Chanceler de Lula afirma que Brasil não vai romper relações com a Venezuela

Mauro Vieira diz que embaixador da Venezuela em Brasília poderá voltar ao Brasil Em audiência pública na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira, o chanceler Mauro Vieira admitiu que houve perda do dinamismo nas relações com a Venezuela. Contudo, deixou claro que o Brasil não pretende romper com o país caribenho. Vieira defendeu o diálogo e citou o Barão do Rio Branco, referência na diplomacia brasileira na resolução de conflitos. Mauro Vieira disse que autoridades brasileiras continuam mantendo contatos. Informou que conversou, nesta semana, com o chanceler venezuelano, Yvan Gil. Eles negociam um salvo conduto para que seis opositores de Maduro, que estão asilados na Embaixada da Argentina em Caracas, possam deixar o país. Lula: Maduro é 'problema' da Venezuela, não do Brasil Incerteza no G20: Com vitória de Trump nos EUA, governo Lula teme mudança de posição em temas-chave — Ainda que as circunstâncias imponham uma inevitável redução do dinamismo do relacionamento bilateral, isso não significa, de forma alguma, que o Brasil deve romper relações ou algo dessa natureza com a Venezuela. Pelo contrário, diálogo e negociação e não isolamento, como bem ensinou o Barão do Rio Branco, são a chave para qualquer solução pacífica na Venezuela — afirmou o ministro das Relações Exteriores. Ele afirmou que o governo brasileiro não chamará de volta ao Brasil a embaixadora em Caracas, Glivânia Oliveira, como fez o regime de Maduro. Disse que a diplomata é bem tratada pelas autoridades venezuelanas e salientou que o embaixador da Venezuela, Manuel Vadell, poderá voltar a Brasília quando quiser. Brasil e Venezuela estão em crise desde meados deste ano, após a eleição de 28 de julho, quando o presidente Nicolás Maduro foi proclamado vitorioso pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), sem que fossem apresentadas as atas da eleição. A oposição afirma que o ex-diplomata Edmundo González foi o grande vencedor do pleito. Entrevista: 'Lula deve manter a pressão até que Maduro não suporte mais', diz ex-candidato venezuelano Edmundo González O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva não reconheceu o resultado do pleito e ainda barrou o ingresso do país vizinho no Brics, em uma reunião de cúpula na Rússia. Maduro, que esteve no evento e saiu de mãos vazias, passou a criticar Lula, o assessor para assuntos internacionais, Celso Amorim, e o Itamaraty como um todo. —As relações pacíficas e respeitosas com nossos 12 vizinhos são um patrimônio da política externa brasileira — minimizou Mauro Vieira. O chanceler de Lula lembrou que o Brasil foi "garante", uma espécie de fiador, do Acordo de Barbados, firmado, no fim do ano passado, entre representantes de Maduro e da oposição. Ficou acertado que as eleições que ocorreriam em 2024 seriam livres, transparentes e aceitas por todos. Parte da comunidade internacional não reconhece o resultado. Vieira afirmou ainda que o Brasil trabalha com profissionalismo, parcimônia e cautela. Disse que as relações entre os dois países é de Estados. — O Brasil reconhece Estados, e não governos — ressaltou. Lula no Brics: Presidente escapa da polêmica sobre o ingresso de ditaduras, critica guerras e defende multipolaridade em discurso no Brics Críticas a Israel O ministro criticou também criticou o governo israelense, durante a audiência. Vieira afirmou que Israel não cumpre as normas do direito internacional, ao atacar países e territórios do Oriente Médio, e disse que há outros interesses, além da defesa nacional. — Todo país tem o direito de se defender, desde que dentro das normas do direito internacional. Não é isso que Israel está fazendo. O que se assiste é uma reação desproporcional, que revela a busca de ganhos geopolíticos concretos, que nada tem a ver com a mera defesa nacional — disse o chanceler do governo Lula, sem entrar em detalhes. Ele afirmou que a escalada da violência na região, que começou com bombardeios na Faixa de Gaza, em resposta aos ataques terroristas do grupo palestino Hamás, há cerca de um ano, é preocupante, dado o comportamento tanto dos israelenses como de seus rivais. —Infelizmente, as escolhas feitas pelos israelenses e seus principais rivais regionais desencadearam o mais amplo e letal confronto da história recente no Oriente Médio. Seu término, lamentavelmente, parece ainda distante.

Nov 13, 2024 - 13:02
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Chanceler de Lula afirma que Brasil não vai romper relações com a Venezuela

Mauro Vieira diz que embaixador da Venezuela em Brasília poderá voltar ao Brasil Em audiência pública na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira, o chanceler Mauro Vieira admitiu que houve perda do dinamismo nas relações com a Venezuela. Contudo, deixou claro que o Brasil não pretende romper com o país caribenho. Vieira defendeu o diálogo e citou o Barão do Rio Branco, referência na diplomacia brasileira na resolução de conflitos. Mauro Vieira disse que autoridades brasileiras continuam mantendo contatos. Informou que conversou, nesta semana, com o chanceler venezuelano, Yvan Gil. Eles negociam um salvo conduto para que seis opositores de Maduro, que estão asilados na Embaixada da Argentina em Caracas, possam deixar o país. Lula: Maduro é 'problema' da Venezuela, não do Brasil Incerteza no G20: Com vitória de Trump nos EUA, governo Lula teme mudança de posição em temas-chave — Ainda que as circunstâncias imponham uma inevitável redução do dinamismo do relacionamento bilateral, isso não significa, de forma alguma, que o Brasil deve romper relações ou algo dessa natureza com a Venezuela. Pelo contrário, diálogo e negociação e não isolamento, como bem ensinou o Barão do Rio Branco, são a chave para qualquer solução pacífica na Venezuela — afirmou o ministro das Relações Exteriores. Ele afirmou que o governo brasileiro não chamará de volta ao Brasil a embaixadora em Caracas, Glivânia Oliveira, como fez o regime de Maduro. Disse que a diplomata é bem tratada pelas autoridades venezuelanas e salientou que o embaixador da Venezuela, Manuel Vadell, poderá voltar a Brasília quando quiser. Brasil e Venezuela estão em crise desde meados deste ano, após a eleição de 28 de julho, quando o presidente Nicolás Maduro foi proclamado vitorioso pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), sem que fossem apresentadas as atas da eleição. A oposição afirma que o ex-diplomata Edmundo González foi o grande vencedor do pleito. Entrevista: 'Lula deve manter a pressão até que Maduro não suporte mais', diz ex-candidato venezuelano Edmundo González O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva não reconheceu o resultado do pleito e ainda barrou o ingresso do país vizinho no Brics, em uma reunião de cúpula na Rússia. Maduro, que esteve no evento e saiu de mãos vazias, passou a criticar Lula, o assessor para assuntos internacionais, Celso Amorim, e o Itamaraty como um todo. —As relações pacíficas e respeitosas com nossos 12 vizinhos são um patrimônio da política externa brasileira — minimizou Mauro Vieira. O chanceler de Lula lembrou que o Brasil foi "garante", uma espécie de fiador, do Acordo de Barbados, firmado, no fim do ano passado, entre representantes de Maduro e da oposição. Ficou acertado que as eleições que ocorreriam em 2024 seriam livres, transparentes e aceitas por todos. Parte da comunidade internacional não reconhece o resultado. Vieira afirmou ainda que o Brasil trabalha com profissionalismo, parcimônia e cautela. Disse que as relações entre os dois países é de Estados. — O Brasil reconhece Estados, e não governos — ressaltou. Lula no Brics: Presidente escapa da polêmica sobre o ingresso de ditaduras, critica guerras e defende multipolaridade em discurso no Brics Críticas a Israel O ministro criticou também criticou o governo israelense, durante a audiência. Vieira afirmou que Israel não cumpre as normas do direito internacional, ao atacar países e territórios do Oriente Médio, e disse que há outros interesses, além da defesa nacional. — Todo país tem o direito de se defender, desde que dentro das normas do direito internacional. Não é isso que Israel está fazendo. O que se assiste é uma reação desproporcional, que revela a busca de ganhos geopolíticos concretos, que nada tem a ver com a mera defesa nacional — disse o chanceler do governo Lula, sem entrar em detalhes. Ele afirmou que a escalada da violência na região, que começou com bombardeios na Faixa de Gaza, em resposta aos ataques terroristas do grupo palestino Hamás, há cerca de um ano, é preocupante, dado o comportamento tanto dos israelenses como de seus rivais. —Infelizmente, as escolhas feitas pelos israelenses e seus principais rivais regionais desencadearam o mais amplo e letal confronto da história recente no Oriente Médio. Seu término, lamentavelmente, parece ainda distante.

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