Coisa de rico: saiba o que a Rolls-Royce ensina no seu curso para motoristas

Nada de carros autônomos. Freie como uma bailarina e não deixe o champanhe derramar São 9h da manhã de uma sexta-feira, e numa suíte espelhada no 31º andar do Wynn Encore Las Vegas está um inglês chamado Andi McCann praticamente dando piruetas no carpete. “É como dançar, você move a cabeça e o corpo segue”, ele diz. Não é uma audição do Cirque du Soleil. É McCann ensinando como abrir uma porta. 'Robotáxi': Quanto deve custar veículo autônomo da Tesla, que 'apareceu' pela 1ª em evento? Carrão de luxo com câmbio manual? Aston Martin e Pagani lançam modelos para quem busca 'conexão visceral' Instrutor de direção da Rolls-Royce Motor Cars desde 2005 e instrutor principal da marca desde 2012, McCann ensina motoristas de magnatas e bilionários de tecnologia no Texas e Taipei, Arábia Saudita e Cingapura. Eles aprendem a maneira correta, aprovada pela Rolls-Royce, de carregar bagagem, segurar guarda-chuvas, gelar champanhe, fugir de ameaças de segurança e, sim, até mesmo abrir portas. - Abrir uma porta de Rolls-Royce deve ser feito sem esforço e em um único movimento. É com pernas e braços - diz McCann, com um sotaque britânico elegante tão nítido quanto sua camisa branca de botões. Carro de estrela: Angelina Jolie vai vender sua Ferrari GT 250 em leilão em Paris Enquanto montadoras como a BMW AG e a Mercedes-Benz Group AG correm para alcançar a direção totalmente autônoma, e o homem mais rico do mundo, Elon Musk, promove a autonomia com seus robôs-táxis, McCann habita um universo bem diferente. Ele fica do lado de fora de dois pilares de pensamento que correm com violência pelo mundo dos carros: há o campo de direção totalmente autônoma perseguido por empresas como a Tesla de Musk, que promete transformar carros em robôs de mobilidade de quatro rodas. E há aqueles que exigem engajamento total na direção do banco da frente, como o pessoal da Porsche AG, que jura que nunca eliminará a caixa de câmbio manual que torna alguns de seus carros esportivos 911 tão emocionantes. Relembre posses e momentos históricos em que o Rolls-Royce presidencial foi usado A Rolls-Royce oferece uma terceira filosofia. Ela presume que uma parcela saudável de seus clientes preferirá o banco de trás ao da frente. Dos cerca de 6 mil veículos que a empresa entrega globalmente a cada ano, 20% vão para proprietários que empregam motoristas. A proporção é ainda maior entre os proprietários do enorme sedã Phantom, de US$ 575 mil. O trabalho de McCann é garantir que o prazer do passeio seja maximizado pela pessoa que eles pagam para assumir o volante. - Nós fazemos os melhores automóveis do mundo. O elo fraco é o motorista - diz. Treinar motoristas não é tão antiquado quanto parece. A carreira de motorista de meio período está aumentando globalmente, especialmente na Ásia, onde novas riquezas na China e na Coreia impulsionaram o crescimento anual da Rolls-Royce em 2023; e no Oriente Médio, onde as vendas atingiram novos níveis recordes em número e valor, de acordo com o último relatório anual da empresa. LVMH: Maior conglomerado de luxo do mundo assina contrato de patrocínio com a F1, substituindo a Rolex Não é só o melhor da Rolls dirigindo. Em 28 de outubro, a empresa de motoristas de luxo Blacklane GmbH levantou € 60 milhões (US$ 65 milhões) em financiamento de investidores, incluindo uma subsidiária do Fundo de Investimento Público da Arábia Saudita. A empresa sediada em Berlim permite que os clientes se conectem com motoristas profissionais por meio de aplicativo móvel, site ou linha direta, em qualquer lugar do mundo. O apelo do motorista é o cuidado personalizado e a atenção aguda que eles fornecem — um certo calor humano e inteligência de rua, do mundo real, que nenhum robô, por mais avançado que seja, pode fornecer. É a experiência de ser bem-vindo e cuidado por alguém que conhece suas preferências e pode se adaptar em tempo real conforme as condições mudam. Ter um motorista particular não é apenas sobre ir de A a B: é sobretudo o mais que acontece ao longo do caminho. Luxo sobre rodas: Carros de alto padrão roubam a cena dos clássicos americanos em Cuba McCann diz que um motorista é tanto um concierge viajante quanto alguém que cria eficiência e economiza tempo no dia. Aqueles que insistem no melhor chef, massagista e guarda-costas também apreciam o valor de um dos graduados por McCann; para esses indivíduos ricos, a mais alta forma de luxo automotivo é ser dirigido por um humano. Uma repórter da Bloomberg foi a Las Vegas para ver se conseguiria atingir a nota para passar no curso de McCann.O dia começou com uma aula de História. De pé diante de uma tela de TV, McCann folheia imagens granuladas de carruagens imponentes; uma foto de T.E. Lawrence — Lawrence da Arábia — em seu Silver Ghost, por volta de 1916. No início, explica McCann, os motoristas não dirigiam carros; eles trabalhavam em trens. A palavra chofer (uma pessoa que trabalha regularmente dirigindo um automóvel para alguém) vem do francês chauffer — “aquecer”. Ela se

Nov 24, 2024 - 13:49
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Coisa de rico: saiba o que a Rolls-Royce ensina no seu curso para motoristas

Nada de carros autônomos. Freie como uma bailarina e não deixe o champanhe derramar São 9h da manhã de uma sexta-feira, e numa suíte espelhada no 31º andar do Wynn Encore Las Vegas está um inglês chamado Andi McCann praticamente dando piruetas no carpete. “É como dançar, você move a cabeça e o corpo segue”, ele diz. Não é uma audição do Cirque du Soleil. É McCann ensinando como abrir uma porta. 'Robotáxi': Quanto deve custar veículo autônomo da Tesla, que 'apareceu' pela 1ª em evento? Carrão de luxo com câmbio manual? Aston Martin e Pagani lançam modelos para quem busca 'conexão visceral' Instrutor de direção da Rolls-Royce Motor Cars desde 2005 e instrutor principal da marca desde 2012, McCann ensina motoristas de magnatas e bilionários de tecnologia no Texas e Taipei, Arábia Saudita e Cingapura. Eles aprendem a maneira correta, aprovada pela Rolls-Royce, de carregar bagagem, segurar guarda-chuvas, gelar champanhe, fugir de ameaças de segurança e, sim, até mesmo abrir portas. - Abrir uma porta de Rolls-Royce deve ser feito sem esforço e em um único movimento. É com pernas e braços - diz McCann, com um sotaque britânico elegante tão nítido quanto sua camisa branca de botões. Carro de estrela: Angelina Jolie vai vender sua Ferrari GT 250 em leilão em Paris Enquanto montadoras como a BMW AG e a Mercedes-Benz Group AG correm para alcançar a direção totalmente autônoma, e o homem mais rico do mundo, Elon Musk, promove a autonomia com seus robôs-táxis, McCann habita um universo bem diferente. Ele fica do lado de fora de dois pilares de pensamento que correm com violência pelo mundo dos carros: há o campo de direção totalmente autônoma perseguido por empresas como a Tesla de Musk, que promete transformar carros em robôs de mobilidade de quatro rodas. E há aqueles que exigem engajamento total na direção do banco da frente, como o pessoal da Porsche AG, que jura que nunca eliminará a caixa de câmbio manual que torna alguns de seus carros esportivos 911 tão emocionantes. Relembre posses e momentos históricos em que o Rolls-Royce presidencial foi usado A Rolls-Royce oferece uma terceira filosofia. Ela presume que uma parcela saudável de seus clientes preferirá o banco de trás ao da frente. Dos cerca de 6 mil veículos que a empresa entrega globalmente a cada ano, 20% vão para proprietários que empregam motoristas. A proporção é ainda maior entre os proprietários do enorme sedã Phantom, de US$ 575 mil. O trabalho de McCann é garantir que o prazer do passeio seja maximizado pela pessoa que eles pagam para assumir o volante. - Nós fazemos os melhores automóveis do mundo. O elo fraco é o motorista - diz. Treinar motoristas não é tão antiquado quanto parece. A carreira de motorista de meio período está aumentando globalmente, especialmente na Ásia, onde novas riquezas na China e na Coreia impulsionaram o crescimento anual da Rolls-Royce em 2023; e no Oriente Médio, onde as vendas atingiram novos níveis recordes em número e valor, de acordo com o último relatório anual da empresa. LVMH: Maior conglomerado de luxo do mundo assina contrato de patrocínio com a F1, substituindo a Rolex Não é só o melhor da Rolls dirigindo. Em 28 de outubro, a empresa de motoristas de luxo Blacklane GmbH levantou € 60 milhões (US$ 65 milhões) em financiamento de investidores, incluindo uma subsidiária do Fundo de Investimento Público da Arábia Saudita. A empresa sediada em Berlim permite que os clientes se conectem com motoristas profissionais por meio de aplicativo móvel, site ou linha direta, em qualquer lugar do mundo. O apelo do motorista é o cuidado personalizado e a atenção aguda que eles fornecem — um certo calor humano e inteligência de rua, do mundo real, que nenhum robô, por mais avançado que seja, pode fornecer. É a experiência de ser bem-vindo e cuidado por alguém que conhece suas preferências e pode se adaptar em tempo real conforme as condições mudam. Ter um motorista particular não é apenas sobre ir de A a B: é sobretudo o mais que acontece ao longo do caminho. Luxo sobre rodas: Carros de alto padrão roubam a cena dos clássicos americanos em Cuba McCann diz que um motorista é tanto um concierge viajante quanto alguém que cria eficiência e economiza tempo no dia. Aqueles que insistem no melhor chef, massagista e guarda-costas também apreciam o valor de um dos graduados por McCann; para esses indivíduos ricos, a mais alta forma de luxo automotivo é ser dirigido por um humano. Uma repórter da Bloomberg foi a Las Vegas para ver se conseguiria atingir a nota para passar no curso de McCann.O dia começou com uma aula de História. De pé diante de uma tela de TV, McCann folheia imagens granuladas de carruagens imponentes; uma foto de T.E. Lawrence — Lawrence da Arábia — em seu Silver Ghost, por volta de 1916. No início, explica McCann, os motoristas não dirigiam carros; eles trabalhavam em trens. A palavra chofer (uma pessoa que trabalha regularmente dirigindo um automóvel para alguém) vem do francês chauffer — “aquecer”. Ela se referia ao foguista que mantinha o fogo aceso nas máquinas a vapor. À medida que as carruagens sem cavalos se tornaram populares na virada para o século XX, os proprietários de Bristol a Bombaim esperavam que as pessoas que já trabalhavam em seus estábulos e estações locais operassem as máquinas modernas. Relâmpago McQueen: Porsche avaliado em R$1,2 milhão é transformado em modelo do filme 'Carros'; veja fotos Então, a Rolls-Royce começou academias onde os clientes podiam enviar cavalariços e manobristas para aprender tudo, desde manutenção e operação de carros até etiqueta, como onde a dona da casa deveria se sentar. Muitas das lições ainda perduram. - Buscar a perfeição é um componente básico do luxo; tudo o que você faz deve ser afiado, sem esforço, profissional e seguro- diz McCann à turma de sete pessoas que passou duas horas aprendendo o básico antes de testar habilidades dirigindo pelo Valley of Fire State Park. A sessão é uma versão abreviada dos cursos somente para convidados que a Rolls-Royce oferece aos seus VIPs; os preços não são discutidos publicamente. - Se você está no horário, você está atrasado - ensina McCann. McLaren 750S e Artura Spider: Conheça as joias da coroa inglesa avaliadas em R$ 6,8 milhões que chegam ao Brasil em 2024; fotos Ele descreve algumas diretrizes: a bagagem deve ser levantada, não arrastada, para evitar sujeira; as malas devem ser carregadas antes que os passageiros embarquem, para protegê-las de possíveis roubos. Um motorista deve prestar atenção especial ao espelho retrovisor, que é posicionado de modo a não fazer contato visual com os passageiros (isso é por segurança e discrição). E uma instrução inesperada: nunca pergunte aos passageiros do banco de trás sobre o voo: - Essa é a pior coisa que você pode perguntar a alguém. Quando foi a última vez que você saiu de um tubo de metal e disse: 'Eu me diverti muito'? Quando você faz essa pergunta, está imediatamente pedindo ao cliente para distorcer a verdade. Initial plugin text Foque em detalhes personalizados, como qual água o cliente prefere (com gás ou sem gás? Pellegrino ou Perrier?); coloque garrafas na porta, não no porta-copos, para que haja espaço para a bebida do próprio cliente. Memorize os nomes dos animais de estimação amados. Nivele as saídas de ar e os apoios de cabeça. Certifique-se de que a música — se houver — e o clima sejam satisfatórios. - Nossos refrigeradores têm duas configurações, seis e 11 graus Celsius, uma para champanhe vintage, uma para champanhe não vintage. Você deve saber a que horas do dia o cliente chegará e se ajustar de acordo. Se for noite, ele provavelmente beberá vintage, e essa temperatura deve ser mais quente - ele diz. O mestre orienta a turma sobre como assumir o volante: braços estendidos e ombros relaxados, mãos nas 9 e 3 horas. Coxas paralelas ao chão, pélvis desenrolada. Pés pousando levemente nos pedais. - Se você tiver qualquer tensão no seu corpo, isso vai se traduzir no carro - ele diz. Entenda: Mercado de carros de luxo cresce muito mais que o PIB, diz executivo que lançou investimento em veículos clássicos Depois vem o teste de uísque, gin tônica e champanhe. Isso significa ser capaz de frear tão imperceptivelmente que uma flutê de champanhe no capô do veículo não derramaria. Comece praticando com uísque em seu copo tradicional, ele diz, depois gim, antes de passar para o espumante. É um exercício teórico: toque os freios com a elegância de uma bailarina; concentre-se como um cirurgião. Mantenha a efervescência no copo. Respire: - Não deixe que uma direção ruim afete sua boa direção! Luxemburgo, o paraíso dos carros de luxo: Pequeno país europeu registrou três novas Porsches por dia em 2023 McCann continua ensinando: nunca comece ou termine uma viagem indo para trás. Desembarque os passageiros primeiro, depois dê marcha à ré se for preciso, estacionando de forma que o carro permaneça voltado para a frente. É um sinal de respeito à atriz Eleanor Thornton, a modelo que posou para a confecção da pequena estátua-ornamento que fica na frente do capô dos carros fabricados pela Rolls-Royce e que transportaram regentes e estrelas do rock desde 1904. - Você pode ser expulso de um evento por estacioná-la contra a parede - diz o mestre. Mega Millions: apostador sortudo leva sozinho o prêmio de R$ 5,4 bilhões da loteria americana McCann pega um rolo removedor de fiapos, listando itens essenciais para motoristas: um canivete, microfibras, água alcalina, um USB com música. Para o passageiro, luxo é ausência. Especificamente, a ausência de sujeira e fuligem, de aborrecimento, desordem e inconveniência. Um bom motorista mantém você livre de tais preocupações enquanto você persegue o dia definido diante de você; sob seu comando, o próprio carro se torna um santuário.Mas a arte de dirigir também parece conectada a um conceito mais profundo, que celebra os artesãos que criam ordem e beleza a partir de matérias-primas. É Martha Stewart e seu jardim; Lucien Freud e suas pinturas a óleo; o cobertor de cashmere Loro Piana de US$ 4.400. Esses espaços e bens aspiracionais derivam de negócios humildes — jardinagem, pintura, tecelagem — que são executados com maestria e, como tal, altamente valorizados. McCann mostra que ser motorista honra as conexões que temos uns com os outros e a dignidade inerente encontrada no aperfeiçoamento de uma vocação do velho mundo. Parece uma refutação de uma existência iminente e fria de piloto automático. Fim do curso. No dia seguinte, há no balcão de manobristas do hotel um pacote. É uma única luva branca com um broche RR dourado, emoldurado em preto e assinado por McCann.

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