Artigo: Um novo capítulo das relações Japão-Brasil — 130 anos de amizade e cooperação internacional
O Japão, com seu alto nível de tecnologia de baixo carbono no setor de mobilidade, e o Brasil, com a matriz energética mais limpa do G20, estão em uma posição única para liderar o mundo no combate às mudanças climáticas Em sua presidência do G20, o Brasil tem trabalhado com três prioridades: combate à fome e à pobreza, desenvolvimento sustentável e transição energética e a reforma das instituições de governança global. Saúdo a liderança brasileira por esse trabalho. Parceria-Verde: Brasil e Japão lançam parceria em projetos sustentáveis na Amazônia e medidas contra aquecimento global Movimento popular: Grupo antinuclear japonês Nihon Hidankyo ganha Prêmio Nobel da Paz Esta é a segunda visita de um primeiro-ministro do Japão ao Brasil neste ano, seguindo um padrão de visita recíproca ativa dos líderes, incluindo, a participação do presidente Lula como convidado na cúpula do G7, em Hiroshima, no ano passado. Meu próprio relacionamento com o país remonta a 1988, quando visitei o Brasil como membro da Câmara dos Representantes para a comemoração do 80º aniversário da imigração japonesa no Brasil. É com muito prazer que, após assumir o cargo de primeiro-ministro, estou revisitando o Brasil. Queria abordar, nesta ocasião, as cooperações bilaterais com base nas longas relações amistosas entre nossas nações. O Japão e o Brasil têm trabalhado no combate à fome e à pobreza há muitos anos. A estabilidade do fornecimento de alimentos é essencial para erradicar a fome e a pobreza. O Japão tem cooperado com o Brasil através do Prodecer, iniciativa que começou em 1979 e que melhorou a produção de cerca de 345 mil hectares de solo no Cerrado, levando o Brasil ao maior produtor global de soja e contribuindo para a estabilização do suprimento mundial de alimentos. Initial plugin text A resposta aos assuntos ambientais e às mudanças climáticas é urgente. Em março deste ano, o Japão se tornou o 1º país asiático a contribuir para o Fundo Amazônia, e o país também está cooperando para fortalecer a capacidade de controle do desmatamento ilegal na floresta amazônica, usando satélites da JAXA (agência espacial japonesa) e tecnologia de IA. E os dois países copresidem a Reunião Informal sobre Ações Futuras para o Combate à Mudança do Clima, que é realizada anualmente em Tóquio há mais de 20 anos, e lideram as discussões sobre as mudanças climáticas. Para um mundo sustentável, é importante visar a meta comum de net zero através de diversos caminhos que utilizem todas as tecnologias e fontes de energia, de acordo com a situação de cada país. O Japão, com seu alto nível de tecnologia de baixo carbono no setor de mobilidade, e o Brasil, com a matriz energética mais limpa do G20, estão em uma posição única para liderar o mundo nessa área. Sob a Iniciativa para Combustíveis Sustentáveis e Mobilidade, contribuiremos para a neutralidade global de carbono, aproveitando os pontos fortes dos dois países. Em maio, foi lançada a Iniciativa de Parceria Verde Japão-Brasil, com foco em medidas de combate às mudanças climáticas e pelo desenvolvimento sustentável. Renovamos nossa determinação de cooperar na transformação de pastagens degradadas em terra cultivável, evitando o desmatamento e mantendo a posição do Brasil como um dos principais fornecedores de alimentos do mundo. Galerias Relacionadas A cooperação no desenvolvimento sustentável não seria possível sem os esforços contínuos dos imigrantes japoneses e de seus descendentes. No Norte do Brasil, por exemplo, o sistema agroflorestal de Tomé-Açu (PA), Safta, combina o cultivo de pimenta-do-reino, árvores frutíferas tropicais e arboricultura. Esse método foi desenvolvido por agricultores japoneses na década de 1970 e é adotado até hoje, com o apoio do Japão. Continuamos a cooperar com o Brasil para garantir o uso sustentável da terra, a biodiversidade e a conservação florestal. A cooperação na prevenção de desastres também merece atenção nesta parceria. Para ajudar as vítimas das chuvas torrenciais no Rio Grande do Sul, o Japão realizou uma doação emergencial de purificadores de água. Nos últimos anos, algumas partes do Japão também foram atingidas por chuvas intensas. A prevenção de desastres é uma questão compartilhada pelos dois países. Diante desse cenário, estamos fortalecendo a capacidade de lidar com deslizamentos de terra por meio da cooperação técnica, aumentando assim a capacidade de planejamento, construção e manutenção de estruturas de prevenção de desastres. O Japão também continuará a fortalecer a cooperação com o Brasil nesta área. Na atual situação internacional, o Japão valoriza a condução do mundo em direção à cooperação, em vez da divisão e do confronto. Para isso, é essencial o respeito ao Direito Internacional, incluindo os princípios da Carta da ONU, como a soberania e a integridade territorial. A agressão russa contra a Ucrânia é uma clara violação do Direito Internacional. É necessário buscar a paz justa e duradoura para a Ucrânia com urgência. É claro que a escalada
O Japão, com seu alto nível de tecnologia de baixo carbono no setor de mobilidade, e o Brasil, com a matriz energética mais limpa do G20, estão em uma posição única para liderar o mundo no combate às mudanças climáticas Em sua presidência do G20, o Brasil tem trabalhado com três prioridades: combate à fome e à pobreza, desenvolvimento sustentável e transição energética e a reforma das instituições de governança global. Saúdo a liderança brasileira por esse trabalho. Parceria-Verde: Brasil e Japão lançam parceria em projetos sustentáveis na Amazônia e medidas contra aquecimento global Movimento popular: Grupo antinuclear japonês Nihon Hidankyo ganha Prêmio Nobel da Paz Esta é a segunda visita de um primeiro-ministro do Japão ao Brasil neste ano, seguindo um padrão de visita recíproca ativa dos líderes, incluindo, a participação do presidente Lula como convidado na cúpula do G7, em Hiroshima, no ano passado. Meu próprio relacionamento com o país remonta a 1988, quando visitei o Brasil como membro da Câmara dos Representantes para a comemoração do 80º aniversário da imigração japonesa no Brasil. É com muito prazer que, após assumir o cargo de primeiro-ministro, estou revisitando o Brasil. Queria abordar, nesta ocasião, as cooperações bilaterais com base nas longas relações amistosas entre nossas nações. O Japão e o Brasil têm trabalhado no combate à fome e à pobreza há muitos anos. A estabilidade do fornecimento de alimentos é essencial para erradicar a fome e a pobreza. O Japão tem cooperado com o Brasil através do Prodecer, iniciativa que começou em 1979 e que melhorou a produção de cerca de 345 mil hectares de solo no Cerrado, levando o Brasil ao maior produtor global de soja e contribuindo para a estabilização do suprimento mundial de alimentos. Initial plugin text A resposta aos assuntos ambientais e às mudanças climáticas é urgente. Em março deste ano, o Japão se tornou o 1º país asiático a contribuir para o Fundo Amazônia, e o país também está cooperando para fortalecer a capacidade de controle do desmatamento ilegal na floresta amazônica, usando satélites da JAXA (agência espacial japonesa) e tecnologia de IA. E os dois países copresidem a Reunião Informal sobre Ações Futuras para o Combate à Mudança do Clima, que é realizada anualmente em Tóquio há mais de 20 anos, e lideram as discussões sobre as mudanças climáticas. Para um mundo sustentável, é importante visar a meta comum de net zero através de diversos caminhos que utilizem todas as tecnologias e fontes de energia, de acordo com a situação de cada país. O Japão, com seu alto nível de tecnologia de baixo carbono no setor de mobilidade, e o Brasil, com a matriz energética mais limpa do G20, estão em uma posição única para liderar o mundo nessa área. Sob a Iniciativa para Combustíveis Sustentáveis e Mobilidade, contribuiremos para a neutralidade global de carbono, aproveitando os pontos fortes dos dois países. Em maio, foi lançada a Iniciativa de Parceria Verde Japão-Brasil, com foco em medidas de combate às mudanças climáticas e pelo desenvolvimento sustentável. Renovamos nossa determinação de cooperar na transformação de pastagens degradadas em terra cultivável, evitando o desmatamento e mantendo a posição do Brasil como um dos principais fornecedores de alimentos do mundo. Galerias Relacionadas A cooperação no desenvolvimento sustentável não seria possível sem os esforços contínuos dos imigrantes japoneses e de seus descendentes. No Norte do Brasil, por exemplo, o sistema agroflorestal de Tomé-Açu (PA), Safta, combina o cultivo de pimenta-do-reino, árvores frutíferas tropicais e arboricultura. Esse método foi desenvolvido por agricultores japoneses na década de 1970 e é adotado até hoje, com o apoio do Japão. Continuamos a cooperar com o Brasil para garantir o uso sustentável da terra, a biodiversidade e a conservação florestal. A cooperação na prevenção de desastres também merece atenção nesta parceria. Para ajudar as vítimas das chuvas torrenciais no Rio Grande do Sul, o Japão realizou uma doação emergencial de purificadores de água. Nos últimos anos, algumas partes do Japão também foram atingidas por chuvas intensas. A prevenção de desastres é uma questão compartilhada pelos dois países. Diante desse cenário, estamos fortalecendo a capacidade de lidar com deslizamentos de terra por meio da cooperação técnica, aumentando assim a capacidade de planejamento, construção e manutenção de estruturas de prevenção de desastres. O Japão também continuará a fortalecer a cooperação com o Brasil nesta área. Na atual situação internacional, o Japão valoriza a condução do mundo em direção à cooperação, em vez da divisão e do confronto. Para isso, é essencial o respeito ao Direito Internacional, incluindo os princípios da Carta da ONU, como a soberania e a integridade territorial. A agressão russa contra a Ucrânia é uma clara violação do Direito Internacional. É necessário buscar a paz justa e duradoura para a Ucrânia com urgência. É claro que a escalada da situação no Oriente Médio ameaça a estabilidade e a paz da região e da comunidade internacional. O Japão, junto à comunidade internacional, instará todas as partes a exercer a máxima contenção e trabalhará para melhorar a situação humanitária no Oriente Médio, incluindo Gaza. Não devemos tolerar tentativas de mudança unilateral do status quo através da força ou coerção, em qualquer lugar do mundo. É essencial manter e fortalecer uma ordem internacional livre e aberta baseada no Estado de Direito. Em um cenário internacional severo, e com as mudanças drásticas em curso no mundo, neste momento em que se completam 80 anos da criação da ONU, o multilateralismo, com a ONU em seu núcleo, está se tornando cada vez mais importante. O Japão e o Brasil têm trabalhado juntos para reformar a ONU e, em particular, o Conselho de Segurança. No Pacto para o Futuro, recentemente adotado na Cúpula do Futuro da ONU, todos os líderes mundiais concluíram que a reforma do Conselho de Segurança é urgente. O Japão, como membro do G4, trabalhará estreitamente para realizar essa reforma. O Japão e o Brasil são “parceiros estratégicos globais”, que compartilham valores e princípios. Para o Japão, o Brasil é um país amigo com laços humanos especiais, como base da maior comunidade nikkei do mundo, e o próximo ano marca os 130 anos do estabelecimento das relações diplomáticas entre os nossos países. Aproveitando esse marco, concordamos em designá-lo como o “Ano do Intercâmbio da Amizade Japão-Brasil”, promovendo a cooperação em diversos campos como cultura, turismo e esportes. Em termos de intercâmbio pessoal, o número de visitantes brasileiros ao Japão dobrou desde setembro do ano passado, após a isenção de visto de curto prazo. Espero que também aumentem as viagens de negócios entre os dois países. E com base no sucesso do passado, quero fazer deste um ano para abrir novas fronteiras de cooperação entre dois países. Minha visita ao Brasil por ocasião do G20 e o Ano do Intercâmbio da Amizade marcarão a abertura de um novo capítulo das relações Japão-Brasil. Trabalharei lado a lado com o presidente Lula, o governo e os representantes parlamentares para fortalecer ainda mais as relações bilaterais e a cooperação na arena internacional. *Shigeru Ishiba é primeiro-ministro do Japão desde outubro
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