Brasil vê retirada de taxação de super-ricos de texto do G20 como 'fora de cogitação' e tentará 'persuadir' Argentina

A busca pelo consenso é o foco do Brasil, mas se Argentina for inflexível sobre apoio à tributação de bilionários, integrantes do governo Lula advogam por ir sem o apoio de Milei na declaração final O governo brasileiro avalia que retirar a taxação de super-ricos da declaração final do G20 está “fora de cogitação” e insistirá em caminhos para tentar “persuadir” a Argentina a embarcar novamente no tema, dizem integrantes da delação do país com conhecimento direto das tratativas. Um consenso não só interessa como é o foco do Brasil, mas se a posição argentina for inflexível, integrantes do governo Lula advogam por manter o texto como está e ir sem o apoio de Javier Milei. A Argentina endossou em julho, na reunião de ministros do G20, o documento que trata da necessidade de se tributar bilionários. Mas, às vésperas da cúpula com chefes de Estado, os representantes de Milei alteraram sua posição. A chancelaria argentina avisou durante o encontro de sherpas (negociados dos chefes de Estado), no Rio de Janeiro, que a orientação da Casa Rosada mudou e, por isso, não mais apoiaria a menção no texto do G20 à necessidade de países criarem impostos sobre grandes fortunas. Esse é um dos principais temas de interesse do Brasil e é tratado como prioritário pela equipe econômica, que participou ativamente da construção da trilha de finanças do G20. Por isso, a ideia do Brasil não é desidratar o texto final ou mesmo retirar a taxação de super-ricos do documento como forma de garantir o consenso, segundo dois integrantes do governo com acesso às negociações. O plano é, ao longo deste sábado, provocar a delegação argentina sobre os limites de seu entendimento em relação à tributação de bilionários e se há caminho para convencer Milei a voltar a apoiar o tema. De acordo com uma fonte, não se trata de isolar os argentinos, mas de tentar "persuadi-los". Como mostrou a coluna, no primeiro dia de negociações para o texto final da Cúpula do G20, os argentinos fizeram questão de relembrar ao Brasil e aos demais países do bloco que tem oposições a conceitos expressos em alguns dos documentos firmados até aqui. A postura deixou os representantes brasileiros em alerta sobre um possível recuo de Milei em textos acordados previamente. O clima entre os dois países é de distanciamento. Na extensa agenda de reuniões bilaterais programadas pelo Palácio do Planalto, não consta encontro entre os dois presidentes, conforme antecipado pela coluna. Apesar da tensão com os argentinos, o foco dos negociadores neste sábado é avançar nas conversas sobre a parte que trata das questões geopolíticas e clima, os pontos considerados mais sensíveis para a declaração final. A forma como serão tratados a Guerra na Ucrânia e o conflito em Gaza encontra resistências e é foco de debates intensos entre os times diplomáticos.

Nov 16, 2024 - 14:57
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Brasil vê retirada de taxação de super-ricos de texto do G20 como 'fora de cogitação' e tentará 'persuadir' Argentina

A busca pelo consenso é o foco do Brasil, mas se Argentina for inflexível sobre apoio à tributação de bilionários, integrantes do governo Lula advogam por ir sem o apoio de Milei na declaração final O governo brasileiro avalia que retirar a taxação de super-ricos da declaração final do G20 está “fora de cogitação” e insistirá em caminhos para tentar “persuadir” a Argentina a embarcar novamente no tema, dizem integrantes da delação do país com conhecimento direto das tratativas. Um consenso não só interessa como é o foco do Brasil, mas se a posição argentina for inflexível, integrantes do governo Lula advogam por manter o texto como está e ir sem o apoio de Javier Milei. A Argentina endossou em julho, na reunião de ministros do G20, o documento que trata da necessidade de se tributar bilionários. Mas, às vésperas da cúpula com chefes de Estado, os representantes de Milei alteraram sua posição. A chancelaria argentina avisou durante o encontro de sherpas (negociados dos chefes de Estado), no Rio de Janeiro, que a orientação da Casa Rosada mudou e, por isso, não mais apoiaria a menção no texto do G20 à necessidade de países criarem impostos sobre grandes fortunas. Esse é um dos principais temas de interesse do Brasil e é tratado como prioritário pela equipe econômica, que participou ativamente da construção da trilha de finanças do G20. Por isso, a ideia do Brasil não é desidratar o texto final ou mesmo retirar a taxação de super-ricos do documento como forma de garantir o consenso, segundo dois integrantes do governo com acesso às negociações. O plano é, ao longo deste sábado, provocar a delegação argentina sobre os limites de seu entendimento em relação à tributação de bilionários e se há caminho para convencer Milei a voltar a apoiar o tema. De acordo com uma fonte, não se trata de isolar os argentinos, mas de tentar "persuadi-los". Como mostrou a coluna, no primeiro dia de negociações para o texto final da Cúpula do G20, os argentinos fizeram questão de relembrar ao Brasil e aos demais países do bloco que tem oposições a conceitos expressos em alguns dos documentos firmados até aqui. A postura deixou os representantes brasileiros em alerta sobre um possível recuo de Milei em textos acordados previamente. O clima entre os dois países é de distanciamento. Na extensa agenda de reuniões bilaterais programadas pelo Palácio do Planalto, não consta encontro entre os dois presidentes, conforme antecipado pela coluna. Apesar da tensão com os argentinos, o foco dos negociadores neste sábado é avançar nas conversas sobre a parte que trata das questões geopolíticas e clima, os pontos considerados mais sensíveis para a declaração final. A forma como serão tratados a Guerra na Ucrânia e o conflito em Gaza encontra resistências e é foco de debates intensos entre os times diplomáticos.

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