Bastidores do G20: Argentina não quer apoiar declaração sobre guerra sem condenação à Rússia

Governo de Javier Milei, que chega neste domingo ao Rio, também deve se opor a temas como combate às mudanças climáticas e tudo o que estiver relacionado à agenda 2030 das Nações Unidas A oposição da Argentina à iniciativa de taxação dos super-ricos no âmbito do G20 não é a única divergência que o governo do presidente Javier Milei está colocando sobre a mesa nas negociações prévias à cúpula de chefes de Estado e de governo, que será realizada nos dias 18 e 19, no Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio. Segundo informações confirmadas por fontes oficiais, e divulgadas em Buenos Aires pelo jornal El Cronista, a delegação argentina também deixou claro que não respaldará uma declaração presidencial que mencione o conflito entre Rússia e Ucrânia sem condenar o governo de Vladimir Putin, como pretendem os negociadores brasileiros e representantes de outros países. Convidado complicado: Brasil teme que Milei vire dor de cabeça na cúpula do G20 e, depois de encontro com Trump, faça acenos a Bolsonaro Janaína Figueiredo: Trump & Milei, um motivo de insônia para Lula Fontes da chancelaria argentina disseram ao El Cronista que o governo Milei “condena a invasão da Ucrânia” — algo que o Brasil de Lula também fez em votações nas Nações Unidas —, e não respaldará uma declaração que não mencione a responsabilidade do governo russo no conflito. A posição dos argentinos torna inviável uma negociação, já que outros países, entre eles a própria Rússia, jamais aceitarão que uma condenação ao governo de Putin seja incluída no texto. A meta dos negociadores brasileiros é mencionar a guerra, assim como o conflito na Faixa de Gaza, sem condenar nenhum dos dois lados. Segundo explicou uma fonte oficial, “é a única maneira de chegar a um consenso”, abordando, apenas, temas como a defesa de um cessar-fogo, a busca da paz e a necessidade de promover a ajuda humanitária. Milei mantém uma relação próxima com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, que participou da cerimônia de posse do argentino, em dezembro do ano passado. Essa relação também condiciona a posição dos argentinos sobre um dos pontos mais sensíveis da declaração presidencial do G20. Guterres: Lula se encontra com secretário-geral da ONU e pede que G20 social aconteça nas próximas edições da cúpula A delegação que a partir deste domingo estará chefiada por Milei, cuja chegada ao Rio está prevista para o período da tarde, também poderia boicotar pontos da declaração sobre combate às mudanças climáticas e tudo o que estiver relacionado à agenda 2030 das Nações Unidas. A Argentina vem se diferenciando de muitos países da região em votações nas Nações Unidas. Recentemente, o governo de Milei foi um dos poucos que votou contra uma resolução para prevenir a violência contra as mulheres. Já um voto positivo da Argentina na resolução que condenou o embargo à Cuba levou ao afastamento da ex-chanceler do país, Diana Mondino. Se o governo Milei insistir em divergir dos demais países do G20 em vários pontos da declaração seu país poderia ficar de fora do texto mais importante da cúpula.

Nov 16, 2024 - 14:57
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Bastidores do G20: Argentina não quer apoiar declaração sobre guerra sem condenação à Rússia

Governo de Javier Milei, que chega neste domingo ao Rio, também deve se opor a temas como combate às mudanças climáticas e tudo o que estiver relacionado à agenda 2030 das Nações Unidas A oposição da Argentina à iniciativa de taxação dos super-ricos no âmbito do G20 não é a única divergência que o governo do presidente Javier Milei está colocando sobre a mesa nas negociações prévias à cúpula de chefes de Estado e de governo, que será realizada nos dias 18 e 19, no Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio. Segundo informações confirmadas por fontes oficiais, e divulgadas em Buenos Aires pelo jornal El Cronista, a delegação argentina também deixou claro que não respaldará uma declaração presidencial que mencione o conflito entre Rússia e Ucrânia sem condenar o governo de Vladimir Putin, como pretendem os negociadores brasileiros e representantes de outros países. Convidado complicado: Brasil teme que Milei vire dor de cabeça na cúpula do G20 e, depois de encontro com Trump, faça acenos a Bolsonaro Janaína Figueiredo: Trump & Milei, um motivo de insônia para Lula Fontes da chancelaria argentina disseram ao El Cronista que o governo Milei “condena a invasão da Ucrânia” — algo que o Brasil de Lula também fez em votações nas Nações Unidas —, e não respaldará uma declaração que não mencione a responsabilidade do governo russo no conflito. A posição dos argentinos torna inviável uma negociação, já que outros países, entre eles a própria Rússia, jamais aceitarão que uma condenação ao governo de Putin seja incluída no texto. A meta dos negociadores brasileiros é mencionar a guerra, assim como o conflito na Faixa de Gaza, sem condenar nenhum dos dois lados. Segundo explicou uma fonte oficial, “é a única maneira de chegar a um consenso”, abordando, apenas, temas como a defesa de um cessar-fogo, a busca da paz e a necessidade de promover a ajuda humanitária. Milei mantém uma relação próxima com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, que participou da cerimônia de posse do argentino, em dezembro do ano passado. Essa relação também condiciona a posição dos argentinos sobre um dos pontos mais sensíveis da declaração presidencial do G20. Guterres: Lula se encontra com secretário-geral da ONU e pede que G20 social aconteça nas próximas edições da cúpula A delegação que a partir deste domingo estará chefiada por Milei, cuja chegada ao Rio está prevista para o período da tarde, também poderia boicotar pontos da declaração sobre combate às mudanças climáticas e tudo o que estiver relacionado à agenda 2030 das Nações Unidas. A Argentina vem se diferenciando de muitos países da região em votações nas Nações Unidas. Recentemente, o governo de Milei foi um dos poucos que votou contra uma resolução para prevenir a violência contra as mulheres. Já um voto positivo da Argentina na resolução que condenou o embargo à Cuba levou ao afastamento da ex-chanceler do país, Diana Mondino. Se o governo Milei insistir em divergir dos demais países do G20 em vários pontos da declaração seu país poderia ficar de fora do texto mais importante da cúpula.

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