Análise: Com Trump, governo Lula aposta em pragmatismo na veia
Fontes oficiais buscarão aliança com o setor privado para preservar comércio e investimentos; EUA é hoje segundo maior sócio comercial do Brasil e representa cerca de 25% dos investimentos estrangeiros No início de outubro, a General Motors anunciou investimentos no Brasil que totalizarão R$ 7 bilhões no período 2024/2028. A notícia foi comemorada pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva, em momentos em que o resultado da eleição americana ainda era uma incógnita. Com a vitória de Donald Trump confirmada, Lula foi um dos primeiros chefes de Estado da região em se pronunciar num tom positivo, mostrando que, a partir de agora, a palavra de ordem será pragmatismo. Trump eleito: Especialistas apontam republicano 'imprevisível' na política externa em novo mandato Mudança: Vitória de Trump indica guinada radical na relação da Casa Branca com a América Latina O ex-subsecretário de Estado para o Hemisfério Ocidental e ex-embaixador no Brasil Thomas Shannon, entende como poucos o novo cenário e como ele deve ser encarado por países que estão em posições antagônicas em relação a Trump. Procurado pelo GLOBO, Shannon foi enfático: — O povo americano falou. Nossos parceiros, como o Brasil, podem encontrar um caminho para fortalecer o relacionamento. Mas exigirá um envolvimento pragmático movido por interesses e não por ideologia. Eleições americanas 2024: Trump vence Kamala Harris e voltará à Presidência dos EUA; acompanhe ao vivo Esse é exatamente o pensamento que predomina no Palácio do Planalto e no Itamaraty. Diplomatas envolvidos na relação bilateral estavam preparados para ambos os cenários. Em conversas com interlocutores do presidente eleito americano, a pergunta sobre como imaginavam uma relação com o Brasil de Lula foi frequente. E a resposta não desagradou, confirmaram fontes oficiais. Nesses contatos, ainda em período de campanha eleitoral, a resposta dos republicamos foi a de concordar com a necessidade de preservar a relação entre Estados, e os interesses de ambos os países. Esses interesses se referem, basicamente, a comércio e investimentos. Ao anunciar seus planos para o Brasil, executivos da GM afirmaram que o país é essencial em sua estratégia para o desenvolvimento, por exemplo, de veículos elétricos. Esse é apenas um exemplo, existem muitos. Dados da Câmara Americana de Comércio (Amcham) com informações do Banco Central mostram que em 2023 os EUA investiram cerca de US$ 10 bilhões no Brasil, o que representa 25,8% do total de aportes desse tipo vindos do exterior. Em termos de comércio, os EUA são hoje o segundo sócio comercial do Brasil, superado apenas pela China. Em 2023, o intercâmbio comercial entre Brasil e EUA ficou acima de US$ 157 bilhões. Os principais produtos da pauta exportadora brasileiros são petróleo, celulose, aço, suco de laranja, motores e máquinas elétricas e aviões, entre outros. Presidente da Argentina: Javier Milei, parabeniza Trump: 'Agora vamos fazer a América grande outra vez' O governo brasileiro, confirmaram fontes, espera que o setor privado seja um "aliado fundamental para preservar um vínculo essencial em termos econômicos para os dois países”. Pelo que ouviram representantes do governo Lula de membros do Partido Republicano próximos a Trump, embora o presidente eleito tenha vínculos políticos com o bolsonarismo — o que pode se tornar um complicador —, os interesses econômicos pesam nas equações geopolíticas do líder republicano. Lula não poderá contar com Trump para lutar contra as mudanças climáticas, pauta que marcou o relacionamento do Brasil com a administração de Joe Biden. Mas o relacionamento não tem por que entrar num período crítico, avaliam fontes oficiais brasileiras. O exemplo mais claro de que isso pode ser evitado é a relação entre Brasil e Argentina, desde que Javier Milei, aliado de Trump, chegou ao poder. Com exceção de ataques diretos ao Brasil e a Lula, que causam sobressaltos no vínculo, as relações comerciais e econômicas foram, até agora, preservadas.
Fontes oficiais buscarão aliança com o setor privado para preservar comércio e investimentos; EUA é hoje segundo maior sócio comercial do Brasil e representa cerca de 25% dos investimentos estrangeiros No início de outubro, a General Motors anunciou investimentos no Brasil que totalizarão R$ 7 bilhões no período 2024/2028. A notícia foi comemorada pelo governo de Luiz Inácio Lula da Silva, em momentos em que o resultado da eleição americana ainda era uma incógnita. Com a vitória de Donald Trump confirmada, Lula foi um dos primeiros chefes de Estado da região em se pronunciar num tom positivo, mostrando que, a partir de agora, a palavra de ordem será pragmatismo. Trump eleito: Especialistas apontam republicano 'imprevisível' na política externa em novo mandato Mudança: Vitória de Trump indica guinada radical na relação da Casa Branca com a América Latina O ex-subsecretário de Estado para o Hemisfério Ocidental e ex-embaixador no Brasil Thomas Shannon, entende como poucos o novo cenário e como ele deve ser encarado por países que estão em posições antagônicas em relação a Trump. Procurado pelo GLOBO, Shannon foi enfático: — O povo americano falou. Nossos parceiros, como o Brasil, podem encontrar um caminho para fortalecer o relacionamento. Mas exigirá um envolvimento pragmático movido por interesses e não por ideologia. Eleições americanas 2024: Trump vence Kamala Harris e voltará à Presidência dos EUA; acompanhe ao vivo Esse é exatamente o pensamento que predomina no Palácio do Planalto e no Itamaraty. Diplomatas envolvidos na relação bilateral estavam preparados para ambos os cenários. Em conversas com interlocutores do presidente eleito americano, a pergunta sobre como imaginavam uma relação com o Brasil de Lula foi frequente. E a resposta não desagradou, confirmaram fontes oficiais. Nesses contatos, ainda em período de campanha eleitoral, a resposta dos republicamos foi a de concordar com a necessidade de preservar a relação entre Estados, e os interesses de ambos os países. Esses interesses se referem, basicamente, a comércio e investimentos. Ao anunciar seus planos para o Brasil, executivos da GM afirmaram que o país é essencial em sua estratégia para o desenvolvimento, por exemplo, de veículos elétricos. Esse é apenas um exemplo, existem muitos. Dados da Câmara Americana de Comércio (Amcham) com informações do Banco Central mostram que em 2023 os EUA investiram cerca de US$ 10 bilhões no Brasil, o que representa 25,8% do total de aportes desse tipo vindos do exterior. Em termos de comércio, os EUA são hoje o segundo sócio comercial do Brasil, superado apenas pela China. Em 2023, o intercâmbio comercial entre Brasil e EUA ficou acima de US$ 157 bilhões. Os principais produtos da pauta exportadora brasileiros são petróleo, celulose, aço, suco de laranja, motores e máquinas elétricas e aviões, entre outros. Presidente da Argentina: Javier Milei, parabeniza Trump: 'Agora vamos fazer a América grande outra vez' O governo brasileiro, confirmaram fontes, espera que o setor privado seja um "aliado fundamental para preservar um vínculo essencial em termos econômicos para os dois países”. Pelo que ouviram representantes do governo Lula de membros do Partido Republicano próximos a Trump, embora o presidente eleito tenha vínculos políticos com o bolsonarismo — o que pode se tornar um complicador —, os interesses econômicos pesam nas equações geopolíticas do líder republicano. Lula não poderá contar com Trump para lutar contra as mudanças climáticas, pauta que marcou o relacionamento do Brasil com a administração de Joe Biden. Mas o relacionamento não tem por que entrar num período crítico, avaliam fontes oficiais brasileiras. O exemplo mais claro de que isso pode ser evitado é a relação entre Brasil e Argentina, desde que Javier Milei, aliado de Trump, chegou ao poder. Com exceção de ataques diretos ao Brasil e a Lula, que causam sobressaltos no vínculo, as relações comerciais e econômicas foram, até agora, preservadas.
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