação” e não mais tratados em termos de “compatibilização de agendas”: segundo ela, caso isso não seja feito, o resultado final "pode não ser dos melhores", citando catástrofes climáticas recentes no Brasil e Espanha. Inundações repentinas na Espanha deixam dezenas de mortos O prazo até a COP30 é curto e os desafios são muitos, como mostram as divergências na COP29, no Azerbaijão, e a chegada ao poder de políticos que negam a crise do clima. Mas entre os organizadores da “Power our Planet”, uma atmosfera de otimismo pairava no ar. — Acho que em momentos de crise, momentos de tensão como o atual, o mundo pode responder à altura. Vimos isso na pandemia [da Covid-19], quando os países despejaram trilhões de dólares para estimular suas economias — disse ao GLOBO Michael Sheldrick, cofundador e diretor de Políticas, Impacto e Relações Governamentais da Global Citizen. — A questão é se nossos líderes terão a vontade política para tal, e é aí que nós, cidadãos, podemos agir.
Qual é a sua reação?