Bolsa na contramão: veja por que indefinição sobre gastos públicos penaliza ações brasileiras em dia de alta no mundo

Dólar encerrou dia de lado rente ao real e não acompanhou movimento de queda no resto do mundo Sem novidades sobre as medidas de ajuste fiscal do governo, o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, fechou em queda de 0,51%, a 129.682 pontos, descolando da boa performance das Bolsas internacionais na esteira da eleição de Donald Trump nos EUA. Já o dólar fechou o pregão de lado nesta quinta-feira, em leve alta de 0,02%, a R$ 5,6752, com o mercado em compasso de espera por novas notícias sobre o ajuste fiscal prometido pelo governo e com o corte de juros do banco central americano, o Fed, em linha com o esperado. Ajuste fiscal: Reunião de Lula, Alckmin e ministros para discutir pacote de corte de gastos termina após oito horas e sem falas Qual será o ‘efeito Trump’ no Brasil? Economia sentirá impactos no câmbio, na Selic e nas exportações, segundo analistas O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, havia previsto uma possível divulgação do pacote de medidas de cortes de gastos hoje, após reuniões com o presidente Lula marcadas para a manhã, mas nada foi anunciado. Enquanto isso, as principais Bolsas internacionais fecharam em alta. Nos Estados Unidos, os mercados acionários deram seguimento à alta vista ontem, com a vitória de Donald Trump na eleição presidencial. O republicano é visto como menos intervencionista e mais pró-negócios que a democrata Kamala Harris, além de tender a reduzir impostos sobre investimentos e ganhos das empresas. Somado a isso, o corte de juros do Fed também deu fôlego às ações de maior risco. O banco central americano cortou a taxa básica de juros em 0,25 ponto. Agora, está na faixa entre 4,5% e 4,75%. Juros nos EUA: Fed, banco central americano, corta juros em ritmo menor em primeira reunião após vitória de Trump O ritmo foi menor que o último corte, mas suficiente para estimular investidores a buscar papéis de maior risco na Bolsa, com possibilidade de retorno mais alto que os títulos do Tesouro americano. Na Europa, os índices recuperaram parte das perdas vistas ontem. A exceção foi o FTSE, índice da Bolsa de Londres, que recuou após o Banco da Inglaterra (BoE, o banco central do Reino Unido) cortar os juros do país. As Bolsas da Ásia fecharam em alta, com exceção do índice japonês Nikkei. A expectativa de que a China anuncie novos estímulos econômicos, após a reunião do comitê permanente do Congresso Nacional do Povo, impulsionou o mercado. A vitória de Trump e a perspectiva de ele impor barreiras comerciais ao país asiático reforçam as apostas dos investidores no sentido de maior esforço de Pequim para revitalizar a economia chinesa. 'Claramente é um problema doméstico' Eduardo Grübler, gestor multimercado da AMW, a gestora de recursos da Warren, explica que o atraso na divulgação de informações sobre os ajustes a serem feitos nos gastos federais trazem incertezas para o mercado acionário no Brasil. Isso mostra o descompasso em relação ao mundo, evidenciando o efeito negativo da política fiscal do governo sobre a Bolsa. — Fica num imbróglio: o que vai acontecer? É o maior risco para o mercado hoje. Do resto do globo, que teve resultado positivo, estamos descolando bastante, colocando claramente que é um problema doméstico — aponta o especialista. Os juros futuros de curto prazo ilustraram este estresse do mercado: o contrato para janeiro de 2026 alcançou os 13%. Apesar disso, os juros futuros de médio e longo prazo recuaram. Um fator que diminuiu a queda do Ibovespa foi a forte alta de Vale e outras siderúrgicas, que acompanharam a alta de mais de 2% do minério de ferro na bolsa chinesa de Dalian. As ações ordinárias da Vale (VALE3) subiram 3,48%. Dólar volátil Acompanhando as expectativas sobre o fiscal e a decisão do Fed, a moeda operou com grande volatilidade durante o pregão. Na parte da manhã, a divisa teve forte queda, acompanhando o movimento do dólar no exterior. Na mínima do dia, a moeda chegou a valer R$ 5,63. No entanto, no início da tarde, o dólar voltou a subir, diante da falta de notícias sobre como serão as medidas de corte de gastos do governo federal. Após vitória de Trump: Jerome Powell, presidente do Fed, afirma que não renunciaria se Trump pedisse Além disso, Alexandre Viotto, gerente de câmbio da EQI, explica que na hora anterior ao anúncio da decisão de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano) o dólar acelerou a alta diante de movimentos especulativos sobre a próxima taxa básica americana. Meia hora antes do presidente do Fed, Jerome Powell, anunciar o corte de 0,25 ponto percentual, o dólar alcançou R$ 5,7185. Entretanto, após a redução se confirmar, a alta arrefeceu e a moeda passou a operar de lado pelo resto das negociações. Segundo Viotto, o anúncio não teve grande peso sobre a moeda no Brasil, mas o especialista destacou que o comunicado do banco central americano não trouxe o tom otimista sobre controle da inflação que havia trazido na reunião de setembro. Para ele, o futuro dos Estados Un

Nov 7, 2024 - 20:36
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Bolsa na contramão: veja por que indefinição sobre gastos públicos penaliza ações brasileiras em dia de alta no mundo

Dólar encerrou dia de lado rente ao real e não acompanhou movimento de queda no resto do mundo Sem novidades sobre as medidas de ajuste fiscal do governo, o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, fechou em queda de 0,51%, a 129.682 pontos, descolando da boa performance das Bolsas internacionais na esteira da eleição de Donald Trump nos EUA. Já o dólar fechou o pregão de lado nesta quinta-feira, em leve alta de 0,02%, a R$ 5,6752, com o mercado em compasso de espera por novas notícias sobre o ajuste fiscal prometido pelo governo e com o corte de juros do banco central americano, o Fed, em linha com o esperado. Ajuste fiscal: Reunião de Lula, Alckmin e ministros para discutir pacote de corte de gastos termina após oito horas e sem falas Qual será o ‘efeito Trump’ no Brasil? Economia sentirá impactos no câmbio, na Selic e nas exportações, segundo analistas O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, havia previsto uma possível divulgação do pacote de medidas de cortes de gastos hoje, após reuniões com o presidente Lula marcadas para a manhã, mas nada foi anunciado. Enquanto isso, as principais Bolsas internacionais fecharam em alta. Nos Estados Unidos, os mercados acionários deram seguimento à alta vista ontem, com a vitória de Donald Trump na eleição presidencial. O republicano é visto como menos intervencionista e mais pró-negócios que a democrata Kamala Harris, além de tender a reduzir impostos sobre investimentos e ganhos das empresas. Somado a isso, o corte de juros do Fed também deu fôlego às ações de maior risco. O banco central americano cortou a taxa básica de juros em 0,25 ponto. Agora, está na faixa entre 4,5% e 4,75%. Juros nos EUA: Fed, banco central americano, corta juros em ritmo menor em primeira reunião após vitória de Trump O ritmo foi menor que o último corte, mas suficiente para estimular investidores a buscar papéis de maior risco na Bolsa, com possibilidade de retorno mais alto que os títulos do Tesouro americano. Na Europa, os índices recuperaram parte das perdas vistas ontem. A exceção foi o FTSE, índice da Bolsa de Londres, que recuou após o Banco da Inglaterra (BoE, o banco central do Reino Unido) cortar os juros do país. As Bolsas da Ásia fecharam em alta, com exceção do índice japonês Nikkei. A expectativa de que a China anuncie novos estímulos econômicos, após a reunião do comitê permanente do Congresso Nacional do Povo, impulsionou o mercado. A vitória de Trump e a perspectiva de ele impor barreiras comerciais ao país asiático reforçam as apostas dos investidores no sentido de maior esforço de Pequim para revitalizar a economia chinesa. 'Claramente é um problema doméstico' Eduardo Grübler, gestor multimercado da AMW, a gestora de recursos da Warren, explica que o atraso na divulgação de informações sobre os ajustes a serem feitos nos gastos federais trazem incertezas para o mercado acionário no Brasil. Isso mostra o descompasso em relação ao mundo, evidenciando o efeito negativo da política fiscal do governo sobre a Bolsa. — Fica num imbróglio: o que vai acontecer? É o maior risco para o mercado hoje. Do resto do globo, que teve resultado positivo, estamos descolando bastante, colocando claramente que é um problema doméstico — aponta o especialista. Os juros futuros de curto prazo ilustraram este estresse do mercado: o contrato para janeiro de 2026 alcançou os 13%. Apesar disso, os juros futuros de médio e longo prazo recuaram. Um fator que diminuiu a queda do Ibovespa foi a forte alta de Vale e outras siderúrgicas, que acompanharam a alta de mais de 2% do minério de ferro na bolsa chinesa de Dalian. As ações ordinárias da Vale (VALE3) subiram 3,48%. Dólar volátil Acompanhando as expectativas sobre o fiscal e a decisão do Fed, a moeda operou com grande volatilidade durante o pregão. Na parte da manhã, a divisa teve forte queda, acompanhando o movimento do dólar no exterior. Na mínima do dia, a moeda chegou a valer R$ 5,63. No entanto, no início da tarde, o dólar voltou a subir, diante da falta de notícias sobre como serão as medidas de corte de gastos do governo federal. Após vitória de Trump: Jerome Powell, presidente do Fed, afirma que não renunciaria se Trump pedisse Além disso, Alexandre Viotto, gerente de câmbio da EQI, explica que na hora anterior ao anúncio da decisão de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano) o dólar acelerou a alta diante de movimentos especulativos sobre a próxima taxa básica americana. Meia hora antes do presidente do Fed, Jerome Powell, anunciar o corte de 0,25 ponto percentual, o dólar alcançou R$ 5,7185. Entretanto, após a redução se confirmar, a alta arrefeceu e a moeda passou a operar de lado pelo resto das negociações. Segundo Viotto, o anúncio não teve grande peso sobre a moeda no Brasil, mas o especialista destacou que o comunicado do banco central americano não trouxe o tom otimista sobre controle da inflação que havia trazido na reunião de setembro. Para ele, o futuro dos Estados Unidos ainda é muito incerto, após a eleição de Trump. — A diferença básica entre o Trump e a Kamala é que o Trump traz muito mais surpresa e é isso que deixa o mercado de cabelo em pé. Já o mercado doméstico está atrelado à discussão sobre ajustes fiscais por parte do governo, de acordo com Marco Maciel, economista-chefe do Banco Fibra. Ele explica que, quando há uma movimentação que mostra a disposição da equipe econômica em estabelecer e anunciar as medidas, o mercado se anima. O especialista cita o cancelamento da viagem de Haddad para a Europa e as diversas reuniões para discussão do tópico durante a semana como pontos positivos. No entanto, o contrário também é verdadeiro: quando há qualquer notícia que evidencia impedimentos para que esses ajustes sejam concretizados, o dólar oscila. Ministros de pastas como o Trabalho e Educação travam um embate com a equipe econômica sobre quais despesas sofrerão mudanças a partir dos ajustes fiscais. Enquanto não há novidades, o mercado segue em compasso de espera. Initial plugin text

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