Invasão por ônibus, sequestro de voo, 8 de janeiro: explosão diante do STF amplia histórico de ataques em Brasília; veja
Episódio ocorrido na quarta-feira deixou um morto e um carro incendiado As duas explosões na Praça dos Três Poderes que deixaram um morto e um carro incendiado na noite desta quarta-feira entram para a lista de ataques em Brasília. Entre outros casos que trouxeram preocupação aos moradores da capital federal estão uma invasão por um ônibus, o sequestro do voo 375 e os atos golpistas de 8 de janeiro. Investigação: PF instaura inquérito para apurar explosões na Praça dos Três Poderes No STF: Após explosões, gabinete de Alexandre de Moraes orientou servidores a deixarem prédio do STF Invasão com ônibus Durante o governo de José Sarney, o motorista João Antônio Gomes roubou um ônibus na estação rodoviária e invadiu o salão principal do Palácio do Planalto. O episódio ocorrido em 30 de maio de 1989 causou destruição, mas não deixou vítimas. Sarney estava em viagem no interior de Minas Gerais e foi informado sobre o ocorrido pelo Serviço Nacional de Informações (SNI). O motorista estava alcoolizado e foi contido por agentes que atuavam na portaria do Planalto. Sequestro do voo 375 Menos de um ano antes, no dia 29 de setembro de 1988, Raimundo Nonato Alves da Conceição, um maranhense desempregado de 28 anos, sequestrou o avião do voo 375 da Vasp que partia de Confins, em Belo Horizonte, rumo ao Galeão, no Rio, com mais de cem pessoas a bordo. Com um revólver calibre 32, Nonato tinha um objetivo: forçar o piloto a colidir a aeronave com o Palácio do Planalto, em Brasília, para assassinar o então presidente da república, José Sarney. Voo 375 no Aerporto de Goiânia, após sequestro, no dia 29 de setembro de 1988 Luiz Antonio/Agência O GLOBO Depois de atirar no comissário, Raimundo começou a disparar em torno da maçaneta da cabine. Alguns tiros atravessaram, atingindo o painel de controle e ferindo na perna o co-piloto Ronaldo Dias, que estava de carona no voo. Temendo a queda do avião, o comandante Fernando Murilo de Lima e Silva mandou o co-piloto da viagem, Salvador Evangelista, abrir a porta. Ao mesmo tempo, enviou pelo transponder o codigo 7500, referente a "interferência ilícita", para alertar o Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta). Raimundo entrou na cabine mandando o piloto alterar a rota para Brasília, avisando que ia jogar a aeronave sobre o Palácio do Planalto. Logo em seguida, o Cindacta respondeu ao alerta, pedindo mais informações. Quando Evangelista se abaixou para responder à chamada, o sequestrador disparou um tiro na cabeça dele. Ao ver o auxiliar morto sobre seu assento, o comandante sentiu o estômago dar um nó. Eles eram amigos. Murilo era padrinho da filha de Evangelista, Wendy, de 7 anos. Mesmo com o compadre morto, o piloto se manteve calmo. Usou sua experiência e habilidade para enganar o sequestrador. Eles foram para Brasília, mas o comandante sobrevoou a capital por cima das nuvens, justamente para impedir o criminoso de localizar o Palácio do Planalto ou qualquer outro alvo em potencial. Àquela altura, dois caças da Força Aérea Brasileira (FAB) já acompanhavam o voo 375, esperando ordens para derrubar o Boeing no caso de uma aproximação perigosa. Nonato, então, mandou Lima e Silva voar para São Paulo, mas o piloto, que já vinha alertando sobre a falta de combustível, avisou que o avião não chegaria. Foi quando, ao avistar o aeroporto de Goiânia, o comandante, desesperado com o combustível, realizou uma manobra de altíssimo risco chamada tonneau, um giro completo sobre o eixo longitudinal da aeronave. Ao ver que Raimundo continuava consciente, ele executou um mergulho em espiral de 9 mil metros, girando em parafuso. A queda livre deixou o sequestrador desacordado, e Murilo conseguiu pousar. Eram 13h daquela quinta-feira. No solo, o criminoso recobrou a consciência antes que o comandante pudesse desarmá-lo. Começou ali a segunda fase do sequestro, que duraria mais cinco horas. Nonato liberou os feridos, mas ficou com mais de 90 reféns. Sem desistir do plano suicida, ele exigiu outra aeronave com tripulação para levá-lo a Brasília. Por volta de 18h, com um avião na pista supostamente pronto, o sequestrador saiu do Boeing cercado por Murilo e dois comissários, impossibilitando a ação de atiradores de elite. Lima e Silva foi obrigado a entrar no outro avião, mas se assustou ao ver um agente da Polícia Federal. Houve tiroteio, e o criminoso foi baleado nas nádegas e num dos rins. Levado preso para um hospital, o criminoso estava se recuperando, mas morreu cinco dias após o sequestro, em condições que levaram a equipe médica a suspeitar de envenenamento. Um legista concluiu que Nonato morreu por anemia falciforme, doença prévia ao incidente. 8 de janeiro O flerte com a ruptura institucional insuflado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus apoiadores atingiu o ápice em 8 de janeiro de 2023, quando golpistas invadiram o Palácio do Planalto, Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal (STF). O ato que culminou na depredação das sedes dos Três Poderes
Episódio ocorrido na quarta-feira deixou um morto e um carro incendiado As duas explosões na Praça dos Três Poderes que deixaram um morto e um carro incendiado na noite desta quarta-feira entram para a lista de ataques em Brasília. Entre outros casos que trouxeram preocupação aos moradores da capital federal estão uma invasão por um ônibus, o sequestro do voo 375 e os atos golpistas de 8 de janeiro. Investigação: PF instaura inquérito para apurar explosões na Praça dos Três Poderes No STF: Após explosões, gabinete de Alexandre de Moraes orientou servidores a deixarem prédio do STF Invasão com ônibus Durante o governo de José Sarney, o motorista João Antônio Gomes roubou um ônibus na estação rodoviária e invadiu o salão principal do Palácio do Planalto. O episódio ocorrido em 30 de maio de 1989 causou destruição, mas não deixou vítimas. Sarney estava em viagem no interior de Minas Gerais e foi informado sobre o ocorrido pelo Serviço Nacional de Informações (SNI). O motorista estava alcoolizado e foi contido por agentes que atuavam na portaria do Planalto. Sequestro do voo 375 Menos de um ano antes, no dia 29 de setembro de 1988, Raimundo Nonato Alves da Conceição, um maranhense desempregado de 28 anos, sequestrou o avião do voo 375 da Vasp que partia de Confins, em Belo Horizonte, rumo ao Galeão, no Rio, com mais de cem pessoas a bordo. Com um revólver calibre 32, Nonato tinha um objetivo: forçar o piloto a colidir a aeronave com o Palácio do Planalto, em Brasília, para assassinar o então presidente da república, José Sarney. Voo 375 no Aerporto de Goiânia, após sequestro, no dia 29 de setembro de 1988 Luiz Antonio/Agência O GLOBO Depois de atirar no comissário, Raimundo começou a disparar em torno da maçaneta da cabine. Alguns tiros atravessaram, atingindo o painel de controle e ferindo na perna o co-piloto Ronaldo Dias, que estava de carona no voo. Temendo a queda do avião, o comandante Fernando Murilo de Lima e Silva mandou o co-piloto da viagem, Salvador Evangelista, abrir a porta. Ao mesmo tempo, enviou pelo transponder o codigo 7500, referente a "interferência ilícita", para alertar o Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (Cindacta). Raimundo entrou na cabine mandando o piloto alterar a rota para Brasília, avisando que ia jogar a aeronave sobre o Palácio do Planalto. Logo em seguida, o Cindacta respondeu ao alerta, pedindo mais informações. Quando Evangelista se abaixou para responder à chamada, o sequestrador disparou um tiro na cabeça dele. Ao ver o auxiliar morto sobre seu assento, o comandante sentiu o estômago dar um nó. Eles eram amigos. Murilo era padrinho da filha de Evangelista, Wendy, de 7 anos. Mesmo com o compadre morto, o piloto se manteve calmo. Usou sua experiência e habilidade para enganar o sequestrador. Eles foram para Brasília, mas o comandante sobrevoou a capital por cima das nuvens, justamente para impedir o criminoso de localizar o Palácio do Planalto ou qualquer outro alvo em potencial. Àquela altura, dois caças da Força Aérea Brasileira (FAB) já acompanhavam o voo 375, esperando ordens para derrubar o Boeing no caso de uma aproximação perigosa. Nonato, então, mandou Lima e Silva voar para São Paulo, mas o piloto, que já vinha alertando sobre a falta de combustível, avisou que o avião não chegaria. Foi quando, ao avistar o aeroporto de Goiânia, o comandante, desesperado com o combustível, realizou uma manobra de altíssimo risco chamada tonneau, um giro completo sobre o eixo longitudinal da aeronave. Ao ver que Raimundo continuava consciente, ele executou um mergulho em espiral de 9 mil metros, girando em parafuso. A queda livre deixou o sequestrador desacordado, e Murilo conseguiu pousar. Eram 13h daquela quinta-feira. No solo, o criminoso recobrou a consciência antes que o comandante pudesse desarmá-lo. Começou ali a segunda fase do sequestro, que duraria mais cinco horas. Nonato liberou os feridos, mas ficou com mais de 90 reféns. Sem desistir do plano suicida, ele exigiu outra aeronave com tripulação para levá-lo a Brasília. Por volta de 18h, com um avião na pista supostamente pronto, o sequestrador saiu do Boeing cercado por Murilo e dois comissários, impossibilitando a ação de atiradores de elite. Lima e Silva foi obrigado a entrar no outro avião, mas se assustou ao ver um agente da Polícia Federal. Houve tiroteio, e o criminoso foi baleado nas nádegas e num dos rins. Levado preso para um hospital, o criminoso estava se recuperando, mas morreu cinco dias após o sequestro, em condições que levaram a equipe médica a suspeitar de envenenamento. Um legista concluiu que Nonato morreu por anemia falciforme, doença prévia ao incidente. 8 de janeiro O flerte com a ruptura institucional insuflado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus apoiadores atingiu o ápice em 8 de janeiro de 2023, quando golpistas invadiram o Palácio do Planalto, Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal (STF). O ato que culminou na depredação das sedes dos Três Poderes ocorreu uma semana após a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Invasão e depredacão às sedes dos três Poderes, em Brasília, no dia 8 de janeiro de 2023 Foto: Cristiano Mariz/Agência O Globo/08-01-2023 Até o momento, o STF condenou 265 pessoas por participação nos atos do 8 de janeiro, sendo 223 foram condenadas por crimes mais graves, em razão da depredação do patrimônio, e 42 por crimes mais leves, pela incitação ao golpe após se recusar a fechar acordos. O Supremo também validou acordos com 476 acusados e absolveu quatro pessoas. Até o dia 18 de novembro, mais 15 pessoas serão julgadas pelos crimes mais leves após se recusarem a firmar acordos. Explosão na Praça dos Três Poderes Na noite de quarta-feira, duas explosões na Praça dos Três Poderes deixaram um morto e um carro incendiado. A área foi cercada por policiais, o prédio do Supremo Tribunal Federal (STF) foi evacuado e a sessão da Câmara foi suspensa. A Polícia Civil investiga o caso, e a Polícia Federal já abriu um inquérito. Um corpo foi encontrado nas proximidades da Corte. De acordo com a Polícia Militar do Distrito Federal, houve um "autoextermínio com explosivo". Após as explosões, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) iniciou uma varredura no entorno do Palácio do Planalto. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não estava no Planalto no momento das explosões, mas no Palácio da Alvorada, a quatro quilômetros da área. É no Alvorada também onde ele está reunido agora com o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues. Após o ocorrido, o presidente do STF, ministro Luis Roberto Barroso, falou por telefone com Lula e com Rodrigues, além da vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão. Barroso também trocou mensagens com o governdor do DF, Ibaneis Rocha, que está na Itália.
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