“Jogo Político”: Que nomes Claudio Castro e a direita avaliam para enfrentar Eduardo Paes em 2026

Newsletter semanal do jornalista Thiago Prado revela os políticos cogitados para a disputa, bate papo com Washington Quaquá do PT sobre o poder do Centrão e recomenda o documentário sobre Robinho e o novo filme de Woody Allen Bom dia, boa tarde, boa noite, a depender da hora em que você abriu esse e-mail. Sou o editor de Política e Brasil do GLOBO e nessa newsletter você encontra análises, bastidores e conteúdos relevantes do noticiário político. A foto acima da semana passada de sorrisos desajeitados para falar de "assuntos de interesse da cidade" é mais um retrato da disputa eleitoral que passou e a que está por vir em 2026: de um lado, Eduardo Paes (PSD) e seu vice, Eduardo Cavaliere, provável prefeito daqui a dois anos se as previsões se confirmarem de uma candidatura ao governo do estado; de outro, Cláudio Castro e seu chefe de gabinete e maior estrategista, Rodrigo Abel, empenhados desde já em encontrar um oponente a altura para enfrentar Paes na corrida pela sucessão. Bela Mage: A insatisfação dos bolsonaristas com a postura de Hugo Motta sobre a anistia ao 8/1 Entrevista: Frente ampla deve ser mantida e levada a sério, diz Manuela D’Ávila Castro e Abel, ou "El Brujo", como batizado em colunas sociais da política fluminense, falam sobre o tema dia e noite. Seja em bate-papos no Palácio Guanabara ou em almoços na Majórica, restaurante de carnes do bairro do Flamengo, na Zona Sul do Rio. Falta muito ainda para 2026, mas o PL não quer repetir o erro de abraçar uma candidatura tão perto da eleição como a de Alexandre Ramagem. O anti-Paes para percorrer 92 cidades do estado terá que nascer ao longo de 2025 de qualquer jeito. Ramagem poderia ser um nome após o desempenho para a prefeitura do Rio, mas o mal estar gerado pela troca de farpas com Castro o descarta da corrida neste momento. O plano A de Castro foi dinamitado no mês passado. O governador queria lançar o deputado Doutor Luizinho (PP), mas o escândalo dos transplantes do Rio sepultou voos majoritários do parlamentar por ora. O momento agora é o de pensar nomes de fora da capital, justamente onde Paes é mais fraco de popularidade. O problema é que todos são extremamente anônimos fora dos municípios que governam. Capitão Nelson (PL), prefeito reeleito de São Gonçalo com 84,49% dos votos, começará a ser testado em pesquisas. O policial reformado seria apresentado ao eleitor como alguém que gosta de passar o dia visitando obras e que aprecia almoçar com a esposa Marinete na própria casa. Avesso a badalações, combina com a demanda do eleitor por políticos mais simples e autênticos. Nelson teria que sair no meio do mandato para concorrer, neutralizando, portanto, qualquer crítica a Paes caso deixe a prefeitura. O prefeito de Nova Iguaçu, Rogério Lisboa (PP), que elegeu o sucessor, o vereador Dudu Reina (PP), também é citado, embora tido com perfil discreto demais para a empreitada. André Português (PL), que comanda Miguel Pereira até dezembro e deverá virar secretário de Castro em uma reforma do primeiro escalão de fim de ano, também é lembrado. Seus oito anos colocaram a cidade com o status de "Gramado fluminense". No período, Português soube enaltecer seus feitos. A cidade sempre esteve repleta de outdoors e anúncios agradecendo as suas obras - até no restaurante Spoleto do centro há uma placa em homenagem ao prefeito. Como Flavio Bolsonaro contou para essa newsletter na semana passada, seu nome está fora de cogitação para a corrida após determinação do pai e quem está no páreo é Rodrigo Bacelar (União), presidente da Assembleia Legislativa do Rio. O deputado trocou farpas com Paes logo após a eleição, dá sinais de que pode aceitar a missão, mas nos bastidores deixa claro que o que quer mesmo é uma vaga no Tribunal de Contas do Estado. A candidatura Bacelar tem outro gargalo. Ele tem problemas de relacionamento com Washington Reis e Eduardo Cunha, dois manda-chuvas de MDB e Republicanos, partidos hoje na base do governo Castro. A falta de opções já fez opções do tipo "fora da caixinha" aparecerem como o ex-ministro da Economia, Paulo Guedes, e o ex-deputado Indio da Costa. Aos risos, os nomes hoje concentrados em atividades profissionais privadas são prontamente descartados nas conversas dentro do PL. A indefinição faz Eduardo Paes já ser considerado favorito a mais uma vitória faltando mais de dois anos para a eleição. O deputado federal Washington Quaquá, no plenário da Câmara Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados/28-02-2024 O vice-presidente do PT, Washington Quaquá, e o que pensa sobre o bloco comandado por Arthur Lira: "Você pode não gostar do diabo, mas ele existe. O Centrão existe" A eleição terminou, os partidos do Centrão venceram na maioria das cidades, o presidente da Câmara, Arthur Lira, vai impondo sem dificuldades o nome do deputado Hugo Motta para a sua sucessão... E cada vez mais petistas aparecem dando entrevistas sinceras sobre como a esquerda aceitou essa lógica de poder. Na semana passada, o Intercept trouxe reportagem

Nov 5, 2024 - 19:15
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“Jogo Político”: Que nomes Claudio Castro e a direita avaliam para enfrentar Eduardo Paes em 2026

Newsletter semanal do jornalista Thiago Prado revela os políticos cogitados para a disputa, bate papo com Washington Quaquá do PT sobre o poder do Centrão e recomenda o documentário sobre Robinho e o novo filme de Woody Allen Bom dia, boa tarde, boa noite, a depender da hora em que você abriu esse e-mail. Sou o editor de Política e Brasil do GLOBO e nessa newsletter você encontra análises, bastidores e conteúdos relevantes do noticiário político. A foto acima da semana passada de sorrisos desajeitados para falar de "assuntos de interesse da cidade" é mais um retrato da disputa eleitoral que passou e a que está por vir em 2026: de um lado, Eduardo Paes (PSD) e seu vice, Eduardo Cavaliere, provável prefeito daqui a dois anos se as previsões se confirmarem de uma candidatura ao governo do estado; de outro, Cláudio Castro e seu chefe de gabinete e maior estrategista, Rodrigo Abel, empenhados desde já em encontrar um oponente a altura para enfrentar Paes na corrida pela sucessão. Bela Mage: A insatisfação dos bolsonaristas com a postura de Hugo Motta sobre a anistia ao 8/1 Entrevista: Frente ampla deve ser mantida e levada a sério, diz Manuela D’Ávila Castro e Abel, ou "El Brujo", como batizado em colunas sociais da política fluminense, falam sobre o tema dia e noite. Seja em bate-papos no Palácio Guanabara ou em almoços na Majórica, restaurante de carnes do bairro do Flamengo, na Zona Sul do Rio. Falta muito ainda para 2026, mas o PL não quer repetir o erro de abraçar uma candidatura tão perto da eleição como a de Alexandre Ramagem. O anti-Paes para percorrer 92 cidades do estado terá que nascer ao longo de 2025 de qualquer jeito. Ramagem poderia ser um nome após o desempenho para a prefeitura do Rio, mas o mal estar gerado pela troca de farpas com Castro o descarta da corrida neste momento. O plano A de Castro foi dinamitado no mês passado. O governador queria lançar o deputado Doutor Luizinho (PP), mas o escândalo dos transplantes do Rio sepultou voos majoritários do parlamentar por ora. O momento agora é o de pensar nomes de fora da capital, justamente onde Paes é mais fraco de popularidade. O problema é que todos são extremamente anônimos fora dos municípios que governam. Capitão Nelson (PL), prefeito reeleito de São Gonçalo com 84,49% dos votos, começará a ser testado em pesquisas. O policial reformado seria apresentado ao eleitor como alguém que gosta de passar o dia visitando obras e que aprecia almoçar com a esposa Marinete na própria casa. Avesso a badalações, combina com a demanda do eleitor por políticos mais simples e autênticos. Nelson teria que sair no meio do mandato para concorrer, neutralizando, portanto, qualquer crítica a Paes caso deixe a prefeitura. O prefeito de Nova Iguaçu, Rogério Lisboa (PP), que elegeu o sucessor, o vereador Dudu Reina (PP), também é citado, embora tido com perfil discreto demais para a empreitada. André Português (PL), que comanda Miguel Pereira até dezembro e deverá virar secretário de Castro em uma reforma do primeiro escalão de fim de ano, também é lembrado. Seus oito anos colocaram a cidade com o status de "Gramado fluminense". No período, Português soube enaltecer seus feitos. A cidade sempre esteve repleta de outdoors e anúncios agradecendo as suas obras - até no restaurante Spoleto do centro há uma placa em homenagem ao prefeito. Como Flavio Bolsonaro contou para essa newsletter na semana passada, seu nome está fora de cogitação para a corrida após determinação do pai e quem está no páreo é Rodrigo Bacelar (União), presidente da Assembleia Legislativa do Rio. O deputado trocou farpas com Paes logo após a eleição, dá sinais de que pode aceitar a missão, mas nos bastidores deixa claro que o que quer mesmo é uma vaga no Tribunal de Contas do Estado. A candidatura Bacelar tem outro gargalo. Ele tem problemas de relacionamento com Washington Reis e Eduardo Cunha, dois manda-chuvas de MDB e Republicanos, partidos hoje na base do governo Castro. A falta de opções já fez opções do tipo "fora da caixinha" aparecerem como o ex-ministro da Economia, Paulo Guedes, e o ex-deputado Indio da Costa. Aos risos, os nomes hoje concentrados em atividades profissionais privadas são prontamente descartados nas conversas dentro do PL. A indefinição faz Eduardo Paes já ser considerado favorito a mais uma vitória faltando mais de dois anos para a eleição. O deputado federal Washington Quaquá, no plenário da Câmara Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados/28-02-2024 O vice-presidente do PT, Washington Quaquá, e o que pensa sobre o bloco comandado por Arthur Lira: "Você pode não gostar do diabo, mas ele existe. O Centrão existe" A eleição terminou, os partidos do Centrão venceram na maioria das cidades, o presidente da Câmara, Arthur Lira, vai impondo sem dificuldades o nome do deputado Hugo Motta para a sua sucessão... E cada vez mais petistas aparecem dando entrevistas sinceras sobre como a esquerda aceitou essa lógica de poder. Na semana passada, o Intercept trouxe reportagem com o deputado federal Jilmar Tatto, o mais proeminente político de relevante família de uma região periférica no sul da cidade. Ao contrário de vários colegas da esquerda, Tatto defende as emendas e a aplicação delas em campos de grama sintética, por exemplo, para ganhar voto. "Ninguém mais quer jogar na terra, no barro". Prefeito eleito de Maricá e vice-presidente do PT, o deputado Washington Quaquá é mais um daqueles a defender que é preciso aceitar o Brasil do Centrão. Ele, aliás, imediatamente após a derrota de Guilherme Boulos em São Paulo foi o primeiro petista a dizer abertamente que apoiar o psolista foi um erro. Abaixo os principais trechos do papo, que também trata de uma possível reforma ministerial e da corrida presidencial em 2026. Ao apoiar Hugo Motta para a presidência da Câmara e ter em troca apenas uma promessa de vaga no Tribunal de Contas da União e uma primeira secretaria, o PT não se apequena e mostra que é totalmente refém de Arthur Lira e do Centrão? O Centrão existe. Você pode não gostar do diabo, mas ele existe. É preciso conviver, ter relação. Não tinha jeito, podem falar mal do Lira à vontade, mas ele deu estabilidade ao governo. O que era essencial foi aprovado. Ele passou meses humilhando o ministro Alexandre Padilha, dizendo que não se dirigiria mais a ele. Isso não compromete a autoridade do governo? Não pode humilhar o presidente da República, ministro está lá para esse trabalho de ouvir desaforo. Acho que os dois erraram na relação, deveriam ter um convívio melhor. Padilha é meu amigo, meu irmão, mas não pode brigar com o presidente da Câmara. E a política vive de resultados. Repito, votamos tudo que tínhamos de votar. Tirando essa coisa que não serve para nada chamada pauta identitária, passou tudo. Mas Lira também é o deputado que deu a Comissão de Constituição e Justiça para o PL, colegiado hoje usado para avançar pautas da direita como aquelas que tem o Supremo Tribunal Federal como alvo... A CCJ foi para o PL porque o PT demorou a apoiar o Lira. Desta vez, apoiamos o Hugo Motta desde o início, então vamos ter mais condições de negociação. Na política, quem chega primeiro bebe água limpa. O governo deveria fazer uma reforma ministerial e atender mais ainda ao Centrão então? O Centrão tem que fazer parte do governo, é ele que dá estabilidade política ao Brasil. Este é o Congresso que o país produziu. Com eles aprovamos um novo marco fiscal, fizemos a reforma tributária, temos taxas de crescimento e desemprego baixo. Mas é claro que precisamos avançar, criar novas políticas para os setores precarizados, para o empreendedor. Ou seja, formatar um projeto de desenvolvimento de longo prazo. Para isso, precisamos chamar sangue novo e nos livrarmos dos incompetentes e puxa-sacos do governo. Quem são os tais incompetentes e puxa-sacos do governo? Rapaz, tem alguns, mas para não ser mal educado, não vou citar nomes. Geraldo Alckmin será o vice de Lula em 2026 ou candidato a governador de SP apoiado pelo PT? Ele é altamente capacitado para as duas tarefas. Precisamos ver como será o arco de alianças federal em 2026 e o que Tarcísio de Freitas vai decidir fazer. Estamos atrasados na articulação, precisamos começar a definir quem serão os nossos candidatos a governador nos estados. Acho ainda que haverá surpresas na direita, vide Pablo Marçal e Ronaldo Caiado. Eu se sou estrategista do PT, na verdade, adoraria enfrentar o (Jair) Bolsonaro de novo. Ele é ótimo para ser derrotado. RECOMENDO "O caso Robinho", no Globoplay Quatro capítulos espetaculares disponíveis desde a semana passada no Globoplay proporcionam revelações e reflexões sobre a condenação por estupro do ex-jogador Robinho. As escutas do processo revelam a falta de arrependimento e o deboche do ex-atleta e seus amigos com a vítima. A conversa de Robinho com Deus dentro do carro que foi alvo de escuta ambiental expõe sua preocupação com a traição cometida com a ex-mulher, com quem é casado até hoje, e o desprezo pelo mal cometido contra a albanesa Mercedes. Afinal, na cabeça equivocada de Robinho, segundo as próprias falas grampeadas pela polícia, sexo oral "não é transar", logo não é estupro. Os áudios também mostram que, com o tempo, o ex-jogador começou a querer responsabilizar os amigos pelo crime para escapar da acusação. Vale também nós, como imprensa, fazermos uma autocrítica sobre a nossa cobertura do caso. A condenação de Robinho em primeira instância deu-se em 2014 e só seis anos depois o jornalismo foi atrás de ler a sentença judicial e divulgar a transcrição das conversas, elemento-chave para uma repercussão maior do caso. É uma letargia jornalística muito parecida com a cobertura nos anos 80 do caso Cuca, acusado de estupro na Suíça (em janeiro, a sentença foi anulada pelo julgamento ter sido considerado à revelia). A publicação dos áudios, que tiveram um impacto ainda maior, também demorou demais. Só ocorreu depois da defesa do ex-atleta questionar a tradução das transcrições feitas pelos investigadores italianos. Se tudo tivesse vindo à tona antes, provavelmente Robinho não teria jogado impunemente ao longo de seis anos no Santos, Atlético Mineiro, China e Turquia. "Golpe de sorte em Paris", de Woody Allen Filmes ruins de Woody Allen são bons, sempre falei isso e mantenho após ver no cinema o filme em francês do diretor. Assim como em "Match Point", o acaso mais uma vez é abordado por Allen, que também aproveita para falar de traição feminina e estilo de vida besta de milionários, um tema cada vez mais explorado em ficções como "Triângulo da Tristeza" e "White Lotus". Como bem observou Martha Medeiros em coluna no mês passado, tudo fica ainda mais agradável no filme com a música Cantaloop, da banda US3, sendo a trilha sonora de várias cenas.

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