Magritte, Ruscha e... uma banana buscam novos recordes em leilões de Nova York

Famosa peça já causou sensação quando foi exibida pela primeira vez na feira de arte Art Basel, em Miami, em 2019 Uma obra do pintor belga René Magritte, outra do norte-americano Ed Ruscha e uma simples banana do italiano Maurizio Cattelan podem estabelecer recordes nos leilões de arte de Nova York que começam nesta semana, em um mercado que espera superar a desaceleração do ano passado. As duas principais casas de leilão, Sotheby’s e Christie’s, competem a partir de segunda-feira com uma rica oferta que inclui nomes como Picasso, Magritte, Matisse, Miró, Kandinsky, Ruscha, Basquiat, Rothko, Lichtenstein e Botero. Expostas ao público gratuitamente em suas sedes, que se transformaram por alguns dias em museus efêmeros, muitas das obras à venda nunca haviam saído das paredes de seus proprietários. Entre elas está L’empire des lumières, de René Magritte (1898-1967), pertencente a uma série na qual o mestre do surrealismo brinca com luzes e sombras, confundindo noite e dia. A Christie’s estimou seu preço em 95 milhões de dólares, um recorde para o pintor belga. A obra faz parte da coleção da designer e mecenas de origem romena Mica Ertegun, falecida aos 97 anos em dezembro passado, que também inclui peças de Joan Miró, David Hockney e Ed Ruscha. Aurora, de Botero AFP A casa do magnata francês de marcas de luxo François Pinault também colocará à venda outra obra icônica de Ed Ruscha, Standard Station, que o norte-americano, expoente da arte pop e conceitual, pintou em 1966, aos 29 anos. As pinturas de Ruscha, atualmente com 86 anos, retratam postos de gasolina ao longo da famosa Rota 66, que liga Chicago a Los Angeles. Essas obras definiram o panorama do moderno cenário americano e contribuíram para a linguagem visual ousada dos anos 1960. Os quadros de Magritte e Ruscha “nunca foram a leilão e são realmente os melhores em seus gêneros”, afirma o vice-presidente da Christie’s, Max Carter. Por outro lado, a Sotheby’s leiloará na segunda-feira a coleção de Sydell Miller, conhecida como a “rainha da indústria da beleza” devido ao seu império de cílios postiços e produtos para cabeleireiros. Sydell faleceu em fevereiro, aos 86 anos. Diz-se que sua casa em Palm Beach (Flórida) parecia um museu e levava-se uma hora para percorrer todos os cômodos. A venda inclui uma obra da série Nenúfares do impressionista francês Claude Monet, avaliada em 60 milhões de dólares, e um Picasso estimado em 30 milhões. A Sotheby’s, propriedade do bilionário franco-israelense Patrick Drahi, também colocará à venda online, a partir de quinta-feira, uma coleção de 31 desenhos a giz de Keith Haring, pioneiro do street art, feitos em painéis publicitários do metrô de Nova York nos anos 1980. Uma banana é arte? A obra mais polêmica é Comedian, uma banana presa à parede com fita adesiva, do artista visual italiano Maurizio Cattelan. A peça já causou sensação quando foi exibida pela primeira vez na feira de arte Art Basel, em Miami, em 2019. Admirada ou criticada, a banana — que foi comida em duas ocasiões — vem acompanhada de um rolo de fita adesiva e um manual de instruções para substituí-la no momento certo de maturação. A Sotheby’s avaliou a obra entre 1 e 1,5 milhão de dólares. O mercado espera recuperar-se dos altos juros, da inflação e da instabilidade política que, em 2023, resultaram em um faturamento 3 bilhões de dólares menor que os 68 bilhões de 2022 (-4%). A Christie’s projeta encerrar a semana com vendas entre 583 e 796 milhões, enquanto a Sotheby’s estima valores entre 478 e 659 milhões. “Nosso mercado é definido mais pela oferta do que pela demanda”, diz Carter à AFP, acrescentando que nesta temporada “nos sentimos muito otimistas”. Impulsionado pelas vendas “surrealistas” de Paris, “muito acima do esperado”, o responsável pela seção de Impressionismo e Arte Moderna da Sotheby’s, Julian Dawes, assegura que o mercado “é robusto” e que “a demanda está presente”. “Os compradores estão ativos. Acredito que, nos últimos meses, houve muitos sinais positivos na macroeconomia”, afirma.

Nov 17, 2024 - 11:00
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Magritte, Ruscha e... uma banana buscam novos recordes em leilões de Nova York

Famosa peça já causou sensação quando foi exibida pela primeira vez na feira de arte Art Basel, em Miami, em 2019 Uma obra do pintor belga René Magritte, outra do norte-americano Ed Ruscha e uma simples banana do italiano Maurizio Cattelan podem estabelecer recordes nos leilões de arte de Nova York que começam nesta semana, em um mercado que espera superar a desaceleração do ano passado. As duas principais casas de leilão, Sotheby’s e Christie’s, competem a partir de segunda-feira com uma rica oferta que inclui nomes como Picasso, Magritte, Matisse, Miró, Kandinsky, Ruscha, Basquiat, Rothko, Lichtenstein e Botero. Expostas ao público gratuitamente em suas sedes, que se transformaram por alguns dias em museus efêmeros, muitas das obras à venda nunca haviam saído das paredes de seus proprietários. Entre elas está L’empire des lumières, de René Magritte (1898-1967), pertencente a uma série na qual o mestre do surrealismo brinca com luzes e sombras, confundindo noite e dia. A Christie’s estimou seu preço em 95 milhões de dólares, um recorde para o pintor belga. A obra faz parte da coleção da designer e mecenas de origem romena Mica Ertegun, falecida aos 97 anos em dezembro passado, que também inclui peças de Joan Miró, David Hockney e Ed Ruscha. Aurora, de Botero AFP A casa do magnata francês de marcas de luxo François Pinault também colocará à venda outra obra icônica de Ed Ruscha, Standard Station, que o norte-americano, expoente da arte pop e conceitual, pintou em 1966, aos 29 anos. As pinturas de Ruscha, atualmente com 86 anos, retratam postos de gasolina ao longo da famosa Rota 66, que liga Chicago a Los Angeles. Essas obras definiram o panorama do moderno cenário americano e contribuíram para a linguagem visual ousada dos anos 1960. Os quadros de Magritte e Ruscha “nunca foram a leilão e são realmente os melhores em seus gêneros”, afirma o vice-presidente da Christie’s, Max Carter. Por outro lado, a Sotheby’s leiloará na segunda-feira a coleção de Sydell Miller, conhecida como a “rainha da indústria da beleza” devido ao seu império de cílios postiços e produtos para cabeleireiros. Sydell faleceu em fevereiro, aos 86 anos. Diz-se que sua casa em Palm Beach (Flórida) parecia um museu e levava-se uma hora para percorrer todos os cômodos. A venda inclui uma obra da série Nenúfares do impressionista francês Claude Monet, avaliada em 60 milhões de dólares, e um Picasso estimado em 30 milhões. A Sotheby’s, propriedade do bilionário franco-israelense Patrick Drahi, também colocará à venda online, a partir de quinta-feira, uma coleção de 31 desenhos a giz de Keith Haring, pioneiro do street art, feitos em painéis publicitários do metrô de Nova York nos anos 1980. Uma banana é arte? A obra mais polêmica é Comedian, uma banana presa à parede com fita adesiva, do artista visual italiano Maurizio Cattelan. A peça já causou sensação quando foi exibida pela primeira vez na feira de arte Art Basel, em Miami, em 2019. Admirada ou criticada, a banana — que foi comida em duas ocasiões — vem acompanhada de um rolo de fita adesiva e um manual de instruções para substituí-la no momento certo de maturação. A Sotheby’s avaliou a obra entre 1 e 1,5 milhão de dólares. O mercado espera recuperar-se dos altos juros, da inflação e da instabilidade política que, em 2023, resultaram em um faturamento 3 bilhões de dólares menor que os 68 bilhões de 2022 (-4%). A Christie’s projeta encerrar a semana com vendas entre 583 e 796 milhões, enquanto a Sotheby’s estima valores entre 478 e 659 milhões. “Nosso mercado é definido mais pela oferta do que pela demanda”, diz Carter à AFP, acrescentando que nesta temporada “nos sentimos muito otimistas”. Impulsionado pelas vendas “surrealistas” de Paris, “muito acima do esperado”, o responsável pela seção de Impressionismo e Arte Moderna da Sotheby’s, Julian Dawes, assegura que o mercado “é robusto” e que “a demanda está presente”. “Os compradores estão ativos. Acredito que, nos últimos meses, houve muitos sinais positivos na macroeconomia”, afirma.

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