Presidente da Apex sobre Trump: Brasil tem que ser pragmático

Jorge Viana reconhece importância de parceria comercial e diz que Brasil tem que "saber separar as coisas" A volta de Donald Trump à Casa Branca trará “tensionamento” às relações internacionais e o Brasil precisa ter uma atitude pragmática para lidar com o governo americano liderado por ele. É o que acredita Jorge Viana, presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil). Eleições americanas 2024: Trump vence Kamala Harris e voltará à Presidência dos EUA; acompanhe ao vivo Amorim diz que relação do governo Lula com Trump será ‘pragmática’: ‘Candidato fala muita coisa, mas a prática ensina’ — Só tem um caminho para nós com a eleição do Trump, que é ter um pragmatismo na relação comercial, entendendo que os Estados Unidos são um grande parceiro comercial, que têm contenciosos mundo afora. O Brasil tem que saber separar as coisas: negócios à parte. Mas minha opinião é que a eleição do Trump deverá levar a um aumento do tensionamento da agenda do mundo, começando pela da mudança climática. Nós temos que enfrentar as mudanças climáticas, implementar o Acordo de Paris. E sabemos que o Trump tem um comportamento muito intensamente contrário àquilo que o Acordo de Paris traz. Então é um ponto de tensionamento — disse Viana na cidade japonesa de Kioto, justamente onde foi assinado o primeiro acordo internacional que estabeleceu compromissos para reduzir a emissão dos gases de efeito estufa. Guga Chacra: Empoderado e messiânico, Trump se vinga e volta à Casa Branca Viana passou os últimos dias em Tóquio em reuniões com adidos agrícolas e diplomatas de países da região com o objetivo de estabelecer uma estratégia comercial para o Brasil na Ásia. Nesta quinta ele receberá as chaves do pavilhão do Brasil na Expo Osaka 2025, que ocorrerá entre abril e outubro. No encontro que Viana teve com os adidos e diplomatas, na Tailândia e no Japão, foi citado com frequência o impacto de fatores geopolíticos no comércio mundial. Trump é um dos fatores de instabilidade. Para Viana, não dá para achar que haverá “paz e harmonia no mundo tão cedo”. No comércio exterior, se cumprir a ameaça de lançar uma nova guerra comercial com a China o presidente eleito geraria pressões inflacionárias nos EUA, seguidas do aumento nas taxas de juros pelo Federal Reserve, o banco central americano. Isso teria consequências negativas para o Brasil, ao manter o dólar em alta. Mas a volta de Trump também pode criar oportunidades para o Brasil, que se tornou o maior fornecedor de soja e milho para o mercado chinês em meio ao aumento das tensões entre Washington e Pequim. Os EUA são grandes produtores de ambos os produtos. — Do ponto de vista histórico, nós sempre tivemos melhor resultado com os republicanos do que com os democratas nas relações comerciais e até de negócios. Tomara que esse histórico se repita — disse. — O posicionamento do Brasil e do presidente Lula tem sido sempre pragmático. Ele não vai usar a eleição nos EUA para marcar posição e causar tensionamento. O presidente tem deixado muito claro que quer lutar pela paz no mundo e que o Brasil tenha diálogo com todos. Eleições EUA: Quem é JD Vance, o novo vice-presidente americano? Além da agricultura, a indústria brasileira também pode se beneficiar da rivalidade entre as duas maiores economias do mundo, como ocorreu com o México, que está sediando mais fábricas chinesas que querem driblar tarifas altas na exportação para os EUA. — Para mim é definitivo que o Brasil deve sediar indústrias seja de que país for, dos Estados Unidos ou da China. Pela oferta de energia e materiais críticos que nós temos o Brasil é um endereço para isso. E acho que independente do maior tensionamento que possa haver entre China e Estados Unidos, o Brasil não pode jogar fora essas oportunidades, seja ampliar sua produção industrial para atender os Estados Unidos e suprir essa substituição que querem fazer em relação à China, seja para ter empresas chinesas produzindo no Brasil para a América Latina. Aí cabe o pragmatismo — disse Viana. *O repórter viajou a convite da ApexBrasil

Nov 6, 2024 - 19:04
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Presidente da Apex sobre Trump: Brasil tem que ser pragmático

Jorge Viana reconhece importância de parceria comercial e diz que Brasil tem que "saber separar as coisas" A volta de Donald Trump à Casa Branca trará “tensionamento” às relações internacionais e o Brasil precisa ter uma atitude pragmática para lidar com o governo americano liderado por ele. É o que acredita Jorge Viana, presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil). Eleições americanas 2024: Trump vence Kamala Harris e voltará à Presidência dos EUA; acompanhe ao vivo Amorim diz que relação do governo Lula com Trump será ‘pragmática’: ‘Candidato fala muita coisa, mas a prática ensina’ — Só tem um caminho para nós com a eleição do Trump, que é ter um pragmatismo na relação comercial, entendendo que os Estados Unidos são um grande parceiro comercial, que têm contenciosos mundo afora. O Brasil tem que saber separar as coisas: negócios à parte. Mas minha opinião é que a eleição do Trump deverá levar a um aumento do tensionamento da agenda do mundo, começando pela da mudança climática. Nós temos que enfrentar as mudanças climáticas, implementar o Acordo de Paris. E sabemos que o Trump tem um comportamento muito intensamente contrário àquilo que o Acordo de Paris traz. Então é um ponto de tensionamento — disse Viana na cidade japonesa de Kioto, justamente onde foi assinado o primeiro acordo internacional que estabeleceu compromissos para reduzir a emissão dos gases de efeito estufa. Guga Chacra: Empoderado e messiânico, Trump se vinga e volta à Casa Branca Viana passou os últimos dias em Tóquio em reuniões com adidos agrícolas e diplomatas de países da região com o objetivo de estabelecer uma estratégia comercial para o Brasil na Ásia. Nesta quinta ele receberá as chaves do pavilhão do Brasil na Expo Osaka 2025, que ocorrerá entre abril e outubro. No encontro que Viana teve com os adidos e diplomatas, na Tailândia e no Japão, foi citado com frequência o impacto de fatores geopolíticos no comércio mundial. Trump é um dos fatores de instabilidade. Para Viana, não dá para achar que haverá “paz e harmonia no mundo tão cedo”. No comércio exterior, se cumprir a ameaça de lançar uma nova guerra comercial com a China o presidente eleito geraria pressões inflacionárias nos EUA, seguidas do aumento nas taxas de juros pelo Federal Reserve, o banco central americano. Isso teria consequências negativas para o Brasil, ao manter o dólar em alta. Mas a volta de Trump também pode criar oportunidades para o Brasil, que se tornou o maior fornecedor de soja e milho para o mercado chinês em meio ao aumento das tensões entre Washington e Pequim. Os EUA são grandes produtores de ambos os produtos. — Do ponto de vista histórico, nós sempre tivemos melhor resultado com os republicanos do que com os democratas nas relações comerciais e até de negócios. Tomara que esse histórico se repita — disse. — O posicionamento do Brasil e do presidente Lula tem sido sempre pragmático. Ele não vai usar a eleição nos EUA para marcar posição e causar tensionamento. O presidente tem deixado muito claro que quer lutar pela paz no mundo e que o Brasil tenha diálogo com todos. Eleições EUA: Quem é JD Vance, o novo vice-presidente americano? Além da agricultura, a indústria brasileira também pode se beneficiar da rivalidade entre as duas maiores economias do mundo, como ocorreu com o México, que está sediando mais fábricas chinesas que querem driblar tarifas altas na exportação para os EUA. — Para mim é definitivo que o Brasil deve sediar indústrias seja de que país for, dos Estados Unidos ou da China. Pela oferta de energia e materiais críticos que nós temos o Brasil é um endereço para isso. E acho que independente do maior tensionamento que possa haver entre China e Estados Unidos, o Brasil não pode jogar fora essas oportunidades, seja ampliar sua produção industrial para atender os Estados Unidos e suprir essa substituição que querem fazer em relação à China, seja para ter empresas chinesas produzindo no Brasil para a América Latina. Aí cabe o pragmatismo — disse Viana. *O repórter viajou a convite da ApexBrasil

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