Ícone francesa, Caroline de Maigret fala da chegada aos 50 e relação com o espelho: 'As musas nunca foram as mais bonitas da sala'
Em entrevista exclusiva à ELA, a modelo, atriz e produtora musical veste looks da coleção Cruise da Chanel e discute sobre moda, beleza, musas inspiradoras e envelhecimento Quando o rosto começa a ficar amassado, é preciso que o entorno esteja bem liso”. Às vésperas de completar 50 anos, a modelo, atriz e produtora musical Caroline de Maigret, referência do estilo “natural sem esforço” das francesas, usa a frase citada em seu livro “Mais velha, mas melhor, porém mais velha” — escrito em 2019 com Sophie Mas — para justificar sua mais recente aquisição: uma escova de cabelo rotativa. “Cinco anos atrás, mal sabia que essa sentença se tornaria uma realidade. Aquela coisa de sair de casa com a cabeça molhada já não funciona mais”, diz. Mãe de Anton, de 18 anos, do casamento com o músico Yarol Poupaud, Caroline foi fotografada pela equipe de ELA em Paris, com o cabelo cuidadosamente desarrumado. Famosa pelo best-seller “Como ser uma parisiense em qualquer lugar do mundo”, publicado em 2014, em colaboração com Anne Berest, Audrey Diwan e Sophie Mas, Caroline integra, desde 2016, o elenco de embaixadoras da Chanel. Para entender a importância do título de “amiga” da maison, basta olhar outras ilustres eleitas, como as atrizes Penélope Cruz e Kristen Stewart. O convite lhe foi feito por ninguém menos do que Karl Lagerfeld, que dirigiu a casa até sua morte, em 2019. Neste ensaio, a modelo veste looks da coleção Cruise apresentada em maio, em Marseille, e que chega ao Brasil neste mês. Na entrevista a seguir, ela fala sobre moda, beleza, musas inspiradoras e envelhecimento... Confira os melhores trechos: 'O que mudou com o tempo é que a minha curiosidade sobre as pessoas que admiro aumentou' Fe Pinheiro Menopausa: saiba que alimentos evitar para aliviar os sintomas e garantir o bem-estar físico Violência domêstica: Herdeiro francês é condenado à prisão por agressão contra ex-Miss Universo Iris Mittenaere Cinco anos após a publicação do seu livro sobre envelhecer, o que acrescentaria nele? Surgiram novas reflexões? Tenho refletido sobre o fato de que as musas nunca foram as mulheres mais bonitas da sala, e sim aquelas que se destacam pelo brilho, inteligência, humor e ousadia. Elas parecem ter um algo a mais, uma aura especial. Procuro evitar ter como referência imagens de perfeição, seja estética, moral ou intelectual, porque elas são inatingíveis e frustrantes. Quem são as suas musas? Desde sempre me sinto inspirada por pessoas apaixonadas e livres. Admiro a persistência e a coragem de Simone Veil (política francesa responsável por aprovar a lei que legalizou o aborto no país, em 1975), Gisèle Halimi (advogada e ativista franco-tunisiana comprometida com a defesa dos direitos humanos e feministas) e Angela Davis (ativista norte-americana que dedicou a vida a lutar por igualdade racial e de gênero). O que mudou com o tempo é que a minha curiosidade sobre as pessoas que admiro aumentou. Leio cada vez mais biografias. E, do ponto de vista estético, quem são suas principais referências? A maior delas é o Keith Richards! Muitas vezes me pergunto: o que ele faria com esse look? Provavelmente, desabotoaria a camisa, arregaçaria as mangas, acrescentaria colares... A música foi minha primeira forma de emancipação; na adolescência, ela representava uma rota de fuga, ainda que imaginária, na medida em que permitia me transportar mentalmente para algum outro lugar. Sempre fui fã da música dos anos 1970, é grande a influência dela no meu estilo. Gosto de me imaginar como uma estrela do rock. 'Pretendo me aventurar na literatura de ficção; na verdade, é algo em que já estou trabalhando' Fe Pinheiro Você já se reinventou tantas vezes... é modelo, produtora musical, escritora... Por que não vislumbrar, seriamente, uma carreira nos palcos? Olha, formei uma banda com um amigo, e esse é um projeto que tem me empolgado bastante. Nós escrevemos as letras e compomos juntos; ele canta, e eu fico atrás das máquinas. Nossa previsão é lançar esse trabalho no ano que vem. O problema é que ainda não encontramos um nome para o nosso duo, o que está começando a nos deixar ligeiramente em pânico. Outros projetos em vista? Pretendo me aventurar na literatura de ficção; na verdade, é algo em que já estou trabalhando. Além disso, venho realizando cada vez mais filmes de moda, principalmente para a Chanel. Esta é, de todas as minhas atividades, aquela em que me sinto mais à vontade, a que me deixa mais feliz. Galerias Relacionadas Gastronomia: Saiba quanto custa comer nos restaurantes dos melhores chefs de 2024 Realeza: Conheça antiga mansão de Lady Di que foi vendida por cerca de R$ 74 milhões em Londres; veja fotos De que maneira você e Paris se identificam? Eu me reconheço parisiense por viver a vida com uma certa liberdade, sem me preocupar excessivamente com os padrões de beleza impostos por outras culturas, como a americana. O charme da parisiense reside na naturalidade e na aceitação das imperfeições. Que outra cidade do mundo, além de
Em entrevista exclusiva à ELA, a modelo, atriz e produtora musical veste looks da coleção Cruise da Chanel e discute sobre moda, beleza, musas inspiradoras e envelhecimento Quando o rosto começa a ficar amassado, é preciso que o entorno esteja bem liso”. Às vésperas de completar 50 anos, a modelo, atriz e produtora musical Caroline de Maigret, referência do estilo “natural sem esforço” das francesas, usa a frase citada em seu livro “Mais velha, mas melhor, porém mais velha” — escrito em 2019 com Sophie Mas — para justificar sua mais recente aquisição: uma escova de cabelo rotativa. “Cinco anos atrás, mal sabia que essa sentença se tornaria uma realidade. Aquela coisa de sair de casa com a cabeça molhada já não funciona mais”, diz. Mãe de Anton, de 18 anos, do casamento com o músico Yarol Poupaud, Caroline foi fotografada pela equipe de ELA em Paris, com o cabelo cuidadosamente desarrumado. Famosa pelo best-seller “Como ser uma parisiense em qualquer lugar do mundo”, publicado em 2014, em colaboração com Anne Berest, Audrey Diwan e Sophie Mas, Caroline integra, desde 2016, o elenco de embaixadoras da Chanel. Para entender a importância do título de “amiga” da maison, basta olhar outras ilustres eleitas, como as atrizes Penélope Cruz e Kristen Stewart. O convite lhe foi feito por ninguém menos do que Karl Lagerfeld, que dirigiu a casa até sua morte, em 2019. Neste ensaio, a modelo veste looks da coleção Cruise apresentada em maio, em Marseille, e que chega ao Brasil neste mês. Na entrevista a seguir, ela fala sobre moda, beleza, musas inspiradoras e envelhecimento... Confira os melhores trechos: 'O que mudou com o tempo é que a minha curiosidade sobre as pessoas que admiro aumentou' Fe Pinheiro Menopausa: saiba que alimentos evitar para aliviar os sintomas e garantir o bem-estar físico Violência domêstica: Herdeiro francês é condenado à prisão por agressão contra ex-Miss Universo Iris Mittenaere Cinco anos após a publicação do seu livro sobre envelhecer, o que acrescentaria nele? Surgiram novas reflexões? Tenho refletido sobre o fato de que as musas nunca foram as mulheres mais bonitas da sala, e sim aquelas que se destacam pelo brilho, inteligência, humor e ousadia. Elas parecem ter um algo a mais, uma aura especial. Procuro evitar ter como referência imagens de perfeição, seja estética, moral ou intelectual, porque elas são inatingíveis e frustrantes. Quem são as suas musas? Desde sempre me sinto inspirada por pessoas apaixonadas e livres. Admiro a persistência e a coragem de Simone Veil (política francesa responsável por aprovar a lei que legalizou o aborto no país, em 1975), Gisèle Halimi (advogada e ativista franco-tunisiana comprometida com a defesa dos direitos humanos e feministas) e Angela Davis (ativista norte-americana que dedicou a vida a lutar por igualdade racial e de gênero). O que mudou com o tempo é que a minha curiosidade sobre as pessoas que admiro aumentou. Leio cada vez mais biografias. E, do ponto de vista estético, quem são suas principais referências? A maior delas é o Keith Richards! Muitas vezes me pergunto: o que ele faria com esse look? Provavelmente, desabotoaria a camisa, arregaçaria as mangas, acrescentaria colares... A música foi minha primeira forma de emancipação; na adolescência, ela representava uma rota de fuga, ainda que imaginária, na medida em que permitia me transportar mentalmente para algum outro lugar. Sempre fui fã da música dos anos 1970, é grande a influência dela no meu estilo. Gosto de me imaginar como uma estrela do rock. 'Pretendo me aventurar na literatura de ficção; na verdade, é algo em que já estou trabalhando' Fe Pinheiro Você já se reinventou tantas vezes... é modelo, produtora musical, escritora... Por que não vislumbrar, seriamente, uma carreira nos palcos? Olha, formei uma banda com um amigo, e esse é um projeto que tem me empolgado bastante. Nós escrevemos as letras e compomos juntos; ele canta, e eu fico atrás das máquinas. Nossa previsão é lançar esse trabalho no ano que vem. O problema é que ainda não encontramos um nome para o nosso duo, o que está começando a nos deixar ligeiramente em pânico. Outros projetos em vista? Pretendo me aventurar na literatura de ficção; na verdade, é algo em que já estou trabalhando. Além disso, venho realizando cada vez mais filmes de moda, principalmente para a Chanel. Esta é, de todas as minhas atividades, aquela em que me sinto mais à vontade, a que me deixa mais feliz. Galerias Relacionadas Gastronomia: Saiba quanto custa comer nos restaurantes dos melhores chefs de 2024 Realeza: Conheça antiga mansão de Lady Di que foi vendida por cerca de R$ 74 milhões em Londres; veja fotos De que maneira você e Paris se identificam? Eu me reconheço parisiense por viver a vida com uma certa liberdade, sem me preocupar excessivamente com os padrões de beleza impostos por outras culturas, como a americana. O charme da parisiense reside na naturalidade e na aceitação das imperfeições. Que outra cidade do mundo, além de Paris, inspira você? Londres! Adoro a ousadia e a liberdade dos ingleses na maneira de se vestir. Eles se expressam de maneira muito imaginativa, abraçam a criatividade sem limites. 'É claro que não gosto de ver meu corpo e rosto envelhecendo, mas o que posso fazer? Diante da passagem do tempo ninguém tem escolha' Fe Pinheiro E os cariocas? Que imagem você tem deles? No meu imaginário, as mulheres do Rio são radiantes, espontâneas e muito confiantes. E conseguem ser, ao mesmo tempo, elegantes e descontraídas. Já tive a oportunidade de viajar ao Brasil a trabalho, mas infelizmente ainda não conheci o Rio. Minha visão se baseia nos encontros que tive com mulheres cariocas ao longo da vida. João do Rio, cronista carioca, discorreu sobre as musas urbanas em um texto publicado em 1908. Ele escreveu: “Que idade tem ela? Tem séculos e parece nascida ontem”. Se identifica com essa frase? É claro que não gosto de ver meu corpo e rosto envelhecendo, mas o que posso fazer? Diante da passagem do tempo ninguém tem escolha. O livro que escrevi sobre a experiência de envelhecer reflete bem as fragilidades que vêm com a idade, mas também a força e a sabedoria que vamos desenvolvendo a partir do autoconhecimento. Com a idade conquistamos a compreensão do que nos faz bem, do que não queremos mais, uma maior tolerância consigo e com os outros. Passamos a olhar mais para fora, ficamos menos autocentradas. Na verdade, sou alguém que quase não se olha no espelho, e já faz tempo. Nunca gostei muito de espelhos. Por que não? As pessoas percebem a sua atitude e a sua segurança, raramente a espinha no seu rosto. Talvez por isso eu só tenha descoberto que tenho um nariz grande quando, aos 19 anos, um agente de modelos sugeriu que eu me submetesse a uma cirurgia, o que não fiz. Preferi colocar uma iluminação quente e generosa ao redor do espelho do meu banheiro. Assim, se eu me olho, mais chances há de que a imagem refletida faça com que eu me sinta bem. Sentir-se bem na própria pele é o que realmente importa.
Qual é a sua reação?