No Rio, prefeitos do U20 pressionam G20 por financiamento e políticas climáticas inclusivas

Antha Willians, membro do Conselho da C40 e líder do Programa de Meio Ambiente da Bloomberg Philanthropies, destaca papel municipal para combater aquecimento global A partir desta quinta-feira, mais de 70 prefeitos de todo o mundo estarão reunidos no Rio de Janeiro para o Urban 20 (U20), que faz parte da Cúpula do G20 e tem como objetivo definir uma agenda para reforçar o papel dos municípios na redução das emissões de gases causadores do efeito estufa . O U20 é organizado pelas cidades do Rio e São Paulo e promovido pela C40 Cities, rede de quase 100 prefeitos das principais cidades do mundo, e pela organização Cidades e Governos Locais Unidos (UCLG). Em entrevista ao GLOBO, Antha Willians, membro do Conselho da C40 e líder do Programa de Meio Ambiente da Bloomberg Philanthropies, afirmou que o papel municipal ganhará força com a eleição de Donald Trump nos EUA. "Qualquer líder em posição de poder deve aceitar a ciência e os impactos das mudanças climáticas". Para ela, estados e empresas devem liderar a questão climática em nível local, com ou sem aliados no governo federal. O U20 é organizado pelas cidades do Rio e São Paulo e promovido pela C40 Cities, rede de quase 100 prefeitos das principais cidades do mundo, e pela organização Cidades e Governos Locais Unidos (UCLG). Como as discussões do U20 podem ajudar as cidades do Brasil a atrair investimentos para o enfrentamento das mudanças climáticas? As cidades abrigam mais da metade da população mundial e impulsionam a economia global. Nenhum progresso pode ser alcançado sem elas. Os prefeitos vão pressionar por uma colaboração mais estreita entre cidades e governos federais para desenvolver compromissos climáticos nacionais mais ousados até 2025 e aumentar o financiamento público para soluções urbanas inovadoras, capacitando as cidades a reduzir emissões de maneira mais rápida. O financiamento será um tema prioritário no U20 e na COP29, pois as cidades não carecem de ambição climática, mas de recursos para transformar essa ambição em realidade. Mas o financiamento é um desafio? Esse é o maior desafio enfrentado pelas cidades ao redor do mundo para implementar soluções climáticas na velocidade necessária. O financiamento climático urbano precisa ser uma prioridade para governos e bancos multilaterais, não só para lidar com riscos climáticos, mas também para criar empregos, reduzir a poluição e construir comunidades mais sustentáveis e resilientes. Com o apoio adequado, cidades como o Rio de Janeiro poderiam criar mais de 900 mil empregos verdes até 2030. E qual tem sido o papel do U20 nessas discussões? Desde 2017, o U20 tem ajudado a trazer atenção e recursos para a ação climática urbana. Prefeitos das cidades do C40 estão comprometidos com uma abordagem inclusiva e colaborativa para reduzir suas emissões pela metade até 2030. O empresário Donald Trump foi eleito para um novo mandato nos EUA. Em sua primeira passagem, ele retirou os EUA do Acordo de Paris. Como você avalia os possíveis impactos dessa decisão na agenda climática global? É claro que cidades, estados e empresas nos EUA lideram a questão climática em nível local, com ou sem aliados no governo federal. Fóruns como o U20 são importantes para dar aos líderes a nível municipal e estadual um papel formal no cenário internacional. Trump foi criticado por sua postura de negação da mudança climática. É possível pleitear uma direção estratégica ao governo Trump em relação à política ambiental? Qualquer líder em posição de poder deve aceitar a ciência e os impactos das mudanças climáticas. Temos soluções que minimizam esses efeitos e, ao mesmo tempo, criam empregos, fortalecem a economia e protegem a saúde pública. Você acha possível encontrar um equilíbrio entre interesses econômicos e preservação ambiental? As soluções climáticas beneficiam tanto o planeta quanto a economia. Iniciativas urbanas de clima, como a TransBrasil ( via expressa que liga Deodoro ao Centro do Rio), são motores poderosos de criação de empregos e crescimento econômico, melhorando a qualidade de vida dos moradores. O que evoluiu desde a Rio+20, em 2012, em termos de discussões e projetos concretos que demonstram maior poder de decisão para iniciativas locais? Governos locais ao redor do mundo continuam liderando como catalisadores da ação climática, especialmente quando os governos nacionais ficam atrás. O próprio U20 representa um enorme progresso desde 2012, oferecendo uma oportunidade para que as cidades participem do G20. Dez anos atrás, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, se tornou o primeiro prefeito da região Sul a presidir o C40. Na sua opinião, qual é o papel estratégico do Brasil, especialmente no contexto de sediar a COP30, em incentivar outras nações a se engajarem na agenda de desenvolvimento sustentável e descarbonização? A liderança do Brasil no G20 e na COP30 representa uma oportunidade única de demonstrar como a ação climática pode impulsionar o crescimento econômico e melhorar a qualidade de vida d

Nov 14, 2024 - 05:05
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No Rio, prefeitos do U20 pressionam G20 por financiamento e políticas climáticas inclusivas

Antha Willians, membro do Conselho da C40 e líder do Programa de Meio Ambiente da Bloomberg Philanthropies, destaca papel municipal para combater aquecimento global A partir desta quinta-feira, mais de 70 prefeitos de todo o mundo estarão reunidos no Rio de Janeiro para o Urban 20 (U20), que faz parte da Cúpula do G20 e tem como objetivo definir uma agenda para reforçar o papel dos municípios na redução das emissões de gases causadores do efeito estufa . O U20 é organizado pelas cidades do Rio e São Paulo e promovido pela C40 Cities, rede de quase 100 prefeitos das principais cidades do mundo, e pela organização Cidades e Governos Locais Unidos (UCLG). Em entrevista ao GLOBO, Antha Willians, membro do Conselho da C40 e líder do Programa de Meio Ambiente da Bloomberg Philanthropies, afirmou que o papel municipal ganhará força com a eleição de Donald Trump nos EUA. "Qualquer líder em posição de poder deve aceitar a ciência e os impactos das mudanças climáticas". Para ela, estados e empresas devem liderar a questão climática em nível local, com ou sem aliados no governo federal. O U20 é organizado pelas cidades do Rio e São Paulo e promovido pela C40 Cities, rede de quase 100 prefeitos das principais cidades do mundo, e pela organização Cidades e Governos Locais Unidos (UCLG). Como as discussões do U20 podem ajudar as cidades do Brasil a atrair investimentos para o enfrentamento das mudanças climáticas? As cidades abrigam mais da metade da população mundial e impulsionam a economia global. Nenhum progresso pode ser alcançado sem elas. Os prefeitos vão pressionar por uma colaboração mais estreita entre cidades e governos federais para desenvolver compromissos climáticos nacionais mais ousados até 2025 e aumentar o financiamento público para soluções urbanas inovadoras, capacitando as cidades a reduzir emissões de maneira mais rápida. O financiamento será um tema prioritário no U20 e na COP29, pois as cidades não carecem de ambição climática, mas de recursos para transformar essa ambição em realidade. Mas o financiamento é um desafio? Esse é o maior desafio enfrentado pelas cidades ao redor do mundo para implementar soluções climáticas na velocidade necessária. O financiamento climático urbano precisa ser uma prioridade para governos e bancos multilaterais, não só para lidar com riscos climáticos, mas também para criar empregos, reduzir a poluição e construir comunidades mais sustentáveis e resilientes. Com o apoio adequado, cidades como o Rio de Janeiro poderiam criar mais de 900 mil empregos verdes até 2030. E qual tem sido o papel do U20 nessas discussões? Desde 2017, o U20 tem ajudado a trazer atenção e recursos para a ação climática urbana. Prefeitos das cidades do C40 estão comprometidos com uma abordagem inclusiva e colaborativa para reduzir suas emissões pela metade até 2030. O empresário Donald Trump foi eleito para um novo mandato nos EUA. Em sua primeira passagem, ele retirou os EUA do Acordo de Paris. Como você avalia os possíveis impactos dessa decisão na agenda climática global? É claro que cidades, estados e empresas nos EUA lideram a questão climática em nível local, com ou sem aliados no governo federal. Fóruns como o U20 são importantes para dar aos líderes a nível municipal e estadual um papel formal no cenário internacional. Trump foi criticado por sua postura de negação da mudança climática. É possível pleitear uma direção estratégica ao governo Trump em relação à política ambiental? Qualquer líder em posição de poder deve aceitar a ciência e os impactos das mudanças climáticas. Temos soluções que minimizam esses efeitos e, ao mesmo tempo, criam empregos, fortalecem a economia e protegem a saúde pública. Você acha possível encontrar um equilíbrio entre interesses econômicos e preservação ambiental? As soluções climáticas beneficiam tanto o planeta quanto a economia. Iniciativas urbanas de clima, como a TransBrasil ( via expressa que liga Deodoro ao Centro do Rio), são motores poderosos de criação de empregos e crescimento econômico, melhorando a qualidade de vida dos moradores. O que evoluiu desde a Rio+20, em 2012, em termos de discussões e projetos concretos que demonstram maior poder de decisão para iniciativas locais? Governos locais ao redor do mundo continuam liderando como catalisadores da ação climática, especialmente quando os governos nacionais ficam atrás. O próprio U20 representa um enorme progresso desde 2012, oferecendo uma oportunidade para que as cidades participem do G20. Dez anos atrás, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, se tornou o primeiro prefeito da região Sul a presidir o C40. Na sua opinião, qual é o papel estratégico do Brasil, especialmente no contexto de sediar a COP30, em incentivar outras nações a se engajarem na agenda de desenvolvimento sustentável e descarbonização? A liderança do Brasil no G20 e na COP30 representa uma oportunidade única de demonstrar como a ação climática pode impulsionar o crescimento econômico e melhorar a qualidade de vida dos cidadãos. Com quase 90% dos brasileiros vivendo em cidades, o Brasil pode liderar esforços para direcionar mais recursos para ações climáticas urbanas, como a redução da poluição.

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