Vidente das celebridades, Frank Andrews diz que quer se aposentar mas não consegue: 'Não me deixam ir embora'

Atendendo há quase 60 anos em sua casa em Manhattan, em Nova York, ele já teve como clientes John Lennon, Yoko Ono e Jason Alexander, o George de 'Seinfeld' Frank Andrews quer que as pessoas saibam uma coisa sobre a mediunidade: é exaustivo exercê-la. Captar energias aleatórias, receber visitas inesperadas de fantasmas e ouvir os problemas de pessoas ainda vivas. É emocionalmente desgastante, ainda mais depois de quase 60 anos fazendo esse trabalho. Andrews, de 83 anos, já teve clientes como John Lennon, Yoko Ono, a princesa Grace, Perry Ellis, Betsey Johnson e Jason Alexander. Entre os atuais, muitos são famosos, mas ele jamais revelará quem são: "Por isso confiam em mim." Outro momento: Luciano Camargo celebra carreira gospel e detalha relação com o irmão Zezé: 'Cada um na sua' 'Baby Brumilla': Ludmilla explica como Brunna Gonçalves engravidou por meio de método ROPA: 'Vamos ser mamães' Se dependesse dele, penduraria o manto metafísico e veria só uma ou duas pessoas por semana. Mas seus devotos, alguns dos quais trabalham com ele há mais de 40 anos, não querem nem ouvir falar nisso. "Não me deixam ir embora", disse, quase em tom de brincadeira. Imploram a ele que faça a leitura das mãos e o mapa astral e revele o que está nas cartas. O item principal da lista? Amor. "Todo mundo quer estar apaixonado", comentou Andrews, que não faz previsões sobre política. Em uma tarde amena de outubro, a casa de arenito de Andrews, que tem três andares, na Rua Mulberry, em Manhattan, estava decorada para o Halloween. Abóboras, bruxas de papelão e gatos pretos se misturavam aos móveis e tapetes antigos: pense na casa de uma avó, se ela conversasse com fantasmas toda noite. Quase cada centímetro das paredes está coberto por obras de arte que ele ganhou de amigos e clientes. Uma estatueta do Buda aqui. Uma bola de cristal ali. Peixes nadando em um aquário embutido em uma parede. – Tem um efeito calmante nas pessoas. Além disso, a água ajuda a me concentrar quando desvio o olhar das cartas – disse ele a respeito do aquário. Andrews se sentou a uma mesa de café da manhã com vista para uma magnólia no jardim dos fundos. Vibrante, de olhos arredondados, o rosto sem rugas e a cabeça cheia de cabelo branco ("Muitas mulheres perguntam: 'É de verdade? Posso tocar?'"), ele não parecia muito mais velho do que na serigrafia que seu amigo Andy Warhol fez dele no fim dos anos 80 – uma troca por um conjunto de litografias que Yoko Ono dera a Andrews, mostrando esta e John Lennon fazendo sexo. Casa de Frank Andrews em Manhattan Todd Heisler/The New York Times Tirando a dificuldade auditiva e algumas limitações para caminhar, Andrews afirmou que se sente bem. Eric Sherman, psicanalista radicado em Manhattan, visita Andrews a cada três meses para o que chama de uma "mamografia psíquica". – Às vezes, tenho preocupações muito específicas, mas com muita frequência vou até ele para fazer a previsão do tempo. Quando você sabe como está o clima, sabe como se vestir. Às vezes, a previsão erra e você leva um guarda-chuva sem precisar, mas, na maioria das vezes, fica feliz de estar com ele quando começa a chove – disse Sherman, de 73 anos, que conheceu Andrews há 35 anos. Ele considera Andrews, a quem tem como um amigo, geralmente "muito preciso": – O tempo é a parte mais difícil para um vidente. Ele pode dizer que alguma coisa vai acontecer dentro de um mês, e acaba ocorrendo em cinco meses. Mas Andrews acerta com exatidão a natureza da situação na grande maioria dos casos. Rick Skye, ator e cantor de quase 60 anos, conheceu Andrews há 30, quando procurava orientação profissional. – Ele profetizou: 'Você vai trabalhar no ramo, mas só depois dos 40 anos." Quando você tem 22, não quer esperar todo esse tempo. Quando completei 40, ele me disse: "Você vai ter muito sucesso na Inglaterra." Pensei: "Não conheço ninguém lá." Ele respondeu: "Uma mulher vai te ajudar. Não se preocupe, vai ser um grande sucesso." Três semanas depois, uma amiga de um amigo estava procurando um cantor americano para levar para Londres. Em um mês, Skye estreou um espetáculo lá. "Fui ovacionado. Frank estava certo." Desde então, recebeu convites para cantar na Escócia, na Irlanda e no West End, em Londres, um dos centros culturais mais importantes do mundo para o teatro e a música. Andrews, cujo nome de registro original é Frank Iacuzzo, nasceu em Buffalo, Nova York, é filho de um dono de restaurante e membro de uma família com dons intuitivos. Sua primeira visão foi por volta dos dez anos, quando uma parente distante apareceu ao lado de sua cama. "Vim me despedir", disse ela. Na manhã seguinte, o telefone tocou. Sua mãe foi atender em outra sala. "Adivinha quem morreu ontem à noite?", perguntou ao retornar. "Grace. Eu a vi. Estava no meu quarto ontem à noite", respondeu ele. "Ah, você viu um fantasma. Não conte para ninguém, porque vão pensar que você é louco", recomendou a mãe, despreocupada. Ser uma criança homossexual que via mortos não era fácil em Buffalo. Andr

Nov 14, 2024 - 00:25
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Vidente das celebridades, Frank Andrews diz que quer se aposentar mas não consegue: 'Não me deixam ir embora'

Atendendo há quase 60 anos em sua casa em Manhattan, em Nova York, ele já teve como clientes John Lennon, Yoko Ono e Jason Alexander, o George de 'Seinfeld' Frank Andrews quer que as pessoas saibam uma coisa sobre a mediunidade: é exaustivo exercê-la. Captar energias aleatórias, receber visitas inesperadas de fantasmas e ouvir os problemas de pessoas ainda vivas. É emocionalmente desgastante, ainda mais depois de quase 60 anos fazendo esse trabalho. Andrews, de 83 anos, já teve clientes como John Lennon, Yoko Ono, a princesa Grace, Perry Ellis, Betsey Johnson e Jason Alexander. Entre os atuais, muitos são famosos, mas ele jamais revelará quem são: "Por isso confiam em mim." Outro momento: Luciano Camargo celebra carreira gospel e detalha relação com o irmão Zezé: 'Cada um na sua' 'Baby Brumilla': Ludmilla explica como Brunna Gonçalves engravidou por meio de método ROPA: 'Vamos ser mamães' Se dependesse dele, penduraria o manto metafísico e veria só uma ou duas pessoas por semana. Mas seus devotos, alguns dos quais trabalham com ele há mais de 40 anos, não querem nem ouvir falar nisso. "Não me deixam ir embora", disse, quase em tom de brincadeira. Imploram a ele que faça a leitura das mãos e o mapa astral e revele o que está nas cartas. O item principal da lista? Amor. "Todo mundo quer estar apaixonado", comentou Andrews, que não faz previsões sobre política. Em uma tarde amena de outubro, a casa de arenito de Andrews, que tem três andares, na Rua Mulberry, em Manhattan, estava decorada para o Halloween. Abóboras, bruxas de papelão e gatos pretos se misturavam aos móveis e tapetes antigos: pense na casa de uma avó, se ela conversasse com fantasmas toda noite. Quase cada centímetro das paredes está coberto por obras de arte que ele ganhou de amigos e clientes. Uma estatueta do Buda aqui. Uma bola de cristal ali. Peixes nadando em um aquário embutido em uma parede. – Tem um efeito calmante nas pessoas. Além disso, a água ajuda a me concentrar quando desvio o olhar das cartas – disse ele a respeito do aquário. Andrews se sentou a uma mesa de café da manhã com vista para uma magnólia no jardim dos fundos. Vibrante, de olhos arredondados, o rosto sem rugas e a cabeça cheia de cabelo branco ("Muitas mulheres perguntam: 'É de verdade? Posso tocar?'"), ele não parecia muito mais velho do que na serigrafia que seu amigo Andy Warhol fez dele no fim dos anos 80 – uma troca por um conjunto de litografias que Yoko Ono dera a Andrews, mostrando esta e John Lennon fazendo sexo. Casa de Frank Andrews em Manhattan Todd Heisler/The New York Times Tirando a dificuldade auditiva e algumas limitações para caminhar, Andrews afirmou que se sente bem. Eric Sherman, psicanalista radicado em Manhattan, visita Andrews a cada três meses para o que chama de uma "mamografia psíquica". – Às vezes, tenho preocupações muito específicas, mas com muita frequência vou até ele para fazer a previsão do tempo. Quando você sabe como está o clima, sabe como se vestir. Às vezes, a previsão erra e você leva um guarda-chuva sem precisar, mas, na maioria das vezes, fica feliz de estar com ele quando começa a chove – disse Sherman, de 73 anos, que conheceu Andrews há 35 anos. Ele considera Andrews, a quem tem como um amigo, geralmente "muito preciso": – O tempo é a parte mais difícil para um vidente. Ele pode dizer que alguma coisa vai acontecer dentro de um mês, e acaba ocorrendo em cinco meses. Mas Andrews acerta com exatidão a natureza da situação na grande maioria dos casos. Rick Skye, ator e cantor de quase 60 anos, conheceu Andrews há 30, quando procurava orientação profissional. – Ele profetizou: 'Você vai trabalhar no ramo, mas só depois dos 40 anos." Quando você tem 22, não quer esperar todo esse tempo. Quando completei 40, ele me disse: "Você vai ter muito sucesso na Inglaterra." Pensei: "Não conheço ninguém lá." Ele respondeu: "Uma mulher vai te ajudar. Não se preocupe, vai ser um grande sucesso." Três semanas depois, uma amiga de um amigo estava procurando um cantor americano para levar para Londres. Em um mês, Skye estreou um espetáculo lá. "Fui ovacionado. Frank estava certo." Desde então, recebeu convites para cantar na Escócia, na Irlanda e no West End, em Londres, um dos centros culturais mais importantes do mundo para o teatro e a música. Andrews, cujo nome de registro original é Frank Iacuzzo, nasceu em Buffalo, Nova York, é filho de um dono de restaurante e membro de uma família com dons intuitivos. Sua primeira visão foi por volta dos dez anos, quando uma parente distante apareceu ao lado de sua cama. "Vim me despedir", disse ela. Na manhã seguinte, o telefone tocou. Sua mãe foi atender em outra sala. "Adivinha quem morreu ontem à noite?", perguntou ao retornar. "Grace. Eu a vi. Estava no meu quarto ontem à noite", respondeu ele. "Ah, você viu um fantasma. Não conte para ninguém, porque vão pensar que você é louco", recomendou a mãe, despreocupada. Ser uma criança homossexual que via mortos não era fácil em Buffalo. Andrews fugiu para Manhattan em 1959 para estudar mímica e acabou conseguindo um emprego no Museu Americano de História Natural, onde vendia guias de áudio por US$ 0,50. Pouco depois, conheceu Marion Tanner, em quem o romance "A mulher do Sséculo" foi baseado. Ela o incentivou a estudar o tarô e seguir carreira como vidente profissional. (A irmã mais nova de Andrews, Terry Iacuzzo, é uma professora de tarô conhecida na cidade.) Apenas por recomendações, ele logo atraiu uma clientela grande, disposta a pagar US$ 5 por leitura. Atualmente, o valor subiu para US$ 500. "Espero que isso faça as pessoas pararem de ligar", comentou. Contudo, fez uma participação interpretando um vidente em "Mistress América: quase irmãs", de Greta Gerwig, em uma cena filmada em sua sala de estar, que ainda mantém a decoração parecida com a dos anos 1960, época em que comprou o imóvel com uma entrada de US$ 6 mil. Andrews é reverenciado por sua discrição e sua honestidade. Se vê alguma coisa, ele diz, como pode atestar Monica Carden. Expulsou-a de casa na primeira vez em que ela o visitou. Carden, agora com 54 anos, vivia em Hong Kong e na Itália, onde foi vice-presidente de uma casa de moda italiana. Sua vida estava um caos: divorciando-se, saindo do emprego e preocupada com a saúde dos pais: – Eu só queria que alguém me garantisse que tudo ficaria bem. Andrews colocou as cartas sobre uma mesa Biedermeier, mobiliário de estilo europeu, olhou para o jogo à sua frente e balançou a cabeça. "Tem muita coisa aqui e você está me confundindo", disse ele. Em seguida, pediu a ela que fosse embora. Carden ficou alarmada, mas acabaram se tornando amigos quando, depois de um mês, ela o procurou e se ofereceu para preparar o jantar na casa dele. Segundo ela, as previsões, é claro, por fim se confirmaram. Tanya Selvaratnam, de 53 anos, autora e cineasta em Manhattan, se consulta com Andrews há anos. – Seu preço é similar ao de um personal trainer ou um terapeuta, e vale a pena porque Frank é muito afetivo, agradável e transmite sabedoria – comentou. Ela credita a Andrews uma mudança em sua trajetória de vida. Quando se conheceram, há 30 anos, ela estudava história do direito em Harvard. – Frank disse: "Termine, pegue o diploma e guarde na gaveta. Você é uma artista." Ele me viu passar por abortos, dois tipos de câncer, um divórcio e um relacionamento abusivo. O segredo é ouvir o que ele diz e interpretar do seu jeito. Nem todo mundo consegue fazer isso. As pessoas querem ouvir: "Você vai ser feliz para sempre." Ele vai dizer: "Vai ficar tudo bem por enquanto, mas não espere que dure."

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