Queda estrutural de juros depende de ‘choques positivos’ na política fiscal, afirma Campos Neto
Presidente do BC ressaltou que Brasil é exceção em movimento global de convergência da inflação O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta quinta-feira que uma redução estrutural da taxas básica de juros no Brasil está condicionada a "choques positivos” na política fiscal. Ele ressaltou que, sem ter as contas organizadas, o país dificilmente terá juros estruturais “mais baixos e estáveis”. Na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) aumentou a Selic em 0,5 ponto percentual, de 10,75% para 11,25% ao ano. Na ata, divulgada nesta terça-feira, o colegiado cita o “desconforto" com a distância das expectativas de inflação em relação à meta de 3,0%. Em participação por videoconferência no 12º Fórum Liberdade e Democracia de Vitória, organizado pelo Instituto Líderes do Amanhã, Campos Neto destacou que há uma expectativa de convergência da inflação na maior parte do mundo, “com raras exceções”, e afirmou que o Brasil, entre as grandes economia, é o único em que o mercado financeiro tem a percepção de que ainda é necessário um ajuste forte nos juros. — Infelizmente o Brasil é o único nessa situação entre os grandes países e a gente precisa entender e endereçar isso, porque é muito importante — disse o chefe da autoridade monetária, que acrescentou que convergir a inflação para a meta é “mandado” do Banco Central “dado pelo governo”. Ao tratar de inflação, ele destacou que já havia uma desancorarem (quando as expectativas de inflação se afastam da meta), que agora tem crescido. Ele voltou a dizer que há uma preocupação “muito grande” com o desvio. Ao apresentar um gráfico sobre a trajetória da curva de juros brasileira desde 2015, o presidente do BC afirmou que “em todos os momentos” em que o Brasil conseguiu reduzir a Selic de forma estrutural e mantê-la baixa, isso esteve diretamente relacionado a choques fiscais positivos. Como exemplo, Campos Neto citou a aprovação do teto de gastos, implementado em 2017. — De um tempo para cá, desde a mudança da meta fiscal, o mercado começou a colocar um prêmio de risco maior e ter uma desconfiança maior sobre a capacidade de o governo atingir as metas — ressaltou ele, que acrescentou que a piora no prêmio de risco e a elevação dos juros estão “conectados”. — É muito difícil ter juros estruturais mais baixos e estáveis e se o fiscal não tiver organizado. Impacto de Trump No cenário internacional, Campos Neto enfatizou que a volta de Donald Trump à Casa Branca gera incertezas sobre a pressão inflacionária no país, em razão da política fiscal, da perspectiva de aumento do protecionismo e da implementação de medidas anti-imigração, que podem encarecer a mão de obra no país. Mais cedo, em participação por videoconferência no 12º Annual Summit do Valor Capital Group, o chefe da autoridade monetária ressaltou que a presidência de Trump deve pressionar o dólar nos países emergentes, mas avaliou que o Brasil poderia ser menos impactado. — Claro, se você tem um dólar forte, isso afeta todos os mercados emergentes, mas minha visão é de que o Brasil será menos afetado — afirmou. Na segunda agenda do dia, ele também mencionou a preocupação com cenário atual de dívida elevada no mundo, com o custo crescente de manutenção dessa dívida, o que deve prejudicar mais países de renda baixa. Campos Neto também destacou que a nova política comercial dos EUA pode afetar, em especial, a China, em razão da transição do país param modelo mais orientado à exportação, com foco em produtos de maior valor agregado, com veículos elétricos e painéis solares. Para ele, o protecionismo elevado deve impactar o crescimento do país.
Presidente do BC ressaltou que Brasil é exceção em movimento global de convergência da inflação O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta quinta-feira que uma redução estrutural da taxas básica de juros no Brasil está condicionada a "choques positivos” na política fiscal. Ele ressaltou que, sem ter as contas organizadas, o país dificilmente terá juros estruturais “mais baixos e estáveis”. Na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) aumentou a Selic em 0,5 ponto percentual, de 10,75% para 11,25% ao ano. Na ata, divulgada nesta terça-feira, o colegiado cita o “desconforto" com a distância das expectativas de inflação em relação à meta de 3,0%. Em participação por videoconferência no 12º Fórum Liberdade e Democracia de Vitória, organizado pelo Instituto Líderes do Amanhã, Campos Neto destacou que há uma expectativa de convergência da inflação na maior parte do mundo, “com raras exceções”, e afirmou que o Brasil, entre as grandes economia, é o único em que o mercado financeiro tem a percepção de que ainda é necessário um ajuste forte nos juros. — Infelizmente o Brasil é o único nessa situação entre os grandes países e a gente precisa entender e endereçar isso, porque é muito importante — disse o chefe da autoridade monetária, que acrescentou que convergir a inflação para a meta é “mandado” do Banco Central “dado pelo governo”. Ao tratar de inflação, ele destacou que já havia uma desancorarem (quando as expectativas de inflação se afastam da meta), que agora tem crescido. Ele voltou a dizer que há uma preocupação “muito grande” com o desvio. Ao apresentar um gráfico sobre a trajetória da curva de juros brasileira desde 2015, o presidente do BC afirmou que “em todos os momentos” em que o Brasil conseguiu reduzir a Selic de forma estrutural e mantê-la baixa, isso esteve diretamente relacionado a choques fiscais positivos. Como exemplo, Campos Neto citou a aprovação do teto de gastos, implementado em 2017. — De um tempo para cá, desde a mudança da meta fiscal, o mercado começou a colocar um prêmio de risco maior e ter uma desconfiança maior sobre a capacidade de o governo atingir as metas — ressaltou ele, que acrescentou que a piora no prêmio de risco e a elevação dos juros estão “conectados”. — É muito difícil ter juros estruturais mais baixos e estáveis e se o fiscal não tiver organizado. Impacto de Trump No cenário internacional, Campos Neto enfatizou que a volta de Donald Trump à Casa Branca gera incertezas sobre a pressão inflacionária no país, em razão da política fiscal, da perspectiva de aumento do protecionismo e da implementação de medidas anti-imigração, que podem encarecer a mão de obra no país. Mais cedo, em participação por videoconferência no 12º Annual Summit do Valor Capital Group, o chefe da autoridade monetária ressaltou que a presidência de Trump deve pressionar o dólar nos países emergentes, mas avaliou que o Brasil poderia ser menos impactado. — Claro, se você tem um dólar forte, isso afeta todos os mercados emergentes, mas minha visão é de que o Brasil será menos afetado — afirmou. Na segunda agenda do dia, ele também mencionou a preocupação com cenário atual de dívida elevada no mundo, com o custo crescente de manutenção dessa dívida, o que deve prejudicar mais países de renda baixa. Campos Neto também destacou que a nova política comercial dos EUA pode afetar, em especial, a China, em razão da transição do país param modelo mais orientado à exportação, com foco em produtos de maior valor agregado, com veículos elétricos e painéis solares. Para ele, o protecionismo elevado deve impactar o crescimento do país.
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