Entrevista: 'Bolsonaro me assustou ao falar mal das vacinas', diz prefeito de Curitiba
Ao GLOBO, Rafael Greca (PSD) relembra passado de animosidades com o ex-presidente e se lança à disposição de Ratinho Júnior para sucedê-lo no comando do estado Pouco antes de retornar ao Brasil após ter recebido um prêmio de inovação em Barcelona, o prefeito de Curitiba, Rafael Greca (PSD), atendeu o jornal O Globo para uma entrevista no caminho para o aeroporto. Satisfeito por ter elegido seu sucessor, o vice-prefeito Eduardo Pimentel (PSD), Greca fez um breve balanço de seu terceiro mandato e falou sobre os planos políticos, após o dia primeiro de janeiro. O político se colocou à disposição do governador Ratinho Júnior (PSD) para sucedê-lo na gestão estadual. "Quem não tem o sonho de servir seu estado?", perguntou de volta ao ser questionado. Ele também se disse em melhor condições de disputar que adversários como o senador Sergio Moro (União Brasil) por ter pontuado melhor nas eleições da capital. O candidato de Moro, o deputado estadual Ney Leprevost, terminou em quarto lugar. Sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que deu sinais trocados na disputa em Curitiba, Greca disse ter ficado assustado com as atitudes durante a pandemia. "Minha única divergência com ele foi o momento em que ele discordou da campanha nacional de vacinação, o que não entendi porque ele comprou as vacinas, mas falava mal delas. Me assustou", relatou. Leia a entrevista completa. O senhor conseguiu eleger seu sucessor em Curitiba, Eduardo Pimentel. Termina este terceiro mandato com a sensação de missão cumprida? Ser prefeito de Curitiba é uma bem aventurança. A alegria de servir minha cidade pela terceira vez confirmou meu sucessor e agora nós conseguimos eleger o Eduardo Pimentel como meu indicado, do governador Ratinho Júnior e do presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab. A grande tradição de Curitiba tem sido a continuidade. Temos o mesmo planejamento urbano há quase 60 anos. É uma tradição que começou e foi confirmada nas sucessivas sucessões. Em 2017, pude trabalhar na recuperação de Curitiba. Trabalhamos no déficit e conseguimos devolver a capacidade de pagamento para a cidade. Hoje temos uma carteira em projetos já negociados com iniciativas como o banco dos Brics. Tudo isso assegura para o novo prefeito um mandato a altura do grande nome de Curitiba que ele é. A paz política que existe no Paraná, que se configura com minha aliança com Ratinho Junior e o senador Oriovisto Guimarães, colocam um ambiente muito virtuoso de alegria e serenidade. O senhor fala em 'paz política', mas neste ano a candidata Cristina Graeml se apresentou como uma alternativa mais à direita e foi ao segundo turno com menos recursos... A surpresa (com Cristina) aconteceu, mas a grande surpresa foi que nós vencemos e o nosso candidato venceu com margem expressiva sobre ela. O que mais me deixa feliz é que ganhamos em todo os bairros populares em Curitiba o que confirma Justiça social que fizemos. O nosso grande trabalho em favor do meio ambiente e o grande serviço social que minha saudosa esposa (Margarita Sansone, que morreu em 21 de agosto) criou prevaleceu. Tudo isso foi confirmado nas eleições. Tiveram alguns setores que não compreenderam, que foram os mais 'iguistas' da sociedade. Entendo que agora é o momento de dar ao Brasil uma democracia plena. Espero que essa harmonia de Curitiba e do Paraná seja estendida a toda sociedade brasileira para que os adversários sejam apenas adversários e não inimigos. A virtude está no meio, no centro, e não na polarização. O senhor diz que o extremismo se restringiu a alguns setores da sociedade. Este bom desempenho não representa uma ascensão da extrema-direita? Não, pelo contrário. A polarização já passou. Tanto a direita quanto a esquerda, o passado é só o que de bom ficou no passado. Não devemos fazer uma política de baús de rancores. Temos que fazer uma política de alegria, pensando em inovação, onde se exista comida de verdade. Nós temos que pensar em partidos políticos que proponham um amplo e largo horizonte. Ao longo das eleições, Bolsonaro deu sinais trocados e deixou Cristina Graeml usar sua imagem, apesar do PL ter indicado o vice eleito, Paulo Martins. Há desconforto? Nunca tive uma relação desarmoniosa com Bolsonaro. Sempre procurei servi-lo bem , quando era presidente, pelo dever republicano de atender quem estiver em Brasília. Minha única divergência com ele foi o momento em que ele discordou da campanha nacional de vacinação, o que não entendi porque ele comprou as vacinas, mas falava mal delas. Me assustou. Mas meu grande humanismo e o amor que eu e minha mulher sempre tivemos pela saúde, nos levou a tomar a trincheira das vacinações. Eu enfrentei uma dívida impagável que eu paguei, tempestades, seca de dois anos e, por fim, a pandemia. E agora ganhei os maiores prêmios de inovação do mundo. Em entrevista recente à revista Veja, Bolsonaro disse que o senhor 'desceu a porrada nele de graça'... Se eu disse alguma inverdade, peço desculpas... mas tudo que eu disse, pelo o que eu me lemb
Ao GLOBO, Rafael Greca (PSD) relembra passado de animosidades com o ex-presidente e se lança à disposição de Ratinho Júnior para sucedê-lo no comando do estado Pouco antes de retornar ao Brasil após ter recebido um prêmio de inovação em Barcelona, o prefeito de Curitiba, Rafael Greca (PSD), atendeu o jornal O Globo para uma entrevista no caminho para o aeroporto. Satisfeito por ter elegido seu sucessor, o vice-prefeito Eduardo Pimentel (PSD), Greca fez um breve balanço de seu terceiro mandato e falou sobre os planos políticos, após o dia primeiro de janeiro. O político se colocou à disposição do governador Ratinho Júnior (PSD) para sucedê-lo na gestão estadual. "Quem não tem o sonho de servir seu estado?", perguntou de volta ao ser questionado. Ele também se disse em melhor condições de disputar que adversários como o senador Sergio Moro (União Brasil) por ter pontuado melhor nas eleições da capital. O candidato de Moro, o deputado estadual Ney Leprevost, terminou em quarto lugar. Sobre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que deu sinais trocados na disputa em Curitiba, Greca disse ter ficado assustado com as atitudes durante a pandemia. "Minha única divergência com ele foi o momento em que ele discordou da campanha nacional de vacinação, o que não entendi porque ele comprou as vacinas, mas falava mal delas. Me assustou", relatou. Leia a entrevista completa. O senhor conseguiu eleger seu sucessor em Curitiba, Eduardo Pimentel. Termina este terceiro mandato com a sensação de missão cumprida? Ser prefeito de Curitiba é uma bem aventurança. A alegria de servir minha cidade pela terceira vez confirmou meu sucessor e agora nós conseguimos eleger o Eduardo Pimentel como meu indicado, do governador Ratinho Júnior e do presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab. A grande tradição de Curitiba tem sido a continuidade. Temos o mesmo planejamento urbano há quase 60 anos. É uma tradição que começou e foi confirmada nas sucessivas sucessões. Em 2017, pude trabalhar na recuperação de Curitiba. Trabalhamos no déficit e conseguimos devolver a capacidade de pagamento para a cidade. Hoje temos uma carteira em projetos já negociados com iniciativas como o banco dos Brics. Tudo isso assegura para o novo prefeito um mandato a altura do grande nome de Curitiba que ele é. A paz política que existe no Paraná, que se configura com minha aliança com Ratinho Junior e o senador Oriovisto Guimarães, colocam um ambiente muito virtuoso de alegria e serenidade. O senhor fala em 'paz política', mas neste ano a candidata Cristina Graeml se apresentou como uma alternativa mais à direita e foi ao segundo turno com menos recursos... A surpresa (com Cristina) aconteceu, mas a grande surpresa foi que nós vencemos e o nosso candidato venceu com margem expressiva sobre ela. O que mais me deixa feliz é que ganhamos em todo os bairros populares em Curitiba o que confirma Justiça social que fizemos. O nosso grande trabalho em favor do meio ambiente e o grande serviço social que minha saudosa esposa (Margarita Sansone, que morreu em 21 de agosto) criou prevaleceu. Tudo isso foi confirmado nas eleições. Tiveram alguns setores que não compreenderam, que foram os mais 'iguistas' da sociedade. Entendo que agora é o momento de dar ao Brasil uma democracia plena. Espero que essa harmonia de Curitiba e do Paraná seja estendida a toda sociedade brasileira para que os adversários sejam apenas adversários e não inimigos. A virtude está no meio, no centro, e não na polarização. O senhor diz que o extremismo se restringiu a alguns setores da sociedade. Este bom desempenho não representa uma ascensão da extrema-direita? Não, pelo contrário. A polarização já passou. Tanto a direita quanto a esquerda, o passado é só o que de bom ficou no passado. Não devemos fazer uma política de baús de rancores. Temos que fazer uma política de alegria, pensando em inovação, onde se exista comida de verdade. Nós temos que pensar em partidos políticos que proponham um amplo e largo horizonte. Ao longo das eleições, Bolsonaro deu sinais trocados e deixou Cristina Graeml usar sua imagem, apesar do PL ter indicado o vice eleito, Paulo Martins. Há desconforto? Nunca tive uma relação desarmoniosa com Bolsonaro. Sempre procurei servi-lo bem , quando era presidente, pelo dever republicano de atender quem estiver em Brasília. Minha única divergência com ele foi o momento em que ele discordou da campanha nacional de vacinação, o que não entendi porque ele comprou as vacinas, mas falava mal delas. Me assustou. Mas meu grande humanismo e o amor que eu e minha mulher sempre tivemos pela saúde, nos levou a tomar a trincheira das vacinações. Eu enfrentei uma dívida impagável que eu paguei, tempestades, seca de dois anos e, por fim, a pandemia. E agora ganhei os maiores prêmios de inovação do mundo. Em entrevista recente à revista Veja, Bolsonaro disse que o senhor 'desceu a porrada nele de graça'... Se eu disse alguma inverdade, peço desculpas... mas tudo que eu disse, pelo o que eu me lembro, era exatamente o que ele dizia nos famosos pronunciamentos no cercadinho do Alvorada. Bolsonaro ainda é o grande líder da direita? Eu não tenho que avaliar nada, quem tem que ver é o povo. Sou um entusiasmado engenheiro... Quero que todos pensem ao centro, longe da polarização. Seu partido, o PSD, saiu fortalecido dessas eleições tendo conquistado o maior número de prefeituras do país. Seria esta uma ascensão do centro? A maravilhosa pontuação do PSD qualifica o partido de Kassab como o novo poder moderador da república. Entre os extremos, está a virtude daqueles que pensam em harmonia. E os planos a partir do dia primeiro de janeiro, prefeito. Quais são? Primeiro vou sair de férias, mas depois vou voltar a trabalhar. Eu tendo eleito meu sucessor e tendo sido três vezes prefeitos de Curitiba, tenho vontade de seguir adiante. Havendo o consenso partidário pode ser que eu passe a sonhar a ser governador do Paraná. Quem não tem este sonho de servir o estado. O senhor tem o aval de Ratinho Júnior para ser candidato? Eu e o governador Ratinho temos uma estética e ética 'paranaentista'. O governador me convidou para trabalhar com ele e vamos discutir em dezembro como ele vê a possibilidade desta parceria. Farei o que me for designado. Tem outros nomes à direita que estão tentando se cacificar, como o senador Sergio Moro... Teria problema em enfrentá-lo? Não quero me incomodar com adversários que pontuaram mal na eleição. Entendo que temos vantagem sobre eles. O que estou querendo agora é usar este pedestal que nos deu a eleição de Pimentel para nós darmos um saldo para o futuro. E para a Presidência, defende o governador Ratinho Júnior? O governador tem um sonho legítimo e tem todos os atributos para ser um jovem presidente do Brasil. Tem muita penetração nas classes populares. Tem toda a condição de postular a Presidência e eu apoio com o maior prazer e entusiasmo. Caso não consiga disputar o governo, há a possibilidade de concorrer ao Legislativo? Eu gostava muito de Margarita (sua mulher que faleceu em agosto) e quando era legislador, deputado federal, ficava com saudade dela. Não gostava muito. Prefiro ficar em Curitiba. O senhor citou sua esposa em alguns momentos desta entrevista. Margarita faleceu no início da campanha eleitoral. Como foi lidar com a política junto a dor do luto? Foi muito difícil, mas digo que superei. Superei porque acredito na vida eterna e sei que ela era a pessoa que mais gostaria de me ver progredir, era minha maior entusiasta. Quem me ajudou muito foi Eduardo Pimentel. Sou grato pelos apoios.
Qual é a sua reação?