Conheça Quequén, balneário na Argentina que era famoso pelo luxo, mas ressurgiu com clima de vila de pescadores brasileira

Rua de areia, artesãos, barracas de comida, um mercado, pranchas de surf e um centro de esportes náuticos aproximam a cidade argentina da realidade do litoral brasileiro Descobriu Quequén há dois anos e diz que não o trocaria por nenhum outro destino na costa atlântica de Buenos Aires. “Escolhi pela tranquilidade, pelas ondas, pela vibração do lugar. Gosto do perfil das pessoas que vêm, é bem calmo e descontraído. É ótima para surfar e as praias são muito bonitas. Vejo muito movimento neste verão, tem várias construções na orla que não existiam no ano passado. É um lugar que tem potencial e é bom que cresça, mas espero que seja um crescimento ordenado. Não perca a tranquilidade, a natureza e o espírito que hoje caracterizam Quequén, e é justamente por isso que as pessoas o escolhem”, diz Aurora Pietranera sentada na areia da praia do parador La Hélice, totalmente reformado no verão passado. Mergulho polar e acampamento no gelo: cruzeiros na Antártica atraem turistas que querem conhecer o 'sétimo continente' Três horas de jantar, 20 etapas e show imersivo: restaurante mais caro do mundo custa quase R$ 12 mil por pessoa, em Ibiza Essas construções a que Pietranera se refere são até agora quatro conjuntos habitacionais que estão sendo construídos de frente para o mar, na Avenida 502. Mas há outros três já aprovados que começarão a ser construídos no próximo mês, o que significa cerca de 35 mil m2 de novas unidades para fins turísticos, todas com serviços e comodidades semelhantes aos oferecidos por um hotel, em uma área entre o balneário La Virazón e a Bahía de los Vientos, sempre à beira-mar. Vila de Quequén La Nación A forte aposta dos promotores imobiliários, o investimento que o município fez recentemente em obras de infraestruturas como a pavimentação da Avenida 502 e sua iluminação, as novas concessões em curso e um ambicioso projeto de reflutuação para recuperar a extensão das praias e reverter a erosão das o litoral é talvez um sinal de uma nova era de prosperidade para esta cidade termal, que atraiu a elite portenha entre finais do século XIX e meados da década de 20. Já não são chalés com ares franceses nem as suntuosas mansões construídas naqueles anos, como o lendário hotel Balneário Victoria — inaugurado em 1895 e onde se hospedou parte da aristocracia de Buenos Aires —, mas Quequén, quase imperceptivelmente separado de Necochea, junto ao rio do mesmo nome, prepara-se para reviver o seu momento de glória. Tem meios para o fazer: os seus atrativos naturais continuam intactos, o perfil público acompanha-o e os investimentos privados já estão de olho neste destino, onde hoje vivem cerca de 36 mil pessoas em permanência. Surfe em alta em Quequén La Nación Néstor Diez é engenheiro civil de Necoche. Seu pai era construtor e seu filho Agustín é arquiteto. Diz, com orgulho, que a empresa que hoje dirige é a terceira geração de uma família dedicada ao desenvolvimento urbano e que depois de muitos anos construindo edifícios em Necochea, chegou a vez de Quequén. “Começamos com um loteamento de 120 lotes ao pé do farol e depois com os conjuntos à beira-mar. A primeira chama-se Bahía de Sol, num terreno com 45 metros de frente. São unidades de estúdio e um quarto, todas com vista para o mar e terraço próprio, além de acesso a comodidades como piscina, jardim e churrasqueira. Existem garagens suficientes e os apartamentos estão prontos para entrega. Os que ainda estão disponíveis custam entre 120 mil e 130 mil dólares”, detalha Diez. Junto a este complexo, o grupo está a construir outro empreendimento, o Costa de Sol, com unidades entre 40 e 58 m2 que custam a partir de 80 mil dólares e podem ser parceladas. “O empreendimento imobiliário concentra-se na frente litorânea, está diretamente relacionado ao turismo e respeita o zoneamento de quatro andares e no máximo 15 metros de altura. Quando se diz que é um boom, não é assim, porque devemos levar em conta que há décadas nada se faz em Quequén. A resposta foi incrível e poucos meses depois de colocado à venda tudo já estava reservado. Para a nossa realidade é um crescimento importante, mas não se compara ao fenômeno de outros pontos turísticos como Mar de las Pampas, por exemplo”, afirma Diez, que aproveita a comparação para responder às críticas de quem não concorda com este desenvolvimento, entre as quais estão algumas associações de ambientalistas que exigem a conservação das florestas. Como prefeito de Necochea -Quequén faz parte do município- desde 2019, Arturo Rojas confidencia a LA NACIÓN que também houve grupos que se opuseram à recente pavimentação da Avenida 502, mas que as obras eram necessárias para que as pessoas pudessem viajar até lá. “Quequén foi esquecido. Tínhamos concessões abandonadas e degradadas, ao longo da zona ribeirinha não havia iluminação nem serviços, e as dunas avançavam para a rua, o que impedia as pessoas de ali caminharem. Era impossível, por exemplo, passar com carrinho de bebê – afirma o responsável, que assumiu o primeiro

Nov 9, 2024 - 04:31
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Conheça Quequén, balneário na Argentina que era famoso pelo luxo, mas ressurgiu com clima de vila de pescadores brasileira

Rua de areia, artesãos, barracas de comida, um mercado, pranchas de surf e um centro de esportes náuticos aproximam a cidade argentina da realidade do litoral brasileiro Descobriu Quequén há dois anos e diz que não o trocaria por nenhum outro destino na costa atlântica de Buenos Aires. “Escolhi pela tranquilidade, pelas ondas, pela vibração do lugar. Gosto do perfil das pessoas que vêm, é bem calmo e descontraído. É ótima para surfar e as praias são muito bonitas. Vejo muito movimento neste verão, tem várias construções na orla que não existiam no ano passado. É um lugar que tem potencial e é bom que cresça, mas espero que seja um crescimento ordenado. Não perca a tranquilidade, a natureza e o espírito que hoje caracterizam Quequén, e é justamente por isso que as pessoas o escolhem”, diz Aurora Pietranera sentada na areia da praia do parador La Hélice, totalmente reformado no verão passado. Mergulho polar e acampamento no gelo: cruzeiros na Antártica atraem turistas que querem conhecer o 'sétimo continente' Três horas de jantar, 20 etapas e show imersivo: restaurante mais caro do mundo custa quase R$ 12 mil por pessoa, em Ibiza Essas construções a que Pietranera se refere são até agora quatro conjuntos habitacionais que estão sendo construídos de frente para o mar, na Avenida 502. Mas há outros três já aprovados que começarão a ser construídos no próximo mês, o que significa cerca de 35 mil m2 de novas unidades para fins turísticos, todas com serviços e comodidades semelhantes aos oferecidos por um hotel, em uma área entre o balneário La Virazón e a Bahía de los Vientos, sempre à beira-mar. Vila de Quequén La Nación A forte aposta dos promotores imobiliários, o investimento que o município fez recentemente em obras de infraestruturas como a pavimentação da Avenida 502 e sua iluminação, as novas concessões em curso e um ambicioso projeto de reflutuação para recuperar a extensão das praias e reverter a erosão das o litoral é talvez um sinal de uma nova era de prosperidade para esta cidade termal, que atraiu a elite portenha entre finais do século XIX e meados da década de 20. Já não são chalés com ares franceses nem as suntuosas mansões construídas naqueles anos, como o lendário hotel Balneário Victoria — inaugurado em 1895 e onde se hospedou parte da aristocracia de Buenos Aires —, mas Quequén, quase imperceptivelmente separado de Necochea, junto ao rio do mesmo nome, prepara-se para reviver o seu momento de glória. Tem meios para o fazer: os seus atrativos naturais continuam intactos, o perfil público acompanha-o e os investimentos privados já estão de olho neste destino, onde hoje vivem cerca de 36 mil pessoas em permanência. Surfe em alta em Quequén La Nación Néstor Diez é engenheiro civil de Necoche. Seu pai era construtor e seu filho Agustín é arquiteto. Diz, com orgulho, que a empresa que hoje dirige é a terceira geração de uma família dedicada ao desenvolvimento urbano e que depois de muitos anos construindo edifícios em Necochea, chegou a vez de Quequén. “Começamos com um loteamento de 120 lotes ao pé do farol e depois com os conjuntos à beira-mar. A primeira chama-se Bahía de Sol, num terreno com 45 metros de frente. São unidades de estúdio e um quarto, todas com vista para o mar e terraço próprio, além de acesso a comodidades como piscina, jardim e churrasqueira. Existem garagens suficientes e os apartamentos estão prontos para entrega. Os que ainda estão disponíveis custam entre 120 mil e 130 mil dólares”, detalha Diez. Junto a este complexo, o grupo está a construir outro empreendimento, o Costa de Sol, com unidades entre 40 e 58 m2 que custam a partir de 80 mil dólares e podem ser parceladas. “O empreendimento imobiliário concentra-se na frente litorânea, está diretamente relacionado ao turismo e respeita o zoneamento de quatro andares e no máximo 15 metros de altura. Quando se diz que é um boom, não é assim, porque devemos levar em conta que há décadas nada se faz em Quequén. A resposta foi incrível e poucos meses depois de colocado à venda tudo já estava reservado. Para a nossa realidade é um crescimento importante, mas não se compara ao fenômeno de outros pontos turísticos como Mar de las Pampas, por exemplo”, afirma Diez, que aproveita a comparação para responder às críticas de quem não concorda com este desenvolvimento, entre as quais estão algumas associações de ambientalistas que exigem a conservação das florestas. Como prefeito de Necochea -Quequén faz parte do município- desde 2019, Arturo Rojas confidencia a LA NACIÓN que também houve grupos que se opuseram à recente pavimentação da Avenida 502, mas que as obras eram necessárias para que as pessoas pudessem viajar até lá. “Quequén foi esquecido. Tínhamos concessões abandonadas e degradadas, ao longo da zona ribeirinha não havia iluminação nem serviços, e as dunas avançavam para a rua, o que impedia as pessoas de ali caminharem. Era impossível, por exemplo, passar com carrinho de bebê – afirma o responsável, que assumiu o primeiro mandato em 2019 -. A particularidade que Quequén tem em relação a Necochea é que tudo o que se faz agora a nível urbano está virado para o mar e visa um público de classe média alta, que sempre foi o turismo que Quequén teve, embora ao longo dos anos tenha ficado Aos poucos, o destaque perdido vai ganhando”, afirma Rojas, e insiste que o impulso é tão forte que muitos dos incorporadores que antes nem queriam ouvi-lo quando falava da possibilidade de investir em Quequén, agora estão batendo em sua porta. Embora tenha sido uma temporada atípica em Necochea, e que durante a primeira quinzena de janeiro a ocupação durante a semana atingiu 55%, com picos de até 70% nos finais de semana, segundo dados da Secretaria de Turismo local, em Quequén as reservas não cair. Até os preços dos aluguéis, ao contrário do que acontece em Necochea, são cotados em dólares. Por exemplo, na Rua 504, a cerca de 30 metros do mar, existe um complexo de apartamentos totalmente novo, de 80 m2, com dois quartos, duas casas de banho, banheira de hidromassagem, Wi-Fi e garagem, para o qual durante todo o mês de Janeiro e o primeiro metade de fevereiro pediram 80 dólares por dia. “A temporada de janeiro em Quequén nunca falha. Estamos sempre com capacidade máxima, mas é verdade que as consultas diminuíram um pouco”, diz seu proprietário, Sergio, que mora naquela cidade balneária o ano todo. Uma das pessoas que costuma se hospedar neste complexo turístico é a família Medina, que há mais de 20 anos passa os verões em Quequén. “Meu marido foi para Costa Bonita quando criança e depois começamos a vir para cá em família. Agora temos até amigos que eram de Buenos Aires e vieram morar em Quequén. Eu diria que o forte movimento começou há dois verões e isso fica evidente. Não queremos que cresça tanto, porque gostamos da tranquilidade, de ter pouca gente. Vou dar um exemplo: pela orla você anda em ritmo de homem com o carro, coisa que nunca aconteceu antes. O congestionamento de vans em Quequén é incrível”, reclama Valeria Medina, que tem dois filhos adolescentes e mora em Olivos. Por do sol em Ququén La Nación Entre os projetos mais importantes, e que podem marcar claramente a expansão de Quequén, está a ideia de reflushing, processo pelo qual — grosso modo — a areia é extraída do mar e depositada na praia, com o objetivo de aumentar suas dimensões. Quequén, alerta Rojas, é o porto mais profundo da Argentina, obra que foi concluída no final de 2019 e que deu ao terminal marítimo um calado de 50 pés. Segundo Rojas, a erosão costeira se aprofundou desde a última ampliação do quebra-mar norte de Necochea, em 2007, e com isso as praias de Quequén foram perdendo areia e ganhando pedras, que hoje impossibilitam as pessoas de se banharem no mar. no corredor de praia que se estende em direção à Baía dos Ventos. Por esta razão, as pessoas concentram-se basicamente nos balneários La Virazón, Monte Pasubio e La Hélice. O projeto de refilagem é liderado pelo Consórcio Gestor Puerto Quequén e Rojas afirma que a administração do consórcio está chegando a um acordo com a província de Buenos Aires para que novos investimentos cheguem ao redor do porto. Entre as obras de infraestrutura previstas está a questão do refluxo. “Necochea tem 65 quilômetros de praia e em todos eles é possível nadar no mar sem problemas, exceto alguns quilômetros onde a erosão costeira afeta principalmente Quequén, e nesse sentido a reflutuação é uma obra fundamental. Isso permitiria que Quequén se expandisse para o setor norte”, afirma Rojas. Para muitos tem o estilo de uma vila de pescadores brasileira. Uma rua de areia, artesãos, barracas de comida, um mercado, pranchas de surf, um centro de esportes náuticos, um hostel, vários bangalôs, um parque para acampar e um cenário artístico e cultural que acontece durante todo o ano. Esta é a comunidade do Monte Pasubio, um centro turístico eco-sustentável localizado na praia. Seu fundador é Enzo Ciro Lubrano, que assumiu a concessão do local há cinco anos, e lembra que quando chegou eles eram a única luz no caminho. “Os primeiros anos foram difíceis e a pandemia complicou as coisas. Mas crescemos e agora Quequén acompanha esse empreendimento com asfalto da orla, iluminação e outras melhorias. O Monte Pasubio é uma experiência completa – garante o empresário -. É um local para a família, para os jovens, para os amantes da natureza e para todos os que apreciam um estilo de vida saudável.” El visitante se puede alojar, hacer deportes, comer los mejores sorrentinos de salmón en el restaurante Océano by Bruga, que inauguró este verano, o simplemente pasear por la feria, que es el alma de Monte y está compuesta por unos 20 emprendedores que también vienen durante o inverno. “Quando um turista que chega pela primeira vez e pergunta a alguém onde fica o centro de Quequén, manda-o para Monte”, afirma Lubrano, que este ano vai ampliar a oferta de alojamento com mais cinco unidades. “No Monte existe um hostel com nove quartos e espaços comuns, onde costumam ficar grupos de amigos que vêm passar uns dias e fazer surf. Existem também bangalôs de categoria standard, bem equipados e mais voltados para famílias. Há um camping que tem quase um hectare e há os bangalôs mare, que são quatro unidades luxuosas de frente para o mar. É algo único, onde investimos muito mas vale muito a pena. “Você acorda olhando para as ondas.” Greve geral na Argentina Quanto às tarifas, a proposta do Monte Pasubio inclui serviço de spa, piscina aquecida e pequenos-almoços saudáveis. Também kit de amenidades sustentáveis, com lenha, roupa de cama e serviço de limpeza. Está aberto o ano todo e os preços começam em 50.000 pesos por noite para duas pessoas e até 180.000 pesos para 4/5 pessoas por noite nas unidades premium com hidromassagem e vista para o mar. Em Quequén existe também um bairro privado, Quequén Chico, um campo de golfe, onde está previsto o desenvolvimento imobiliário num lote privado atrás do complexo desportivo, que segundo Rojas já foi aprovado e terá início em breve, escolas de surf, hipismo e uma oferta gastronómica que, segundo os próprios turistas, está em franca expansão. “Antes da pandemia não havia quase nada e agora temos cerca de uma dezena de locais para comer ou beber”, afirma Daniel Pineda, que frequenta este spa há 15 anos. “No momento está crescendo lindamente, mas seria bom se protegessem alguns lugares e os transformassem em reservas, como a Bahía de los Vientos”, sugere Pineda, que é surfista como muitos dos que optam por vir para cá. recorrer. Aliás, neste verão também se instalou a escola de surf Coco, que tem parada no Parador La Hélice e oferece aulas personalizadas todas as manhãs, que duram uma hora e meia e custam 9.500 pesos. É liderado pela atleta e campeã argentina de longboard, Evelyn Gontier, que após cinco anos organizando surf trips - que são viagens temáticas de alguns dias para surfar, conhecer pessoas e curtir a praia - foi incentivada a dar o passo de abrir um escola “Gosto de ensinar e compartilhar tudo o que esse esporte incrível oferece e que ajuda as pessoas em todos os aspectos. Para se desconectar dos problemas e, ao mesmo tempo, conectar-se consigo mesmo. Porque na água, como sempre digo, é você e a prancha. Para remar você tem que fazer isso com suas próprias forças, aprender a se levantar também e pegar uma onda, a conexão consigo mesmo é fundamental. Só isso”, explica Gontier, que conta que há alguns anos, quando iniciou as surf trips, havia muita gente que não conhecia Quequén. “Eles me perguntaram onde estava porque não tinham muita ideia. Isso não acontece mais. Quequén cresceu muito e é muito bom poder compartilhar o que faço neste lugar maravilhoso”, finaliza.

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