G20 Social: Lula cita 'dissonância entre voz do mercado e as ruas' e pede 'jornadas de trabalho mais equilibradas'

Em cerimônia de encerramento de fórum paralelo à cúpula de chefes de Estado, presidente brasileiro recebeu documento com reivindicações da sociedade civil Em cerimônia de encerramento do G20 Social, neste sábado, no Rio, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que levará reivindicações apresentadas pela sociedade civil às discussões da cúpula de chefes de Estado, que ocorre a partir de segunda-feira, e cobrou a continuidade do "fórum social" nos próximos anos. G20 no Rio: Lula se encontra com secretário-geral da ONU e pede evento social nas próximas edições 'Persuadir' a Argentina: Brasil vê retirada de taxação de super-ricos de texto do G20 como 'fora de cogitação' Lula afirmou que o objetivo do fórum, uma iniciativa inédita da presidência brasileira, era que a sociedade civil "assumisse o papel de reforçar para que as coisas aconteçam de verdade para o povo", e disse ainda que "a economia e a política internacional não são monopólio de especialistas e de burocratas". O chefe do Executivo também cobrou discussões sobre "jornadas de trabalho mais equilibradas", tema que vem mobilizando o Congresso Nacional. -- Governos precisam romper com a dissonância cada vez maior entre a voz dos mercados e a voz das ruas. O G20 precisa discutir uma série de medidas para discutir o custo de vida e promover jornadas de trabalho mais equilibradas. (...) Para que o extremismo não gere retrocessos e ameace direitos - afirmou Lula. A declaração final do G20 Social, entregue a Lula neste sábado, foi lida por representantes da sociedade civil pela manhã, no Armazém 3 da Zona Portuária do Rio, um dos palcos do evento. Entre outros pontos, o documento defendeu a "taxação progressiva dos super-ricos", frisou que a democracia "está em risco quando forças da extrema direita promovem desinformação" e cobrou uma reforma do Conselho de Segurança da ONU, com maior participação de países do Sul Global. O pleito para a reforma dos organismos multilaterais e a taxação dos super-ricos faz parte da agenda prioritária do Brasil e consta das negociações da Cúpula do G20. O documento defendeu ainda uma "reforma da governança global que assegure o fim dos conflitos armados" e também o "combate à fome, à pobreza e à desigualdade", com a "imperiosa adesão de todos os países do G20 à iniciativa da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza". Combate à fome Em seu discurso, Lula afirmou esperar que o G20 Social não repita equívocos do Fórum Social Mundial, evento realizado pela primeira vez em 2001, em Porto Alegre, e que contou com a participação do petista em seu primeiro mandato na Presidência da República. De acordo com Lula, o fórum "fazia muita discussão, mas a gente voltava para casa sem saber o que fazer no dia seguinte". O presidente brasileiro frisou a necessidade de que governos e entidades internacionais direcionem recursos para o combate à fome, e fez uma contraposição ao desembolso recente em conflitos armados. Lula também argumentou que a mobilização da sociedade civil é necessária para levar adiante metas de "avançar no uso de energia renovável e antecipar a neutralidade de emissões" de carbono. Ao lembrar que o Brasil sediará a próxima edição da Conferência do Clima (COP), no ano que vem, em Belém (PA), ele cobrou países ricos a contribuírem financeiramente com a preservação da floresta. -- Agora chegou a hora de a Amazônia falar para o mundo o que é que nós queremos. As pessoas têm que saber que embaixo de cada copa de árvore tem um ser humano, um indígena, um seringueiro, um pescador. E para protegermos a nossa floresta, essas pessoas têm que comer -- afirmou Lula. Ausência sul-africana A cerimônia de entrega da declaração final do G20 Social também foi acompanhada pelo chanceler da África do Sul, Ronald Lamola. O país será a próxima sede da cúpula de chefes de Estado do G20, no ano que vem. Lamola representou o presidente sul-africano Cyril Ramaphosa, que era aguardado para o G20 Social, mas não conseguiu comparecer por "motivos pessoais e políticos na África do Sul", de acordo com Lula. Diante do representante sul-africano, Lula disse ter "certeza de que o presidente Ramaphosa vai fazer o fórum social" em 2025, e afirmou que estará presente no evento. Em sua fala, o chanceler da África do Sul elogiou a iniciativa brasileira e sinalizou com a reedição de um evento em molde similar ao G20 Social no ano que vem, frisando também a relevância de "trazer as crianças e os adolescentes" para o evento. -- A África do Sul quer usar sua presidência (do G20) para criar o futuro. Quando o mundo está tão dividido, queremos fortalecer nossos compromissos com os grupos de engajamento para ter o "G20 do Povo". A crença de garantir a participação da sociedade civil na rede do G20 é crucial -- afirmou Lamola. Posicionamentos sobre guerra em Gaza A representante da sociedade civil internacional foi a iemenita Tawakkol Karman, ativista pelos direitos humanos e prêmio Nobel da Paz em 2011. Em seu discurso, Karman se dirigiu a Lula c

Nov 16, 2024 - 14:57
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G20 Social: Lula cita 'dissonância entre voz do mercado e as ruas' e pede 'jornadas de trabalho mais equilibradas'

Em cerimônia de encerramento de fórum paralelo à cúpula de chefes de Estado, presidente brasileiro recebeu documento com reivindicações da sociedade civil Em cerimônia de encerramento do G20 Social, neste sábado, no Rio, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que levará reivindicações apresentadas pela sociedade civil às discussões da cúpula de chefes de Estado, que ocorre a partir de segunda-feira, e cobrou a continuidade do "fórum social" nos próximos anos. G20 no Rio: Lula se encontra com secretário-geral da ONU e pede evento social nas próximas edições 'Persuadir' a Argentina: Brasil vê retirada de taxação de super-ricos de texto do G20 como 'fora de cogitação' Lula afirmou que o objetivo do fórum, uma iniciativa inédita da presidência brasileira, era que a sociedade civil "assumisse o papel de reforçar para que as coisas aconteçam de verdade para o povo", e disse ainda que "a economia e a política internacional não são monopólio de especialistas e de burocratas". O chefe do Executivo também cobrou discussões sobre "jornadas de trabalho mais equilibradas", tema que vem mobilizando o Congresso Nacional. -- Governos precisam romper com a dissonância cada vez maior entre a voz dos mercados e a voz das ruas. O G20 precisa discutir uma série de medidas para discutir o custo de vida e promover jornadas de trabalho mais equilibradas. (...) Para que o extremismo não gere retrocessos e ameace direitos - afirmou Lula. A declaração final do G20 Social, entregue a Lula neste sábado, foi lida por representantes da sociedade civil pela manhã, no Armazém 3 da Zona Portuária do Rio, um dos palcos do evento. Entre outros pontos, o documento defendeu a "taxação progressiva dos super-ricos", frisou que a democracia "está em risco quando forças da extrema direita promovem desinformação" e cobrou uma reforma do Conselho de Segurança da ONU, com maior participação de países do Sul Global. O pleito para a reforma dos organismos multilaterais e a taxação dos super-ricos faz parte da agenda prioritária do Brasil e consta das negociações da Cúpula do G20. O documento defendeu ainda uma "reforma da governança global que assegure o fim dos conflitos armados" e também o "combate à fome, à pobreza e à desigualdade", com a "imperiosa adesão de todos os países do G20 à iniciativa da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza". Combate à fome Em seu discurso, Lula afirmou esperar que o G20 Social não repita equívocos do Fórum Social Mundial, evento realizado pela primeira vez em 2001, em Porto Alegre, e que contou com a participação do petista em seu primeiro mandato na Presidência da República. De acordo com Lula, o fórum "fazia muita discussão, mas a gente voltava para casa sem saber o que fazer no dia seguinte". O presidente brasileiro frisou a necessidade de que governos e entidades internacionais direcionem recursos para o combate à fome, e fez uma contraposição ao desembolso recente em conflitos armados. Lula também argumentou que a mobilização da sociedade civil é necessária para levar adiante metas de "avançar no uso de energia renovável e antecipar a neutralidade de emissões" de carbono. Ao lembrar que o Brasil sediará a próxima edição da Conferência do Clima (COP), no ano que vem, em Belém (PA), ele cobrou países ricos a contribuírem financeiramente com a preservação da floresta. -- Agora chegou a hora de a Amazônia falar para o mundo o que é que nós queremos. As pessoas têm que saber que embaixo de cada copa de árvore tem um ser humano, um indígena, um seringueiro, um pescador. E para protegermos a nossa floresta, essas pessoas têm que comer -- afirmou Lula. Ausência sul-africana A cerimônia de entrega da declaração final do G20 Social também foi acompanhada pelo chanceler da África do Sul, Ronald Lamola. O país será a próxima sede da cúpula de chefes de Estado do G20, no ano que vem. Lamola representou o presidente sul-africano Cyril Ramaphosa, que era aguardado para o G20 Social, mas não conseguiu comparecer por "motivos pessoais e políticos na África do Sul", de acordo com Lula. Diante do representante sul-africano, Lula disse ter "certeza de que o presidente Ramaphosa vai fazer o fórum social" em 2025, e afirmou que estará presente no evento. Em sua fala, o chanceler da África do Sul elogiou a iniciativa brasileira e sinalizou com a reedição de um evento em molde similar ao G20 Social no ano que vem, frisando também a relevância de "trazer as crianças e os adolescentes" para o evento. -- A África do Sul quer usar sua presidência (do G20) para criar o futuro. Quando o mundo está tão dividido, queremos fortalecer nossos compromissos com os grupos de engajamento para ter o "G20 do Povo". A crença de garantir a participação da sociedade civil na rede do G20 é crucial -- afirmou Lamola. Posicionamentos sobre guerra em Gaza A representante da sociedade civil internacional foi a iemenita Tawakkol Karman, ativista pelos direitos humanos e prêmio Nobel da Paz em 2011. Em seu discurso, Karman se dirigiu a Lula como "representante de todas as pessoas do planeta que estão se sacrificando e sonhando com a igualdade e com a justiça". Ela também agradeceu a Lula, "em nome do povo palestino e do povo árabe", por ter condenado a atuação militar de Israel no conflito armado contra o Hamas, deflagrado no fim de 2023. Karman se referiu à atuação como um "genocídio que está ocorrendo na Palestina (...) cometido por Israel". Posicionamentos sobre guerra em Gazaola endossou o posicionamento pró-Palestina, e entoou gritos de "Palestina livre" ao fim de seu discurso.

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