A Roma de 'Gladiador 2': um roteiro pelo Coliseu e por outros tesouros da Antiguidade na capital italiana
Sequência do clássico de Ridley Scott inspira um novo olhar para as antigas atrações da 'Cidade Eterna' Simulações de batalhas navais e homens lutando contra animais selvagens numa arena de pedra e mármore, enquanto complexas intrigas políticas são tramadas em salões de palácios e templos grandiosos. Essas são algumas situações apresentadas “Gladiador 2”, filme com o qual o diretor Ridley Scott revisita a Roma Antiga. E que serve de motivo para muita gente colocar a capital italiana no topo de sua lista de desejos de viagem. Eternamente em obras: por que há tantos monumentos cercados por tapumes em Roma neste momento Pelo buraco da fechadura: a beleza escondida por trás de um dos melhores segredos de Roma Assim como o antecessor “Gladiador”, lançado em 2000 e também dirigido pelo cineasta inglês, o novo longa recria a capital do império mais famoso da História de maneira épica. O que se vê nas telas, claro, é fruto da magia do cinema, com cenários montados e muitos efeitos visuais. Mas quem caminha pela Roma atual não precisa de tecnologia alguma para se transportar muitos séculos ao passado, seja em visitas guiadas por atrações muito concorridas ou apenas encontrando ruínas milenares quase sem querer virando a esquina. Nos bastidores do Coliseu Visitantes conhecem os 'bastidores' do Coliseu, durante tour guiado pelo subsolo do anfiteatro Eduardo Maia Em nenhum dos muitos pontos históricos da cidade a Roma Antiga está tão viva quanto no Coliseu. Praticamente um protagonista de “Gladiador 2”, ao lado de Denzel Washington, Pedro Pascal, Paul Mescal e Connie Nielsen, o Anfiteatro Flaviano, como é oficialmente batizado, é um desses clichês incontornáveis, que merece ser visto de perto sempre, tanto por visitantes de primeira viagem quanto por veteranos. Especialmente por aqueles que estiveram em Roma pela última vez antes de maio de 2021, quando os subsolos do Coliseu foram abertos à visitação pela primeira vez. Desde então, um dos melhores programas da cidade é percorrer os corredores dos andares subterrâneos e conhecer os bastidores daquela que foi a maior arena da Antiguidade. Roma: Fontana di Trevi ganha passarela, e turistas podem visitar o monumento durante restauração Para visitar o setor, chamado de hipogeu, é preciso comprar um ingresso especial, o Full Experience Underground and Arena, vendido a € 24 pelo site oficial (colosseo.it), onde também é possível contratar um tour guiado, em inglês, espanhol ou italiano por mais € 8. Mas é preciso agilidade, já que os ingressos são colocados à venda on-line apenas um mês antes da data da visita e costumam esgotar rapidamente. A outra opção é comprar o passeio via agências, físicas ou virtuais, que podem cobrar até três vezes mais pelo mesmo ingresso. A passarela de madeira que permite o acesso dos visitantes ao hipogeu, o andar subterrâneo que ficava abaixo da arena do Coliseu de Roma Eduardo Maia Durante o tour, os visitantes percorrem parte do labirinto formado por 80 corredores e muitas câmaras, salas, passagens, escadas e rampas de acesso para a arena, localizada acima de suas cabeças. Durante o passeio, que dura pouco mais de uma hora, os guias contam muitas histórias a respeito do Coliseu, construído entre os anos 72 e 80 e que por quatro séculos recebeu os mais diversos tipos de atividades, quase sempre envolvendo altos níveis de violência. Das simulações de batalhas navais, que podem ter acontecido nos primeiros anos de atividade, às execuções em massa de prisioneiros, passando, claro, pelas batalhas entre gladiadores, que se tornaram a face mais notável da arena romana. Estes personagens, aliás, ganharam um espaço próprio no tour, com réplicas de armaduras e armas e explicações sobre as diferentes modalidades de lutadores. Os guias mostram também detalhes da engenharia, como o sistema com mais de 60 elevadores de madeira operados por escravizados que levavam pessoas e animais, de leões a rinocerontes, à arena, muitas vezes saindo de alçapões que se abriam no chão, e os canais de águas fluviais que permitiam a limpeza rápida do hipogeu. Uma passarela de madeira permite que os visitantes caminhem entre as paredes originais e observem de perto os tijolos unidos com uma argamassa que, dizem, era feita com cinzas vulcânicas. Réplica de um elevador usado para transportar animais e pessoas do subsolo à arena do Coliseu, em Roma: no auge do Império Romano, havia 60 elevadores no anfiteatro Eduardo Maia 'La dolce vita': um roteiro com experiências além dos cartões-postais em Roma e Florença O passeio guiado em si termina na arena, que atualmente cobre um terço da sua área original. Dali o visitante consegue ter um pouco a dimensão do tamanho do Coliseu, que podia comportar de 50 mil a 80 mil pessoas de uma só vez. E como num estádio dos dias atuais, os melhores assentos, mais próximos do palco, eram reservados para a elite, enquanto pobres e mulheres em geral só podiam sentar nas fileiras mais altas. O passeio pelo Coliseu se completa no pequeno museu,
Sequência do clássico de Ridley Scott inspira um novo olhar para as antigas atrações da 'Cidade Eterna' Simulações de batalhas navais e homens lutando contra animais selvagens numa arena de pedra e mármore, enquanto complexas intrigas políticas são tramadas em salões de palácios e templos grandiosos. Essas são algumas situações apresentadas “Gladiador 2”, filme com o qual o diretor Ridley Scott revisita a Roma Antiga. E que serve de motivo para muita gente colocar a capital italiana no topo de sua lista de desejos de viagem. Eternamente em obras: por que há tantos monumentos cercados por tapumes em Roma neste momento Pelo buraco da fechadura: a beleza escondida por trás de um dos melhores segredos de Roma Assim como o antecessor “Gladiador”, lançado em 2000 e também dirigido pelo cineasta inglês, o novo longa recria a capital do império mais famoso da História de maneira épica. O que se vê nas telas, claro, é fruto da magia do cinema, com cenários montados e muitos efeitos visuais. Mas quem caminha pela Roma atual não precisa de tecnologia alguma para se transportar muitos séculos ao passado, seja em visitas guiadas por atrações muito concorridas ou apenas encontrando ruínas milenares quase sem querer virando a esquina. Nos bastidores do Coliseu Visitantes conhecem os 'bastidores' do Coliseu, durante tour guiado pelo subsolo do anfiteatro Eduardo Maia Em nenhum dos muitos pontos históricos da cidade a Roma Antiga está tão viva quanto no Coliseu. Praticamente um protagonista de “Gladiador 2”, ao lado de Denzel Washington, Pedro Pascal, Paul Mescal e Connie Nielsen, o Anfiteatro Flaviano, como é oficialmente batizado, é um desses clichês incontornáveis, que merece ser visto de perto sempre, tanto por visitantes de primeira viagem quanto por veteranos. Especialmente por aqueles que estiveram em Roma pela última vez antes de maio de 2021, quando os subsolos do Coliseu foram abertos à visitação pela primeira vez. Desde então, um dos melhores programas da cidade é percorrer os corredores dos andares subterrâneos e conhecer os bastidores daquela que foi a maior arena da Antiguidade. Roma: Fontana di Trevi ganha passarela, e turistas podem visitar o monumento durante restauração Para visitar o setor, chamado de hipogeu, é preciso comprar um ingresso especial, o Full Experience Underground and Arena, vendido a € 24 pelo site oficial (colosseo.it), onde também é possível contratar um tour guiado, em inglês, espanhol ou italiano por mais € 8. Mas é preciso agilidade, já que os ingressos são colocados à venda on-line apenas um mês antes da data da visita e costumam esgotar rapidamente. A outra opção é comprar o passeio via agências, físicas ou virtuais, que podem cobrar até três vezes mais pelo mesmo ingresso. A passarela de madeira que permite o acesso dos visitantes ao hipogeu, o andar subterrâneo que ficava abaixo da arena do Coliseu de Roma Eduardo Maia Durante o tour, os visitantes percorrem parte do labirinto formado por 80 corredores e muitas câmaras, salas, passagens, escadas e rampas de acesso para a arena, localizada acima de suas cabeças. Durante o passeio, que dura pouco mais de uma hora, os guias contam muitas histórias a respeito do Coliseu, construído entre os anos 72 e 80 e que por quatro séculos recebeu os mais diversos tipos de atividades, quase sempre envolvendo altos níveis de violência. Das simulações de batalhas navais, que podem ter acontecido nos primeiros anos de atividade, às execuções em massa de prisioneiros, passando, claro, pelas batalhas entre gladiadores, que se tornaram a face mais notável da arena romana. Estes personagens, aliás, ganharam um espaço próprio no tour, com réplicas de armaduras e armas e explicações sobre as diferentes modalidades de lutadores. Os guias mostram também detalhes da engenharia, como o sistema com mais de 60 elevadores de madeira operados por escravizados que levavam pessoas e animais, de leões a rinocerontes, à arena, muitas vezes saindo de alçapões que se abriam no chão, e os canais de águas fluviais que permitiam a limpeza rápida do hipogeu. Uma passarela de madeira permite que os visitantes caminhem entre as paredes originais e observem de perto os tijolos unidos com uma argamassa que, dizem, era feita com cinzas vulcânicas. Réplica de um elevador usado para transportar animais e pessoas do subsolo à arena do Coliseu, em Roma: no auge do Império Romano, havia 60 elevadores no anfiteatro Eduardo Maia 'La dolce vita': um roteiro com experiências além dos cartões-postais em Roma e Florença O passeio guiado em si termina na arena, que atualmente cobre um terço da sua área original. Dali o visitante consegue ter um pouco a dimensão do tamanho do Coliseu, que podia comportar de 50 mil a 80 mil pessoas de uma só vez. E como num estádio dos dias atuais, os melhores assentos, mais próximos do palco, eram reservados para a elite, enquanto pobres e mulheres em geral só podiam sentar nas fileiras mais altas. O passeio pelo Coliseu se completa no pequeno museu, instalado nos corredores do segundo andar, que mostra desde artefatos encontrados nas escavações a maquetes e imagens explicando seu uso ao longo da história. O centro do poder Arco de Tito, um dos arcos honoríficos do Fórum Romano, a região que concentrava os principais templos e prédios públicos da Roma Antiga Eduardo Maia O ingresso do Coliseu dá acesso também a outros dois tesouros da Roma Antiga, localizados ali ao lado: o Fórum Romano, centro administrativo e religioso da cidade, e o Palatino, endereço dos palácios de reis e imperadores. A dica é reservar a parte da manhã para explorar essa região, antes da chegada dos incontáveis grupos de excursão. De acordo com os pesquisadores, os registros mais antigos de ocupação humana em Roma, datados de oito séculos antes de Cristo, foram encontrados no vale entre os montes Capitolino e Palatino, exatamente onde fica o Fórum Romano. Mas o que restou neste corredor são as ruínas de grandiosas construções do período áureo do império, como os triunfais arcos de Constantino (na entrada mais próxima ao Coliseu), de Tito (na parte mais perto do Monte Capitolino) e o de Sétimo Severo, mais central — este foi construído a mando do imperador homônimo, pai dos irmãos Caracala e Geta, que o sucederam no trono e aparecem como vilões em “Gladiador 2”. Fileira com estátuas nas ruínas da Casa das Vestais, uma das construções mais importantes do Fórum Romano, em Roma Eduardo Maia Outras ruínas impressionantes que merecem a atenção são as da Basílica de Maxêncio e Constantino, do pórtico de entrada do Templo de Saturno, da Casa das Vestais e do antigo Templo de Antônio e Faustina, um belo exemplar de construção imperial convertida em igreja na Idade Média. Já no Monte Palatino os visitantes encontram as lembranças do que já foi uma espécie de “condomínio” de palácios imperiais. Além das ruínas de construções monumentais, como o Domus Tiberiana e o Domus Flavia, há belos jardins onde se pode descansar e tentar imaginar o lugar dois mil anos atrás. Até tu, Brutus? O Largo di Torre Argentina, local onde Júlio César foi assassinado, no centro de Roma, foi reaberto ao público em 2023 Eduardo Maia Descendo o Palatino, chega-se ao Circo Máximo, a grande pista de corridas de bigas e cavalos do império que comportava até 150 mil espectadores e foi construído cerca de 400 anos antes do Coliseu. Perto dali, a Via Apia leva até as Termas de Caracala, o legado arquitetônico mais notável do imperador vilão do novo filme de Ridley Scott, que também é aberto à visitação (ingressos a € 13). Na região mais central da capital também não faltam atrativos, como o popularíssimo Panteão (que, desde o ano passado, cobra € 5 pela entrada) e o não tão badalado Templo de Adriano. Uma parada mais recente no roteiro é o Largo di Torre Argentina, num entroncamento de trânsito pesado, onde, nos idos de março de 44 a.C., Júlio César foi assassinado. Cena do crime: Roma restaura sítio arqueológico onde ocorreu o assassinato de Júlio César Em julho de 2023, a prefeitura da capital reabriu o local para visitação, após instalação de uma passarela que permite o passeio por entre os quatro templos dos séculos II e I a.C. E ver de perto as dezenas de gatos que vivem no local, mostrando que, séculos após os leões do Coliseu, são estes os felinos que dominam Roma.
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