Ricardo Nunes planeja novo mandato com trocas no secretariado, extinção da SPTrans e parcerias com escolas privadas
Vencida a eleição, agora ele precisa acomodar na gestão municipal os 12 partidos que formaram sua base de apoio na disputa Prefeito reeleito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB) estuda uma série de mudanças no primeiro escalão municipal em 2025. Entre as alterações, está em análise a extinção da SPTrans, empresa pública responsável pela gestão do transporte coletivo e do Bilhete Único que integra ônibus, metrôs e outros modais na capital paulista. A reforma inclui ainda trocas de secretários, extinção de outros órgãos públicos e parcerias com a iniciativa privada na área da educação. Entrevista: 'Eu não gostei, lógico', diz Nunes sobre falas dúbias de Bolsonaro a respeito de Marçal na campanha Para cobrar: Da segurança à saúde, as promessas de Ricardo Nunes para o próximo mandato em 11 áreas Criada na gestão de Paulo Maluf, em 1995, a SPTrans controla o sistema de ônibus da cidade, que é operado por empresas concessionárias. Atualmente, está sob o guarda-chuva da Secretaria de Mobilidade e Trânsito — cujo secretário, Celso Gonçalves Barbosa, está entre os nomes que devem deixar o governo. Nunes, segundo fontes próximas, teria passado por dificuldades para tocar projetos na empresa pública ao longo do mandato. Além de controlar o sistema de ônibus, a SPTrans passou a administrar diretamente duas empresas do setor, a UPBus e a Transwolff, após investigações apontarem a ligação delas com o Primeiro Comando da Capital (PCC), em abril — O GLOBO mostrou que, depois da intervenção, as queixas de usuários contra a Transwolff caíram, mas elas aumentaram no caso da UPBus. Concessões concentradas A ideia estudada por Nunes seria repassar o controle dos contratos de ônibus para a SP Regula, agência que já cuida das concessões nas áreas de coleta de lixo, iluminação urbana e cemitérios. No atual mandato, mas ainda em 2020, Bruno Covas extinguiu o Serviço Funerário, a Autoridade Municipal de Limpeza Urbana (Amlurb) e a Ilume. A SP Regula também foi criada pelo ex-prefeito, falecido em 2021. A avaliação é que, como o serviço de ônibus já é operado pela iniciativa privada, o rearranjo seria plausível. A SPTrans faz ainda o planejamento do transporte municipal, o que inclui a definição do desenho e a programação das linhas de ônibus. A empresa é também responsável por tocar novos investimentos no setor, como o Aquático SP — que passou a operar em maio na represa Billings, na zona sul. As funções ligadas ao planejamento seriam assumidas diretamente pela Secretaria de Mobilidade e Trânsito, que define as políticas públicas de mobilidade. O desenho da mudança, porém, ainda está em debate. O prefeito, segundo O GLOBO apurou, estuda a fusão de duas outras empresas públicas: a SP Obras e a SP Urbanismo. Até 2009, ambas eram uma estrutura só, a Emurb. Atualmente, a SP Obras é vinculada à Secretaria de Infraestrutura Urbana e Obras e a SP Urbanismo, à Secretaria de Desenvolvimento Urbano. Vencida a eleição, Nunes precisa acomodar na gestão municipal os 12 partidos que formaram sua base de apoio na disputa. O novo secretariado ainda não foi definido, mas algumas mudanças são prováveis e há nomes cotados para deixar o governo. Devem ficar de fora da próxima gestão os secretários que abdicaram do posto para concorrer a cargos legislativos e acabaram derrotados nas urnas. Em abril, três integrantes do primeiro escalão pediram exoneração para tentar uma vaga de vereador, mas nenhum se elegeu. São os ex-secretários de Segurança Urbana, Elza Paulina (MDB); de Cultura, Aline Torres (MDB); e de Assistência e Desenvolvimento Social, Carlos Bezerra Jr (PSD). Segundo fonte próxima, seria “ruim politicamente” para o prefeito readmitir quem não teve sucesso no voto popular. Também deve deixar a administração o secretário de Mobilidade e Trânsito, Celso Gonçalves Barbosa, que viveu um desgaste com Nunes. Em abril, Barbosa anunciou que aumentaria o número de radares na cidade. A medida, impopular em ano eleitoral, foi vetada pelo prefeito no dia seguinte, com puxões de orelha públicos no secretário. Posições estratégicas Por outro lado, a manutenção de nomes próximos de Nunes como o secretário de Governo, Edson Aparecido (MDB), e da Casa Civil, Fabrício Cobra, é dada como certa. O vice eleito, coronel Mello Araújo (PL), pode ocupar uma posição mais estratégica coordenando secretarias quando necessário, em vez de assumir uma pasta. Na semana passada, Nunes montou um grupo para definir o desenho do novo secretariado, coordenado por Aparecido. A ideia é fazer uma avaliação do que está funcionando e do que precisa ser melhorado, além de definir os temas prioritários na próxima gestão, para escolher quais pastas terão destaque. Em outra frente, Nunes pretende ampliar as parcerias com a iniciativa privada na educação. O plano seria adotar um modelo de convênios com entidades e escolas particulares para o ensino fundamental, a exemplo do que já ocorre com as creches conveniadas e da parceria com o Liceu Coração de Jesus, no Centro — em 2023, a escola f
Vencida a eleição, agora ele precisa acomodar na gestão municipal os 12 partidos que formaram sua base de apoio na disputa Prefeito reeleito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB) estuda uma série de mudanças no primeiro escalão municipal em 2025. Entre as alterações, está em análise a extinção da SPTrans, empresa pública responsável pela gestão do transporte coletivo e do Bilhete Único que integra ônibus, metrôs e outros modais na capital paulista. A reforma inclui ainda trocas de secretários, extinção de outros órgãos públicos e parcerias com a iniciativa privada na área da educação. Entrevista: 'Eu não gostei, lógico', diz Nunes sobre falas dúbias de Bolsonaro a respeito de Marçal na campanha Para cobrar: Da segurança à saúde, as promessas de Ricardo Nunes para o próximo mandato em 11 áreas Criada na gestão de Paulo Maluf, em 1995, a SPTrans controla o sistema de ônibus da cidade, que é operado por empresas concessionárias. Atualmente, está sob o guarda-chuva da Secretaria de Mobilidade e Trânsito — cujo secretário, Celso Gonçalves Barbosa, está entre os nomes que devem deixar o governo. Nunes, segundo fontes próximas, teria passado por dificuldades para tocar projetos na empresa pública ao longo do mandato. Além de controlar o sistema de ônibus, a SPTrans passou a administrar diretamente duas empresas do setor, a UPBus e a Transwolff, após investigações apontarem a ligação delas com o Primeiro Comando da Capital (PCC), em abril — O GLOBO mostrou que, depois da intervenção, as queixas de usuários contra a Transwolff caíram, mas elas aumentaram no caso da UPBus. Concessões concentradas A ideia estudada por Nunes seria repassar o controle dos contratos de ônibus para a SP Regula, agência que já cuida das concessões nas áreas de coleta de lixo, iluminação urbana e cemitérios. No atual mandato, mas ainda em 2020, Bruno Covas extinguiu o Serviço Funerário, a Autoridade Municipal de Limpeza Urbana (Amlurb) e a Ilume. A SP Regula também foi criada pelo ex-prefeito, falecido em 2021. A avaliação é que, como o serviço de ônibus já é operado pela iniciativa privada, o rearranjo seria plausível. A SPTrans faz ainda o planejamento do transporte municipal, o que inclui a definição do desenho e a programação das linhas de ônibus. A empresa é também responsável por tocar novos investimentos no setor, como o Aquático SP — que passou a operar em maio na represa Billings, na zona sul. As funções ligadas ao planejamento seriam assumidas diretamente pela Secretaria de Mobilidade e Trânsito, que define as políticas públicas de mobilidade. O desenho da mudança, porém, ainda está em debate. O prefeito, segundo O GLOBO apurou, estuda a fusão de duas outras empresas públicas: a SP Obras e a SP Urbanismo. Até 2009, ambas eram uma estrutura só, a Emurb. Atualmente, a SP Obras é vinculada à Secretaria de Infraestrutura Urbana e Obras e a SP Urbanismo, à Secretaria de Desenvolvimento Urbano. Vencida a eleição, Nunes precisa acomodar na gestão municipal os 12 partidos que formaram sua base de apoio na disputa. O novo secretariado ainda não foi definido, mas algumas mudanças são prováveis e há nomes cotados para deixar o governo. Devem ficar de fora da próxima gestão os secretários que abdicaram do posto para concorrer a cargos legislativos e acabaram derrotados nas urnas. Em abril, três integrantes do primeiro escalão pediram exoneração para tentar uma vaga de vereador, mas nenhum se elegeu. São os ex-secretários de Segurança Urbana, Elza Paulina (MDB); de Cultura, Aline Torres (MDB); e de Assistência e Desenvolvimento Social, Carlos Bezerra Jr (PSD). Segundo fonte próxima, seria “ruim politicamente” para o prefeito readmitir quem não teve sucesso no voto popular. Também deve deixar a administração o secretário de Mobilidade e Trânsito, Celso Gonçalves Barbosa, que viveu um desgaste com Nunes. Em abril, Barbosa anunciou que aumentaria o número de radares na cidade. A medida, impopular em ano eleitoral, foi vetada pelo prefeito no dia seguinte, com puxões de orelha públicos no secretário. Posições estratégicas Por outro lado, a manutenção de nomes próximos de Nunes como o secretário de Governo, Edson Aparecido (MDB), e da Casa Civil, Fabrício Cobra, é dada como certa. O vice eleito, coronel Mello Araújo (PL), pode ocupar uma posição mais estratégica coordenando secretarias quando necessário, em vez de assumir uma pasta. Na semana passada, Nunes montou um grupo para definir o desenho do novo secretariado, coordenado por Aparecido. A ideia é fazer uma avaliação do que está funcionando e do que precisa ser melhorado, além de definir os temas prioritários na próxima gestão, para escolher quais pastas terão destaque. Em outra frente, Nunes pretende ampliar as parcerias com a iniciativa privada na educação. O plano seria adotar um modelo de convênios com entidades e escolas particulares para o ensino fundamental, a exemplo do que já ocorre com as creches conveniadas e da parceria com o Liceu Coração de Jesus, no Centro — em 2023, a escola firmou um acordo para receber 500 alunos da rede pública, custeados pela prefeitura. Caso os resultados das avaliações de ensino sejam positivos, Nunes pretende repetir a estratégia em outras instituições.
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