Câmara de SP aprova abertura de processo contra vereador por entrevista pré-eleitoral com Boulos
Corregedoria vai apurar suposta propaganda antecipada a favor do então pré-candidato a prefeito e caso pode resultar na cassação do mandato de Toninho Vespoli (PSOL) A Câmara Municipal de São Paulo aprovou nesta quarta-feira, com 34 votos favoráveis, 14 contrários e uma abstenção, a admissibilidade de processo contra o vereador Toninho Vespoli (PSOL). Encaminhada para a Corregedoria da Câmara, a investigação pode render a cassação do mandato do psolista por propaganda eleitoral antecipada a favor do então pré-candidato a prefeito de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL), que acabou derrotado em segundo turno. Ponto de impasse entre os vereadores, ainda não é certo se a decisão poderia respingar no próximo mandato de Vespoli, reeleito neste ano. O vereador pretende levar a questão à Justiça caso seja derrotado em uma segunda votação em plenário, após investigação da Corregedoria, quando a ação necessitaria de ao menos dois terços dos votos (37) para ser aprovada. Segundo a denúncia, Vespoli produziu, com verba parlamentar, uma revista com conteúdo de apoio a Boulos. O material foi distribuído em meados deste ano, ainda no período de pré-campanha. O parlamentar foi alvo de duas representações: uma de autoria do vereador Fernando Holiday (PL) e do influencer recém-eleito Lucas Pavanato (PL), e a outra, movida pelo ex-deputado estadual Douglas Garcia (União Brasil). — As denúncias são bastante graves. Em tese, é um crime de improbidade. Isso tem que ser investigado — afirmou Rubinho Nunes (União), corregedor-geral da Câmara Municipal, ao GLOBO. — A Corregedoria tem que ser minuciosa em averiguar isso, tanto pela gravidade da denúncia quanto para não cometer uma arbitrariedade contra o denunciado. Vespoli alega que produz o material chamado “Revista da Gente” todo ano como uma forma de prestar contas aos seus eleitores. Diz ainda que o fato de ter entrevistado Boulos no material que circulou em 2024 não tem conotação eleitoral e não há pedido de voto. Já sobre o folheto e os adesivos de campanha que foram enviados junto com a revista, pelos quais foi condenado a multa de R$ 5 mil pela Justiça Eleitoral por propaganda antecipada, sustenta que não teriam sido produzidos com verba parlamentar. — Vai ficar feio pra eles, já aconteceu coisa mais grave aqui — disse Vespoli. O vereador relembrou o caso Janaína Lima (MDB) e Cris Monteiro (Novo), que em novembro de 2022 trocaram agressões no banheiro feminino ao lado do plenário da Câmara, mas mesmo assim não tiveram os mandatos cassados. Ele reclama ainda de falhas no relatório apresentado, como quando o documento cita uma suposta “reincidência” na conduta, o que não existe, conforme admitido pelo próprio relator do caso ao jornal 'Folha de S.Paulo'. Membros do PSOL reclamaram da votação desta quarta-feira, afirmando que o processo seria um retaliação encabeçada pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB). Em 25 de setembro, ainda no curso das eleições, os vereadores da oposição conseguiram colocar em pauta um pedido de impeachment contra Nunes, sob a acusação de que teria determinado ações truculentas da Guarda Civil Metropolitana (GCM) na Cracolândia. O pedido foi rejeitado em uma comissão especial controlada pelo governo. O parecer pela admissibilidade da denúncia contra Vespoli foi elaborado pelo vereador Marlon Luz (MDB), que é do mesmo partido do prefeito. Já o vereador Rubinho Nunes é da mesma sigla do presidente da Câmara Municipal, Milton Leite (União Brasil), um dos principais aliados de Nunes. Nas eleições municipais, porém, Rubinho decidiu fazer campanha para o empresário e influenciador Pablo Marçal (PRTB), contrariando a orientação formal do seu partido, o União Brasil, que estava na coligação do emedebista. O colegiado é composto ainda, além de Rubinho Nunes e Marlon Luz, pelos governistas Aurélio Nomura (PSD), Gilberto Nascimento Jr. (PL) e Sansão Pereira (Republicanos), enquanto a oposição tem duas cadeiras, com Luana Alves (PSOL) e Alessandro Guedes (PT). Não há previsão para o processo avançar novamente para o plenário e, segundo o corregedor-geral, não haveria impedimento de tratar do caso na próxima legislatura, se for o caso. As eleições municipais deste ano pouco alteraram a distribuição de forças dentro da Câmara Municipal, que continua amplamente favorável ao governo, ainda que mais radicalizada. A oposição só conseguiu ampliar a representação em uma cadeira. Nunes, por outro lado, terá o desafio de acomodar os partidos da coligação em seu governo para manter a coesão da base aliada. Initial plugin text
Corregedoria vai apurar suposta propaganda antecipada a favor do então pré-candidato a prefeito e caso pode resultar na cassação do mandato de Toninho Vespoli (PSOL) A Câmara Municipal de São Paulo aprovou nesta quarta-feira, com 34 votos favoráveis, 14 contrários e uma abstenção, a admissibilidade de processo contra o vereador Toninho Vespoli (PSOL). Encaminhada para a Corregedoria da Câmara, a investigação pode render a cassação do mandato do psolista por propaganda eleitoral antecipada a favor do então pré-candidato a prefeito de São Paulo Guilherme Boulos (PSOL), que acabou derrotado em segundo turno. Ponto de impasse entre os vereadores, ainda não é certo se a decisão poderia respingar no próximo mandato de Vespoli, reeleito neste ano. O vereador pretende levar a questão à Justiça caso seja derrotado em uma segunda votação em plenário, após investigação da Corregedoria, quando a ação necessitaria de ao menos dois terços dos votos (37) para ser aprovada. Segundo a denúncia, Vespoli produziu, com verba parlamentar, uma revista com conteúdo de apoio a Boulos. O material foi distribuído em meados deste ano, ainda no período de pré-campanha. O parlamentar foi alvo de duas representações: uma de autoria do vereador Fernando Holiday (PL) e do influencer recém-eleito Lucas Pavanato (PL), e a outra, movida pelo ex-deputado estadual Douglas Garcia (União Brasil). — As denúncias são bastante graves. Em tese, é um crime de improbidade. Isso tem que ser investigado — afirmou Rubinho Nunes (União), corregedor-geral da Câmara Municipal, ao GLOBO. — A Corregedoria tem que ser minuciosa em averiguar isso, tanto pela gravidade da denúncia quanto para não cometer uma arbitrariedade contra o denunciado. Vespoli alega que produz o material chamado “Revista da Gente” todo ano como uma forma de prestar contas aos seus eleitores. Diz ainda que o fato de ter entrevistado Boulos no material que circulou em 2024 não tem conotação eleitoral e não há pedido de voto. Já sobre o folheto e os adesivos de campanha que foram enviados junto com a revista, pelos quais foi condenado a multa de R$ 5 mil pela Justiça Eleitoral por propaganda antecipada, sustenta que não teriam sido produzidos com verba parlamentar. — Vai ficar feio pra eles, já aconteceu coisa mais grave aqui — disse Vespoli. O vereador relembrou o caso Janaína Lima (MDB) e Cris Monteiro (Novo), que em novembro de 2022 trocaram agressões no banheiro feminino ao lado do plenário da Câmara, mas mesmo assim não tiveram os mandatos cassados. Ele reclama ainda de falhas no relatório apresentado, como quando o documento cita uma suposta “reincidência” na conduta, o que não existe, conforme admitido pelo próprio relator do caso ao jornal 'Folha de S.Paulo'. Membros do PSOL reclamaram da votação desta quarta-feira, afirmando que o processo seria um retaliação encabeçada pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB). Em 25 de setembro, ainda no curso das eleições, os vereadores da oposição conseguiram colocar em pauta um pedido de impeachment contra Nunes, sob a acusação de que teria determinado ações truculentas da Guarda Civil Metropolitana (GCM) na Cracolândia. O pedido foi rejeitado em uma comissão especial controlada pelo governo. O parecer pela admissibilidade da denúncia contra Vespoli foi elaborado pelo vereador Marlon Luz (MDB), que é do mesmo partido do prefeito. Já o vereador Rubinho Nunes é da mesma sigla do presidente da Câmara Municipal, Milton Leite (União Brasil), um dos principais aliados de Nunes. Nas eleições municipais, porém, Rubinho decidiu fazer campanha para o empresário e influenciador Pablo Marçal (PRTB), contrariando a orientação formal do seu partido, o União Brasil, que estava na coligação do emedebista. O colegiado é composto ainda, além de Rubinho Nunes e Marlon Luz, pelos governistas Aurélio Nomura (PSD), Gilberto Nascimento Jr. (PL) e Sansão Pereira (Republicanos), enquanto a oposição tem duas cadeiras, com Luana Alves (PSOL) e Alessandro Guedes (PT). Não há previsão para o processo avançar novamente para o plenário e, segundo o corregedor-geral, não haveria impedimento de tratar do caso na próxima legislatura, se for o caso. As eleições municipais deste ano pouco alteraram a distribuição de forças dentro da Câmara Municipal, que continua amplamente favorável ao governo, ainda que mais radicalizada. A oposição só conseguiu ampliar a representação em uma cadeira. Nunes, por outro lado, terá o desafio de acomodar os partidos da coligação em seu governo para manter a coesão da base aliada. Initial plugin text
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