BP conclui a compra de 50% de participação da Bunge em joint venture de bioenergia

Valor da transação é de cerca de US$ 1,4 bilhão. Negócio já foi aprovado pelas autoridades reguladoras A britânica BP concluiu a compra da metade que pertencia à gigante do agro Bunge em sua joint-venture de bioenergia no Brasil, assumindo controle de 100% da operação. A BP Bunge Bioenergia, uma das maiores produtoras de biocombustíveis do país, passa a ser exclusivamente da BP e é renomeada como BP Bioenergy. Agência Moody's eleva nota de crédito do Brasil; país fica a um passo de grau de investimento Cotações: Petróleo acelera alta e sobe mais de 5% após Irã disparar mísseis contra Israel A compra já foi aprovada pelas autoridades reguladoras e consolida a BP como uma das maiores produtoras de etanol em escala industrial do Brasil. A joint-venture emprega 9 mil trabalhadores e possui capacidade para produzir aproximadamente 50 mil barris de etanol por dia, com uma moagem de 32 milhões de toneladas de cana-de-açúcar. Atualmente, a operação inclui onze usinas, localizadas em cinco estados. O valor do negócio é de aproximadamente US$ 1,4 bilhão, informou a BP. A compra resulta na consolidação de 100% dos resultados financeiros da empresa, incluindo dívida líquida de aproximadamente US$ 0,5 bilhão e obrigações de arrendamento de aproximadamente US$ 0,7 bilhão. Haitham al-Ghais: Opep prevê crescimento de 24% na demanda global por petróleo e gás até 2050 Segundo Andres Guevara de la Vega, presidente da BP no Brasil, o acordo alavanca o bom desempenho da BP Bunge Bioenergia (agora BP Bioenergy), permitindo que a BP utilize sua experiência operacional em Trading & Shipping (T&S) e biociência para gerar valor em toda a cadeia. — A BP quer levar a BP Bioenergy para o próximo nível de crescimento e desempenho. Essa aquisição proporciona maior produção e ganhos, ao mesmo tempo em que adiciona flexibilidade e opções no longo prazo. Isso inclui o aumento da produção por meio de melhor utilização e escala em plataformas de biocombustíveis, por meio de investimento em biogás e potencial produção de outros biocombustíveis. Certame: PPSA quer vender 60 milhões de barris de petróleo e fazer o primeiro leilão de gás em 2025 Segundo La Vega, a BP está deixando de ser apenas uma empresa internacional de petróleo para se tornar uma empresa integrada de energia — que produz energia segura, acessível e, cada vez com menos carbono. Por enquanto, segundo La Vega, o foco é a integração. Ainda é cedo para falar sobre novas plantas industriais, diz. O executivo diz que os biocombustíveis são uma parte importante da estratégia da companhia e um componente-chave para ajudar a descarbonizar o transporte. A estimativa é que a demanda mundial por biocombustíveis cresça em percentual superior a 20% até 2026, segundo a Agência Internacional de Energia (IEA, em inglês). O Brasil seria um player estratégia nesse cenário, por ter uma das das produções de bioetanol de menor custo e menor intensidade de carbono do mundo. — A joint venture já era uma plataforma de bioenergia escalável e econômica com diversas opções de crescimento como Alcohol to Jet para produzir SAF. E o Brasil é um importante mercado de biocombustíveis e tem potencial para crescer no setor de bioenergia, com políticas públicas que apoiem áreas como SAF, eFuels e biogás. Disputa com Raízen Adam Patterson, sócio da Redirection, empresa especializada em M&A, diz que, por outro lado, com a venda, a Bunge dá mais um passo para focar em seus negócios mais consolidados. Desde 2019, a empresa vem se desfazendo de áreas consideradas não essenciais para concentrar suas operações. A companhia tem foco maior no processamento de grãos e oleaginosas, sendo uma das maiores produtoras de farinha de trigo, gorduras e proteínas vegetais, enquanto a BP está mais direcionada para o setor de energia. Em junho, quando a compra foi anunciada, a BP comunicou que interromperia seus planos para expandir novos negócios em biocombustíveis mesmo nas plantas já existentes em outros países. Havia também informado que suspenderia dois potenciais projetos. Segundo a empresa, a proposta em assumir o controle da bp bioenergy é expandir as plataformas e alavancar o desenvolvimento de tecnologias no país, incluindo o etanol de segunda geração, o combustível sustentável de aviação (SAF) e o biogás. Patterson acredita que a aquisição da joint venture permite à BP maximizar suas sinergias e alinhar suas operações com a estratégia global de expansão em bioenergia, o que também ajuda a empresa a alcançar metas globais de lucratividade nesse segmento. — Assim, para a BP, aumentar seu foco em biocombustíveis à base de cana-de-açúcar no Brasil é visto pelos analistas como um passo estratégico na cadeia de suprimentos de matéria-prima, semelhante às atividades da Shell e da Raízen no país. A compra também seria uma forma de posicionar a BP para fazer frente à Shell, uma concorrente importante, que fez parceria com a Cosan, uma gigante brasileira de açúcar e etanol, para criar a Raízen em 2019. Para Giovan

Oct 2, 2024 - 02:30
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BP conclui a compra de 50% de participação da Bunge em joint venture de bioenergia

Valor da transação é de cerca de US$ 1,4 bilhão. Negócio já foi aprovado pelas autoridades reguladoras A britânica BP concluiu a compra da metade que pertencia à gigante do agro Bunge em sua joint-venture de bioenergia no Brasil, assumindo controle de 100% da operação. A BP Bunge Bioenergia, uma das maiores produtoras de biocombustíveis do país, passa a ser exclusivamente da BP e é renomeada como BP Bioenergy. Agência Moody's eleva nota de crédito do Brasil; país fica a um passo de grau de investimento Cotações: Petróleo acelera alta e sobe mais de 5% após Irã disparar mísseis contra Israel A compra já foi aprovada pelas autoridades reguladoras e consolida a BP como uma das maiores produtoras de etanol em escala industrial do Brasil. A joint-venture emprega 9 mil trabalhadores e possui capacidade para produzir aproximadamente 50 mil barris de etanol por dia, com uma moagem de 32 milhões de toneladas de cana-de-açúcar. Atualmente, a operação inclui onze usinas, localizadas em cinco estados. O valor do negócio é de aproximadamente US$ 1,4 bilhão, informou a BP. A compra resulta na consolidação de 100% dos resultados financeiros da empresa, incluindo dívida líquida de aproximadamente US$ 0,5 bilhão e obrigações de arrendamento de aproximadamente US$ 0,7 bilhão. Haitham al-Ghais: Opep prevê crescimento de 24% na demanda global por petróleo e gás até 2050 Segundo Andres Guevara de la Vega, presidente da BP no Brasil, o acordo alavanca o bom desempenho da BP Bunge Bioenergia (agora BP Bioenergy), permitindo que a BP utilize sua experiência operacional em Trading & Shipping (T&S) e biociência para gerar valor em toda a cadeia. — A BP quer levar a BP Bioenergy para o próximo nível de crescimento e desempenho. Essa aquisição proporciona maior produção e ganhos, ao mesmo tempo em que adiciona flexibilidade e opções no longo prazo. Isso inclui o aumento da produção por meio de melhor utilização e escala em plataformas de biocombustíveis, por meio de investimento em biogás e potencial produção de outros biocombustíveis. Certame: PPSA quer vender 60 milhões de barris de petróleo e fazer o primeiro leilão de gás em 2025 Segundo La Vega, a BP está deixando de ser apenas uma empresa internacional de petróleo para se tornar uma empresa integrada de energia — que produz energia segura, acessível e, cada vez com menos carbono. Por enquanto, segundo La Vega, o foco é a integração. Ainda é cedo para falar sobre novas plantas industriais, diz. O executivo diz que os biocombustíveis são uma parte importante da estratégia da companhia e um componente-chave para ajudar a descarbonizar o transporte. A estimativa é que a demanda mundial por biocombustíveis cresça em percentual superior a 20% até 2026, segundo a Agência Internacional de Energia (IEA, em inglês). O Brasil seria um player estratégia nesse cenário, por ter uma das das produções de bioetanol de menor custo e menor intensidade de carbono do mundo. — A joint venture já era uma plataforma de bioenergia escalável e econômica com diversas opções de crescimento como Alcohol to Jet para produzir SAF. E o Brasil é um importante mercado de biocombustíveis e tem potencial para crescer no setor de bioenergia, com políticas públicas que apoiem áreas como SAF, eFuels e biogás. Disputa com Raízen Adam Patterson, sócio da Redirection, empresa especializada em M&A, diz que, por outro lado, com a venda, a Bunge dá mais um passo para focar em seus negócios mais consolidados. Desde 2019, a empresa vem se desfazendo de áreas consideradas não essenciais para concentrar suas operações. A companhia tem foco maior no processamento de grãos e oleaginosas, sendo uma das maiores produtoras de farinha de trigo, gorduras e proteínas vegetais, enquanto a BP está mais direcionada para o setor de energia. Em junho, quando a compra foi anunciada, a BP comunicou que interromperia seus planos para expandir novos negócios em biocombustíveis mesmo nas plantas já existentes em outros países. Havia também informado que suspenderia dois potenciais projetos. Segundo a empresa, a proposta em assumir o controle da bp bioenergy é expandir as plataformas e alavancar o desenvolvimento de tecnologias no país, incluindo o etanol de segunda geração, o combustível sustentável de aviação (SAF) e o biogás. Patterson acredita que a aquisição da joint venture permite à BP maximizar suas sinergias e alinhar suas operações com a estratégia global de expansão em bioenergia, o que também ajuda a empresa a alcançar metas globais de lucratividade nesse segmento. — Assim, para a BP, aumentar seu foco em biocombustíveis à base de cana-de-açúcar no Brasil é visto pelos analistas como um passo estratégico na cadeia de suprimentos de matéria-prima, semelhante às atividades da Shell e da Raízen no país. A compra também seria uma forma de posicionar a BP para fazer frente à Shell, uma concorrente importante, que fez parceria com a Cosan, uma gigante brasileira de açúcar e etanol, para criar a Raízen em 2019. Para Giovana Araújo, sócia da KPMG, a Bunge fez esse investimento lá atrás e era muito vocal em sinalizar o desinvestimento da parcela de 50% que ela detinha. É uma operação extremamente rentável, então não fazia sentido ter pressa nesse processo de desinvestimento. Do ponto de vista da BP, o ângulo é uma sinalização positiva, de um player internacional, com operação no Brasil, no ramo de biocombustíveis. Do lado da Bunge, a empresa tem uma posição em biocombustíveis, pensando em biodiesel, mas seu core business é trading. A Bunge está num ciclo de investimentos em ativos no core business dele. Recentemente anunciaram a incorporação da Viterra, uma transação com ativos globais, a aquisição da SJ Select. Gerson Brilhante, analista da Levante Inside Corp., diz que, ao expandir sua presença no setor de bioenergia, especialmente no Brasil, a BP busca reduzir sua dependência de combustíveis fósseis, alinhando-se à transição energética global. A sinergia entre as empresas pode aumentar a eficiência no uso de subprodutos, como a vinhaça, promovendo o desenvolvimento sustentável no setor agrícola e energético.

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