Cientistas americanos testam pílula para limitar arrotos de vacas e ajudar o clima; entenda
Embora indústria de combustíveis fósseis e algumas fontes naturais emitam metano, pecuária tornou-se preocupação climática devido a volume de emissões gasosas de vacas Um cientista insere um longo tubo pela boca até o estômago de "Thing 1", um bezerro de dois meses que faz parte de um projeto de pesquisa que visa evitar que vacas emitam metano, um poderoso gás que contribui para o efeito estufa. Paulo de Meo Filho, pesquisador de pós-doutorado na Universidade da Califórnia (UC), em Davis, participa de um ambicioso experimento que visa desenvolver uma pílula para transformar bactérias intestinais de vacas para que emitam menos ou nenhum metano. Alerta de especialista: planeta será 'incapaz de lidar' com volume de resíduos plásticos em 10 anos Veja também: Cingapura serve cerveja feita de esgoto durante a COP29 para chamar atenção para a reciclagem de água Embora a indústria dos combustíveis fósseis e algumas fontes naturais emitam metano, a pecuária tornou-se uma grande preocupação climática devido ao grande volume de emissões gasosas das vacas. “Quase metade do aumento da temperatura [global] que tivemos até agora foi devido ao metano”, explicou Ermias Kebreab, professor de ciências animais na UC Davis. O metano, o segundo maior impulsionador das alterações climáticas depois do dióxido de carbono, decompõe-se mais rapidamente do que o CO², mas tem um efeito mais poderoso. “O metano vive na atmosfera durante cerca de 12 anos”, ao contrário do dióxido de carbono, que persiste durante séculos, disse Kebreab. Segundo ele, “se começarmos a reduzir o metano agora, poderemos ver o efeito na temperatura muito rapidamente”. Paulo usa o tubo para retirar líquido do rúmen de “"Thing 1”, primeiro compartimento do estômago que contém alimentos parcialmente digeridos. Usando amostras de fluido ruminal, os cientistas estão estudando os micróbios que convertem hidrogênio em metano, que não é digerido pela vaca, mas expelido. Uma única vaca arrota aproximadamente 100kg de gás por ano. Erros sociais A “"Thing 1” e outros bezerros são alimentados com uma dieta suplementada com algas marinhas para reduzir a produção de metano. Os cientistas esperam alcançar resultados semelhantes introduzindo micróbios geneticamente modificados para absorver hidrogênio, matando de fome as bactérias produtoras de metano na fonte. No entanto, a equipe segue com cautela em seu trabalho. Matthias Hess, diretor do laboratório UC Davis, alertou que “não podemos simplesmente reduzir a produção de metano eliminando” as bactérias que produzem este gás, pois o hidrogênio pode acumular-se e afetar a saúde do animal. “Os micróbios são criaturas sociais. Eles realmente gostam de viver juntos”, disse ele. “A forma como interagem e afetam uns aos outros afeta o funcionamento geral do ecossistema”, acrescentou. Entenda: projeto no Canadá usará inteligência artificial para reverter extinção em massa de insetos Os alunos da Hess testam diferentes fórmulas em biorreatores, recipientes que reproduzem as condições de vida dos microrganismos no estômago, desde os movimentos até a temperatura. Vacas mais produtivas O projeto está sendo realizado em conjunto com o Innovative Genomics Institute (IGI) da UC Berkeley. Os cientistas do IGI estão tentando identificar o micróbio certo, aquele que esperam alterar geneticamente para substituir os micróbios produtores de metano. Esses microrganismos modificados serão testados em laboratório na Universidade da Califórnia em Davis e também em animais. “Não estamos apenas tentando reduzir as emissões de metano, mas também aumentar a eficiência alimentar”, enfatizou Kebreab. “O hidrogênio e o metano são energia, e se reduzirmos essa energia e a redirecionarmos para outra coisa [...] teremos melhor produtividade e menos emissões ao mesmo tempo”, explicou. O objetivo final é um tratamento de dose única administrado no início da vida do animal, já que a maioria do gado pasta livremente e não pode receber suplementos diários. As três equipes de pesquisa receberam um fundo de 70 milhões de dólares (cerca de R$ 400 milhões) e um prazo de sete anos para avançar no estudo. Kebreab estuda há muito tempo práticas pecuárias sustentáveis e se opõe aos apelos para reduzir o consumo de carne para salvar o planeta. Embora reconhecesse que isto poderia funcionar para adultos saudáveis nos países desenvolvidos, citou países como a Indonésia, onde o governo tenta aumentar a produção de carne e produtos lácteos porque 20% das crianças com menos de cinco anos têm um crescimento atrofiado. “Não podemos dizer-lhes para não comerem carne”, sublinhou.
Embora indústria de combustíveis fósseis e algumas fontes naturais emitam metano, pecuária tornou-se preocupação climática devido a volume de emissões gasosas de vacas Um cientista insere um longo tubo pela boca até o estômago de "Thing 1", um bezerro de dois meses que faz parte de um projeto de pesquisa que visa evitar que vacas emitam metano, um poderoso gás que contribui para o efeito estufa. Paulo de Meo Filho, pesquisador de pós-doutorado na Universidade da Califórnia (UC), em Davis, participa de um ambicioso experimento que visa desenvolver uma pílula para transformar bactérias intestinais de vacas para que emitam menos ou nenhum metano. Alerta de especialista: planeta será 'incapaz de lidar' com volume de resíduos plásticos em 10 anos Veja também: Cingapura serve cerveja feita de esgoto durante a COP29 para chamar atenção para a reciclagem de água Embora a indústria dos combustíveis fósseis e algumas fontes naturais emitam metano, a pecuária tornou-se uma grande preocupação climática devido ao grande volume de emissões gasosas das vacas. “Quase metade do aumento da temperatura [global] que tivemos até agora foi devido ao metano”, explicou Ermias Kebreab, professor de ciências animais na UC Davis. O metano, o segundo maior impulsionador das alterações climáticas depois do dióxido de carbono, decompõe-se mais rapidamente do que o CO², mas tem um efeito mais poderoso. “O metano vive na atmosfera durante cerca de 12 anos”, ao contrário do dióxido de carbono, que persiste durante séculos, disse Kebreab. Segundo ele, “se começarmos a reduzir o metano agora, poderemos ver o efeito na temperatura muito rapidamente”. Paulo usa o tubo para retirar líquido do rúmen de “"Thing 1”, primeiro compartimento do estômago que contém alimentos parcialmente digeridos. Usando amostras de fluido ruminal, os cientistas estão estudando os micróbios que convertem hidrogênio em metano, que não é digerido pela vaca, mas expelido. Uma única vaca arrota aproximadamente 100kg de gás por ano. Erros sociais A “"Thing 1” e outros bezerros são alimentados com uma dieta suplementada com algas marinhas para reduzir a produção de metano. Os cientistas esperam alcançar resultados semelhantes introduzindo micróbios geneticamente modificados para absorver hidrogênio, matando de fome as bactérias produtoras de metano na fonte. No entanto, a equipe segue com cautela em seu trabalho. Matthias Hess, diretor do laboratório UC Davis, alertou que “não podemos simplesmente reduzir a produção de metano eliminando” as bactérias que produzem este gás, pois o hidrogênio pode acumular-se e afetar a saúde do animal. “Os micróbios são criaturas sociais. Eles realmente gostam de viver juntos”, disse ele. “A forma como interagem e afetam uns aos outros afeta o funcionamento geral do ecossistema”, acrescentou. Entenda: projeto no Canadá usará inteligência artificial para reverter extinção em massa de insetos Os alunos da Hess testam diferentes fórmulas em biorreatores, recipientes que reproduzem as condições de vida dos microrganismos no estômago, desde os movimentos até a temperatura. Vacas mais produtivas O projeto está sendo realizado em conjunto com o Innovative Genomics Institute (IGI) da UC Berkeley. Os cientistas do IGI estão tentando identificar o micróbio certo, aquele que esperam alterar geneticamente para substituir os micróbios produtores de metano. Esses microrganismos modificados serão testados em laboratório na Universidade da Califórnia em Davis e também em animais. “Não estamos apenas tentando reduzir as emissões de metano, mas também aumentar a eficiência alimentar”, enfatizou Kebreab. “O hidrogênio e o metano são energia, e se reduzirmos essa energia e a redirecionarmos para outra coisa [...] teremos melhor produtividade e menos emissões ao mesmo tempo”, explicou. O objetivo final é um tratamento de dose única administrado no início da vida do animal, já que a maioria do gado pasta livremente e não pode receber suplementos diários. As três equipes de pesquisa receberam um fundo de 70 milhões de dólares (cerca de R$ 400 milhões) e um prazo de sete anos para avançar no estudo. Kebreab estuda há muito tempo práticas pecuárias sustentáveis e se opõe aos apelos para reduzir o consumo de carne para salvar o planeta. Embora reconhecesse que isto poderia funcionar para adultos saudáveis nos países desenvolvidos, citou países como a Indonésia, onde o governo tenta aumentar a produção de carne e produtos lácteos porque 20% das crianças com menos de cinco anos têm um crescimento atrofiado. “Não podemos dizer-lhes para não comerem carne”, sublinhou.
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