G20: Favelas buscam como enfrentar mudanças climáticas
Tema de discussão do encontro de lideranças mundiais é foco de projetos de comunidades, que sofrem ainda com falta de saneamento e moradia Em meio a debates sobre as consequências das mudanças climáticas e a busca por alternativas para frear seus impactos, o termo racismo ambiental tem ganhado cada vez mais força. A expressão se refere à discriminação e às injustiças sociais que afetam comunidades vulnerabilizadas ou minorias étnicas, devido à degradação ambiental e às mudanças climáticas. G20: Interdição na Atlântica é antecipada após mudança por pedido das forças de segurança Protesto: Rio de Paz e Ação da Cidadania fazem manifestação contra a fome em Copacabana E é principalmente nas favelas que ficam mais evidentes os efeitos desse tipo de racismo, concretizado com a falta de serviços como saneamento básico e de moradia digna, por exemplo. Não por outro motivo, tornaram-se centros de discussão e de ação para combater essa prática, abordada no G20 Social. O evento terminou neste sábado (16) na Zona Portuária e teve como temas sustentabilidade, mudanças climáticas e transição justa. As iniciativas são muitas e vêm de todas as partes. Com a proposta de unir para multiplicar, jovens lideranças de periferias do estado fundaram, há dois anos, a coalizão O Clima é de Mudança. A rede reúne mais de 300 organizações e 500 moradores das regiões Metropolitana e Serrana, da Baixada e do Leste Fluminense. O objetivo é lutar contra o racismo ambiental e pela justiça climática. Tudo começou com um grupo de colegas ativistas que buscavam soluções alternativas para favelas onde moram; alguns antes mesmo de estarem inseridos na pauta climática. Tecnologias verdes Eles são parte de organizações fundadas na periferia. É o caso do Decodifica (antigo Labjaca), que surgiu no Jacarezinho, mas expandiu o trabalho com geração de dados para entender e buscar soluções para favelas do país. Já o data_labe produz dados sobre a Maré, sua população e necessidades. A Agenda Realengo fez uma cartilha com levantamento de dados reais sobre o bairro. — A gente foi se conhecendo nos eventos, pesquisando os trabalhos uns dos outros. Marcamos uma primeira reunião para colocar a ideia em prática. Organizamos um evento que atraiu interessados em debater a pauta climática. Depois, enviamos uma delegação para a COP27, no Egito (em 2022) — conta Maria Ribeiro, de 24 anos, comunicadora da Maré e uma das fundadoras da coalizão. Segundo ela, a intenção inicial era falar sobre tecnologias verdes que a favela estava construindo e como essas invenções poderiam ajudar a mitigar as mudanças do clima. No fim de outubro, a coalizão O Clima é de Mudança fez o primeiro curso de capacitação sobre crise climática para jovens líderes de diferentes comunidades. Durante os três meses da formação, foram feitos mapeamentos, análises de riscos e debates com especialistas convidados de diferentes áreas. O resultado do curso foi a criação do Plano Verão de Adaptação, que reúne reivindicações das periferias em relação aos impactos dos extremos climáticos e do racismo ambiental. — A gente chamou especialistas e pessoas que viveram eventos climáticos em seus territórios para trazerem questões, recomendações. Depois, abrimos um documento e construiu junto as propostas para o Plano de Verão — acrescenta Marcele Oliveira, de 25 anos, também cofundadora da coalizão. Ela faz parte do grupo de Jovens Negociadores pelo Clima, programa da Secretaria do Meio Ambiente do Rio, que participa da COP29 em Baku, no Azerbaijão, até o dia 22. Para Marcele, as decisões globais que saem de eventos como esses geram discussões, impactos e financiamentos que só chegam à periferia se houver pessoas capacitadas para fazer com que isso aconteça: — Na coalizão, a gente aprende como o eixo “do local ao global” é importante, mas não acontece de repente. Para a realidade da favela chegar a espaços globais, com ações inovadoras, a gente precisa de recursos, pessoas capacitadas, com inglês, e apoio financeiro. Diferentes frentes Seguindo a mesma filosofia, a Rede Favela Sustentável, rede colaborativa idealizada e gerenciada pela Comunidades Catalisadoras (ComCat), reúne desde 2017 iniciativas socioambientais em um mapa. Hoje, são mais de 700 integrantes e mobilizadores comunitários, distribuídos em mais de 300 favelas e parceiros técnicos. Os trabalhos visam à implementação da justiça climática a partir das favelas como locais de transformação e implementação de iniciativas. Os grupos atuam em diferentes frentes, como saneamento, moradia, cultura e alimentação saudável. Entre as ações, estão a construção de biossistemas para tratar esgoto, a montagem de telhados verdes e hortas comunitárias e a coleta de dados próprios para cobrar políticas de saúde. Na Mangueira, uma iniciativa recente também busca levar a discussão climática para a favela. Em março, foi fundada a Associação Ambiental Mangueira Sustentável. O objetivo é promover educação e justiça social, além de combater o racismo ambiental. E
Tema de discussão do encontro de lideranças mundiais é foco de projetos de comunidades, que sofrem ainda com falta de saneamento e moradia Em meio a debates sobre as consequências das mudanças climáticas e a busca por alternativas para frear seus impactos, o termo racismo ambiental tem ganhado cada vez mais força. A expressão se refere à discriminação e às injustiças sociais que afetam comunidades vulnerabilizadas ou minorias étnicas, devido à degradação ambiental e às mudanças climáticas. G20: Interdição na Atlântica é antecipada após mudança por pedido das forças de segurança Protesto: Rio de Paz e Ação da Cidadania fazem manifestação contra a fome em Copacabana E é principalmente nas favelas que ficam mais evidentes os efeitos desse tipo de racismo, concretizado com a falta de serviços como saneamento básico e de moradia digna, por exemplo. Não por outro motivo, tornaram-se centros de discussão e de ação para combater essa prática, abordada no G20 Social. O evento terminou neste sábado (16) na Zona Portuária e teve como temas sustentabilidade, mudanças climáticas e transição justa. As iniciativas são muitas e vêm de todas as partes. Com a proposta de unir para multiplicar, jovens lideranças de periferias do estado fundaram, há dois anos, a coalizão O Clima é de Mudança. A rede reúne mais de 300 organizações e 500 moradores das regiões Metropolitana e Serrana, da Baixada e do Leste Fluminense. O objetivo é lutar contra o racismo ambiental e pela justiça climática. Tudo começou com um grupo de colegas ativistas que buscavam soluções alternativas para favelas onde moram; alguns antes mesmo de estarem inseridos na pauta climática. Tecnologias verdes Eles são parte de organizações fundadas na periferia. É o caso do Decodifica (antigo Labjaca), que surgiu no Jacarezinho, mas expandiu o trabalho com geração de dados para entender e buscar soluções para favelas do país. Já o data_labe produz dados sobre a Maré, sua população e necessidades. A Agenda Realengo fez uma cartilha com levantamento de dados reais sobre o bairro. — A gente foi se conhecendo nos eventos, pesquisando os trabalhos uns dos outros. Marcamos uma primeira reunião para colocar a ideia em prática. Organizamos um evento que atraiu interessados em debater a pauta climática. Depois, enviamos uma delegação para a COP27, no Egito (em 2022) — conta Maria Ribeiro, de 24 anos, comunicadora da Maré e uma das fundadoras da coalizão. Segundo ela, a intenção inicial era falar sobre tecnologias verdes que a favela estava construindo e como essas invenções poderiam ajudar a mitigar as mudanças do clima. No fim de outubro, a coalizão O Clima é de Mudança fez o primeiro curso de capacitação sobre crise climática para jovens líderes de diferentes comunidades. Durante os três meses da formação, foram feitos mapeamentos, análises de riscos e debates com especialistas convidados de diferentes áreas. O resultado do curso foi a criação do Plano Verão de Adaptação, que reúne reivindicações das periferias em relação aos impactos dos extremos climáticos e do racismo ambiental. — A gente chamou especialistas e pessoas que viveram eventos climáticos em seus territórios para trazerem questões, recomendações. Depois, abrimos um documento e construiu junto as propostas para o Plano de Verão — acrescenta Marcele Oliveira, de 25 anos, também cofundadora da coalizão. Ela faz parte do grupo de Jovens Negociadores pelo Clima, programa da Secretaria do Meio Ambiente do Rio, que participa da COP29 em Baku, no Azerbaijão, até o dia 22. Para Marcele, as decisões globais que saem de eventos como esses geram discussões, impactos e financiamentos que só chegam à periferia se houver pessoas capacitadas para fazer com que isso aconteça: — Na coalizão, a gente aprende como o eixo “do local ao global” é importante, mas não acontece de repente. Para a realidade da favela chegar a espaços globais, com ações inovadoras, a gente precisa de recursos, pessoas capacitadas, com inglês, e apoio financeiro. Diferentes frentes Seguindo a mesma filosofia, a Rede Favela Sustentável, rede colaborativa idealizada e gerenciada pela Comunidades Catalisadoras (ComCat), reúne desde 2017 iniciativas socioambientais em um mapa. Hoje, são mais de 700 integrantes e mobilizadores comunitários, distribuídos em mais de 300 favelas e parceiros técnicos. Os trabalhos visam à implementação da justiça climática a partir das favelas como locais de transformação e implementação de iniciativas. Os grupos atuam em diferentes frentes, como saneamento, moradia, cultura e alimentação saudável. Entre as ações, estão a construção de biossistemas para tratar esgoto, a montagem de telhados verdes e hortas comunitárias e a coleta de dados próprios para cobrar políticas de saúde. Na Mangueira, uma iniciativa recente também busca levar a discussão climática para a favela. Em março, foi fundada a Associação Ambiental Mangueira Sustentável. O objetivo é promover educação e justiça social, além de combater o racismo ambiental. Esses temas são abordados em oficinas e projetos culturais. Entre as ações previstas, está a criação de um ecoponto e uma cooperativa de recicladores, focados na gestão de resíduos sólidos, que ainda pode gerar renda aos moradores.
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