'Guerra' contra gangues de Bukele viola direitos humanos em El Salvador, diz ex-presidenta chilena Michelle Bachelet

Cerca de 82 mil suspeitos de serem membros de gangues foram presos no país, sem ordem judicial Os direitos humanos "foram violados" na "guerra" contra as gangues do presidente Nayib Bukele em El Salvador, afirmou nessa quinta-feira, em um fórum na Guatemala, a ex-presidenta chilena e ex-alta comissária da ONU para o tema Michelle Bachelet. "Quando alguém não respeita [o devido processo], é autoritário, coloca 50 mil jovens na prisão... claro, as pessoas dizem 'Oh!, que eficiente', que é o caso de El Salvador", afirmou Bachelet em um fórum sobre democracia realizado na cidade de Antigua. "Mas a verdade é que lá [em El Salvador] os direitos humanos foram violados. Não houve devido processo, as pessoas estão amontoadas nas prisões em condições desumanas", criticou a ex-presidenta, no evento organizado pelo Instituto Internacional para a Democracia e Assistência Eleitoral (IDEA Internacional). Bukele trava uma "guerra" contra as gangues sob um regime de exceção em vigor no país desde março de 2022, que permite prisões sem ordem judicial. Cerca de 82 mil suspeitos de serem membros de gangues foram presos sob essa medida, criticada por grupos de direitos humanos que denunciam abusos e a detenção de pessoas inocentes, embora o presidente justifique que a cruzada transformou El Salvador no "país mais seguro de todo o hemisfério ocidental". Sobre os desafios enfrentados pela democracia na América Latina, a ex-alta comissária de Direitos Humanos da ONU e ex-chefe da ONU Mulheres considerou que a região atravessa momentos "complexos". "Na América Latina, costumávamos perder a democracia por golpes de Estado [...], mas hoje o que vemos é algo muito mais complexo: são líderes eleitos democraticamente que, ao chegarem ao poder, começam a [...] fechar parlamentos, demitir juízes, prender promotores que lutam contra a corrupção", observou. Bachelet compartilhou o fórum com o ex-presidente peruano Francisco Sagasti e o ex-governante da Costa Rica Luis Guillermo Solís, que criticou o governo de Daniel Ortega na Nicarágua, acusado de perseguir seus críticos. Ele também criticou a reeleição de Nicolás Maduro na Venezuela, nas eleições de 28 de julho, em meio a denúncias da oposição de fraude. "Não há dúvida de que Daniel Ortega é um ditador horroroso. E o mesmo acontece na Venezuela, onde as eleições foram descaradamente roubadas", afirmou Solís.

Oct 4, 2024 - 03:13
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'Guerra' contra gangues de Bukele viola direitos humanos em El Salvador, diz ex-presidenta chilena Michelle Bachelet

Cerca de 82 mil suspeitos de serem membros de gangues foram presos no país, sem ordem judicial Os direitos humanos "foram violados" na "guerra" contra as gangues do presidente Nayib Bukele em El Salvador, afirmou nessa quinta-feira, em um fórum na Guatemala, a ex-presidenta chilena e ex-alta comissária da ONU para o tema Michelle Bachelet. "Quando alguém não respeita [o devido processo], é autoritário, coloca 50 mil jovens na prisão... claro, as pessoas dizem 'Oh!, que eficiente', que é o caso de El Salvador", afirmou Bachelet em um fórum sobre democracia realizado na cidade de Antigua. "Mas a verdade é que lá [em El Salvador] os direitos humanos foram violados. Não houve devido processo, as pessoas estão amontoadas nas prisões em condições desumanas", criticou a ex-presidenta, no evento organizado pelo Instituto Internacional para a Democracia e Assistência Eleitoral (IDEA Internacional). Bukele trava uma "guerra" contra as gangues sob um regime de exceção em vigor no país desde março de 2022, que permite prisões sem ordem judicial. Cerca de 82 mil suspeitos de serem membros de gangues foram presos sob essa medida, criticada por grupos de direitos humanos que denunciam abusos e a detenção de pessoas inocentes, embora o presidente justifique que a cruzada transformou El Salvador no "país mais seguro de todo o hemisfério ocidental". Sobre os desafios enfrentados pela democracia na América Latina, a ex-alta comissária de Direitos Humanos da ONU e ex-chefe da ONU Mulheres considerou que a região atravessa momentos "complexos". "Na América Latina, costumávamos perder a democracia por golpes de Estado [...], mas hoje o que vemos é algo muito mais complexo: são líderes eleitos democraticamente que, ao chegarem ao poder, começam a [...] fechar parlamentos, demitir juízes, prender promotores que lutam contra a corrupção", observou. Bachelet compartilhou o fórum com o ex-presidente peruano Francisco Sagasti e o ex-governante da Costa Rica Luis Guillermo Solís, que criticou o governo de Daniel Ortega na Nicarágua, acusado de perseguir seus críticos. Ele também criticou a reeleição de Nicolás Maduro na Venezuela, nas eleições de 28 de julho, em meio a denúncias da oposição de fraude. "Não há dúvida de que Daniel Ortega é um ditador horroroso. E o mesmo acontece na Venezuela, onde as eleições foram descaradamente roubadas", afirmou Solís.

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