Assassino de Anic orientou filha a esconder prova
Embora preso, técnico de informática, que fingia ser policial federal, usou aplicativo de mensagens para se comunicar com a família e alertar sobre dispositivo que poderia incriminá-lo na morte de advogada Preso desde 19 de março, o técnico de informática Lourival Correa Netto Fatica, assassino confesso da advogada e estudante de Psicologia Anic de Almeida Peixoto Herdy, de 55 anos, esteve conectado com o mundo fora da prisão por pelo menos dois dias. Um relatório de investigação, feito pela 105ªDP (Petrópolis), anexado ao processo do caso, revela que o réu trocou mensagens de texto, por um aplicativo de conversas, com a filha Maria Luiza Vieira Fadiga. Na ocasião, ele estava na Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, onde tinha dado entrada em 22 de março. 'A sociedade chegou ao fundo poço': advogado do caso Ágatha Félix contesta absolvição de PM e diz que haverá recurso Veja também: Rio tenta transformar espaços da ditadura em centros de memória enquanto Brasil lota cinemas por 'Ainda estou aqui' A unidade é considerada a porta de entrada do sistema penitenciário. Em 13 de junho, foi transferido para a Cadeia Pública Joaquim Ferreira de Souza, no Complexo de Gericinó. Os diálogos foram obtidos com autorização judicial, a partir de apreensão do telefone da filha de Lourival. As conversas foram enviadas a partir de dois números diferentes de celular usados por Lourival. Elas ocorreram antes de Maria Luiza e o irmão Henrique Vieira Fadiga serem presos, em abril (eles foram soltos em outubro). Num dos trechos da primeira conversa, em 27 de março, Lourival fala sobre um rastreador, que estava instalado no carro usado por ele para pegar Anic, no dia 29 de fevereiro, quando ela foi vista com vida pela última vez, ao sair a pé de um shopping, em Petrópolis. Na ocasião, Fatica pede para a filha avisar a um advogado sobre a existência do dispositivo e, em seguida, faz um alerta: “mas avisa que (o rastreador) pode (se) voltar contra mim, tá”, escreveu. A preocupação do suspeito, segundo o relatório, seria por conta de possíveis provas, que poderiam ser obtidas partir do aparelho. Ao se despedir, Lourival diz estar num lugar reservado aos policiais. “Eu tô bem. Tô na sala do polícias (sic). Bjo”, escreveu. No dia 28 de março, o assassino confesso de Anic voltou a trocar mensagens por um celular com a filha. Desta vez, usou um número diferente. Na conversa, pede que avise a Rick (Henrique Vieira Fadiga, irmão de Maria Luíza) sobre o pagamento de contas pendentes. Dados não recuperados Apesar da preocupação de Lourival com os rastreadores, mencionada numa das mensagens, policiais da 105ª DP conseguiram localizar o dispositivo eletrônico instalado no carro usado para apanhar Anic. Mesmo com a determinação da quebra do histórico do aparelho, não foi possível obter os respectivos dados, já que o fabricante disse não possuir tais informações. Trechos de conversas sobre o rastreador no carro e a sala dos policiais Reprodução Além de troca de mensagens, os policiais encarregados da investigação encontraram num dos telefones usados por Lourival uma foto do técnico de informática vestindo uma camisa semelhante a uma peça do uniforme da Polícia Federal (PF). Segundo um primeiro relatório de investigação, também feito por policiais da 105ª DP, ao se aproximar da família de Anic, há cerca de três anos, o técnico de informática se apresentou como agente da PF. Após ganhar a confiança do núcleo familiar, passou a ser o responsável pela segurança da advogada e do marido dela, Benjamim Cordeiro Herdy, de 78, chegando, inclusive, a acompanhar o casal em viagens pelo país. Segundo depoimento de Lourival na 2ª Vara Criminal de Petrópolis, no dia 25 de setembro, quando confessou o crime, após sair do shopping Anic foi levada para um motel, em Itaipava, no município de Petrópolis. Fatica afirmou ter desferido um soco na traqueia da vítima. Ainda segundo a narrativa, a vítima caiu no chão, sangrando, sendo colocada por ele de bruços numa cama. Em seguida, o acusado contou ter ido até a garagem, onde apanhou na mala do carro um fitilho de plástico, usado para lacrar embalagens. Por último, alegou ter colocado o fitilho no pescoço de Anic com intenção de parar o sangramento, o que teria causado a morte da advogada. Um exame cadavérico confirmou que a vítima morreu por asfixia mecânica. O corpo de Anic foi levado por Lourival para a casa onde ele morava, em Teresópolis, e foi concretado em pé, na sapata de um muro. Horas depois de ele confessar o crime e dar detalhes sobre onde estava o cadáver, policiais localizaram os restos mortais de Anic. Segundo investigação da Polícia Civil, horas após o desaparecimento de Anic, na noite de 29 de fevereiro, uma pessoa enviou uma mensagem para o telefone de Benjamim exigindo R$ 4,6 milhões para que a advogada fosse libertada. Entre os dias 6 e 8 de março, uma parte do dinheiro foi depositada em 40 contas de doleiros, indicadas por Lourival. No dia 11 de março, o restante do resgate foi e
Embora preso, técnico de informática, que fingia ser policial federal, usou aplicativo de mensagens para se comunicar com a família e alertar sobre dispositivo que poderia incriminá-lo na morte de advogada Preso desde 19 de março, o técnico de informática Lourival Correa Netto Fatica, assassino confesso da advogada e estudante de Psicologia Anic de Almeida Peixoto Herdy, de 55 anos, esteve conectado com o mundo fora da prisão por pelo menos dois dias. Um relatório de investigação, feito pela 105ªDP (Petrópolis), anexado ao processo do caso, revela que o réu trocou mensagens de texto, por um aplicativo de conversas, com a filha Maria Luiza Vieira Fadiga. Na ocasião, ele estava na Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, onde tinha dado entrada em 22 de março. 'A sociedade chegou ao fundo poço': advogado do caso Ágatha Félix contesta absolvição de PM e diz que haverá recurso Veja também: Rio tenta transformar espaços da ditadura em centros de memória enquanto Brasil lota cinemas por 'Ainda estou aqui' A unidade é considerada a porta de entrada do sistema penitenciário. Em 13 de junho, foi transferido para a Cadeia Pública Joaquim Ferreira de Souza, no Complexo de Gericinó. Os diálogos foram obtidos com autorização judicial, a partir de apreensão do telefone da filha de Lourival. As conversas foram enviadas a partir de dois números diferentes de celular usados por Lourival. Elas ocorreram antes de Maria Luiza e o irmão Henrique Vieira Fadiga serem presos, em abril (eles foram soltos em outubro). Num dos trechos da primeira conversa, em 27 de março, Lourival fala sobre um rastreador, que estava instalado no carro usado por ele para pegar Anic, no dia 29 de fevereiro, quando ela foi vista com vida pela última vez, ao sair a pé de um shopping, em Petrópolis. Na ocasião, Fatica pede para a filha avisar a um advogado sobre a existência do dispositivo e, em seguida, faz um alerta: “mas avisa que (o rastreador) pode (se) voltar contra mim, tá”, escreveu. A preocupação do suspeito, segundo o relatório, seria por conta de possíveis provas, que poderiam ser obtidas partir do aparelho. Ao se despedir, Lourival diz estar num lugar reservado aos policiais. “Eu tô bem. Tô na sala do polícias (sic). Bjo”, escreveu. No dia 28 de março, o assassino confesso de Anic voltou a trocar mensagens por um celular com a filha. Desta vez, usou um número diferente. Na conversa, pede que avise a Rick (Henrique Vieira Fadiga, irmão de Maria Luíza) sobre o pagamento de contas pendentes. Dados não recuperados Apesar da preocupação de Lourival com os rastreadores, mencionada numa das mensagens, policiais da 105ª DP conseguiram localizar o dispositivo eletrônico instalado no carro usado para apanhar Anic. Mesmo com a determinação da quebra do histórico do aparelho, não foi possível obter os respectivos dados, já que o fabricante disse não possuir tais informações. Trechos de conversas sobre o rastreador no carro e a sala dos policiais Reprodução Além de troca de mensagens, os policiais encarregados da investigação encontraram num dos telefones usados por Lourival uma foto do técnico de informática vestindo uma camisa semelhante a uma peça do uniforme da Polícia Federal (PF). Segundo um primeiro relatório de investigação, também feito por policiais da 105ª DP, ao se aproximar da família de Anic, há cerca de três anos, o técnico de informática se apresentou como agente da PF. Após ganhar a confiança do núcleo familiar, passou a ser o responsável pela segurança da advogada e do marido dela, Benjamim Cordeiro Herdy, de 78, chegando, inclusive, a acompanhar o casal em viagens pelo país. Segundo depoimento de Lourival na 2ª Vara Criminal de Petrópolis, no dia 25 de setembro, quando confessou o crime, após sair do shopping Anic foi levada para um motel, em Itaipava, no município de Petrópolis. Fatica afirmou ter desferido um soco na traqueia da vítima. Ainda segundo a narrativa, a vítima caiu no chão, sangrando, sendo colocada por ele de bruços numa cama. Em seguida, o acusado contou ter ido até a garagem, onde apanhou na mala do carro um fitilho de plástico, usado para lacrar embalagens. Por último, alegou ter colocado o fitilho no pescoço de Anic com intenção de parar o sangramento, o que teria causado a morte da advogada. Um exame cadavérico confirmou que a vítima morreu por asfixia mecânica. O corpo de Anic foi levado por Lourival para a casa onde ele morava, em Teresópolis, e foi concretado em pé, na sapata de um muro. Horas depois de ele confessar o crime e dar detalhes sobre onde estava o cadáver, policiais localizaram os restos mortais de Anic. Segundo investigação da Polícia Civil, horas após o desaparecimento de Anic, na noite de 29 de fevereiro, uma pessoa enviou uma mensagem para o telefone de Benjamim exigindo R$ 4,6 milhões para que a advogada fosse libertada. Entre os dias 6 e 8 de março, uma parte do dinheiro foi depositada em 40 contas de doleiros, indicadas por Lourival. No dia 11 de março, o restante do resgate foi entregue em dinheiro. Seap abrirá investigação Procurada para falar sobre as ligações feitas por Lourival, a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) disse não ter tido acesso ao relatório a respeito do assunto. Mas, que com base no que foi relatado pelo GLOBO, abrirá uma investigação preliminar sobre o caso. Também procurada para falar sobre a foto em que Lourival aparece com uma camisa semelhante a uma peça do uniforme da PF, a Polícia Federal disse que não comentaria o assunto. Após a prisão de Fatica, a corporação já havia afirmado que ele não faz parte e nunca integrou os quadros da Polícia Federal. O suspeito também é investigado pela PF por crime de evasão de divisas, já que parte do dinheiro do resgate exigido pela liberdade de Anic, R$ 4,6 milhões, foi depositado na conta de 40 doleiros. A quantia nunca foi recuperada pela polícia.
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