O que é o 'risco da longevidade' e como usá-lo para tentar uma aposentadoria confortável
Especialista em finanças fala sobre a importância do hábito de investir e como olhar para o futuro hoje pode ser o segredo para um amanhã financeiramente saudável Quando escutamos o termo “risco de longevidade”, a cabeça parece dar um nó. Se viver mais e melhor é tudo que desejamos, em que contexto isso poderia ser arriscado? A resposta está na ponta da língua de economistas e afins: no que diz respeito à saúde financeira. A expressão, que surgiu originalmente no mercado de investimentos, passou a fazer parte da vida das pessoas quando a longevidade passou a ser uma realidade. — Da perspectiva do indivíduo, o risco de longevidade nada mais é do que o risco de a pessoa viver mais do que a capacidade financeira dela permite — explica o especialista em finanças André Massaro, responsável por um programa de preparação para a longevidade. A origem disso está justamente no aumento da expectativa de vida, fazendo com que a aposentadoria deixe de ser uma etapa que remete ao fim da existência e da capacidade produtiva das pessoas. As previsões, afinal, apontam para bolos de aniversário cada vez mais cheios de velas. Basta observar a progressão da expectativa de vida, que alcançou marcas inimagináveis se olharmos para um passado não muito distante. — Até o final do século XIX, a média mundial se mantinha em torno dos 30, 40 anos. Nesse período, a expectativa de vida fez uma curva exponencial, até atingir o pico, por volta de 2020, quando chegou quase à casa dos 80 anos. Depois, por conta da pandemia, caiu um pouco. Mas a tendência é que retome esse movimento de alta — comenta o especialista. A raiz da palavra aposentadoria vem de ad pasare, ou seja, para descansar. Só que essa realidade mudou. Por muitos motivos. Porque as pessoas de 60 anos de hoje são ativas e não querem deixar o escritório; porque o trabalho traz um senso de utilidade bem-vindo ao indivíduo, principalmente nessa fase de menos obrigações e mais prazer; e porque alguns sonhos ficaram no passado e, agora, há tempo de sobra para realizá-los, por exemplo. Mas também porque ainda há muita vida pela frente e nem sempre temos o aporte financeiro necessário para aproveitá-la como gostaríamos. Existem algumas maneiras de fazer com que o “risco da longevidade” deixe de ser um fantasma e passe a ser um aliado do envelhecimento. Como? Primeiro fazendo com que as pessoas entendam que o futuro está mais próximo do que imaginam. — O cenário dos sonhos é formar um patrimônio ao longo da vida que gere a renda de que a pessoa precisa para quando se aposentar — aponta André. André Massaro, especialista em finanças e responsável por um programa de preparação para a longevidade Divulgação “Da perspectiva do indivíduo, o risco de longevidade nada mais é do que o risco de a pessoa viver mais do que a capacidade financeira dela permite” O hábito de investir É sabido, no entanto, que essa não é a realidade da grande maioria dos brasileiros. Ainda assim, fazer o proverbial pé-de-meia é ideia das melhores. E dá para começar com qualquer valor. O importante é não desanimar e fazer disso uma rotina. — É interessante entender que investir é um hábito. Então, se a pessoa formar o hábito de guardar, todo mês, X por cento de sua renda, presume-se que, quando ela tiver um aumento de renda, ela vai aumentar também seus aportes. E isso vai acelerar esse processo de acumulação — sugere o especialista. Lembrando sempre que a ideia não é gastar indiscriminadamente e guardar o que sobrar. Mas fazer sobrar. — Os livros de finanças pessoais, principalmente os americanos, falam muito uma frase que até se tornou assinatura deles, que é "pague-se primeiro". Isso significa que, assim que receber os rendimentos mensais, você deve separar o valor que vai ajudar a construir um futuro mais confortável e viver com o restante. — O sujeito que, hipoteticamente, ganha R$ 3 mil, vai ter que se convencer de que recebe apenas R$ 2.500. Como se aquele dinheiro já fosse carimbado — ensina André. Tudo isso envolve, além de educação, uma dose extra de organização financeira. — Entre as pessoas que atendo, tenho uma certa dificuldade de aceitar esse argumento de alguém que não consegue investir porque ganha pouco. Para cada pessoa que me diz isso, eu consigo imediatamente achar outra que, com um salário menor e mais obrigações, consegue administrar a remuneração.
Especialista em finanças fala sobre a importância do hábito de investir e como olhar para o futuro hoje pode ser o segredo para um amanhã financeiramente saudável Quando escutamos o termo “risco de longevidade”, a cabeça parece dar um nó. Se viver mais e melhor é tudo que desejamos, em que contexto isso poderia ser arriscado? A resposta está na ponta da língua de economistas e afins: no que diz respeito à saúde financeira. A expressão, que surgiu originalmente no mercado de investimentos, passou a fazer parte da vida das pessoas quando a longevidade passou a ser uma realidade. — Da perspectiva do indivíduo, o risco de longevidade nada mais é do que o risco de a pessoa viver mais do que a capacidade financeira dela permite — explica o especialista em finanças André Massaro, responsável por um programa de preparação para a longevidade. A origem disso está justamente no aumento da expectativa de vida, fazendo com que a aposentadoria deixe de ser uma etapa que remete ao fim da existência e da capacidade produtiva das pessoas. As previsões, afinal, apontam para bolos de aniversário cada vez mais cheios de velas. Basta observar a progressão da expectativa de vida, que alcançou marcas inimagináveis se olharmos para um passado não muito distante. — Até o final do século XIX, a média mundial se mantinha em torno dos 30, 40 anos. Nesse período, a expectativa de vida fez uma curva exponencial, até atingir o pico, por volta de 2020, quando chegou quase à casa dos 80 anos. Depois, por conta da pandemia, caiu um pouco. Mas a tendência é que retome esse movimento de alta — comenta o especialista. A raiz da palavra aposentadoria vem de ad pasare, ou seja, para descansar. Só que essa realidade mudou. Por muitos motivos. Porque as pessoas de 60 anos de hoje são ativas e não querem deixar o escritório; porque o trabalho traz um senso de utilidade bem-vindo ao indivíduo, principalmente nessa fase de menos obrigações e mais prazer; e porque alguns sonhos ficaram no passado e, agora, há tempo de sobra para realizá-los, por exemplo. Mas também porque ainda há muita vida pela frente e nem sempre temos o aporte financeiro necessário para aproveitá-la como gostaríamos. Existem algumas maneiras de fazer com que o “risco da longevidade” deixe de ser um fantasma e passe a ser um aliado do envelhecimento. Como? Primeiro fazendo com que as pessoas entendam que o futuro está mais próximo do que imaginam. — O cenário dos sonhos é formar um patrimônio ao longo da vida que gere a renda de que a pessoa precisa para quando se aposentar — aponta André. André Massaro, especialista em finanças e responsável por um programa de preparação para a longevidade Divulgação “Da perspectiva do indivíduo, o risco de longevidade nada mais é do que o risco de a pessoa viver mais do que a capacidade financeira dela permite” O hábito de investir É sabido, no entanto, que essa não é a realidade da grande maioria dos brasileiros. Ainda assim, fazer o proverbial pé-de-meia é ideia das melhores. E dá para começar com qualquer valor. O importante é não desanimar e fazer disso uma rotina. — É interessante entender que investir é um hábito. Então, se a pessoa formar o hábito de guardar, todo mês, X por cento de sua renda, presume-se que, quando ela tiver um aumento de renda, ela vai aumentar também seus aportes. E isso vai acelerar esse processo de acumulação — sugere o especialista. Lembrando sempre que a ideia não é gastar indiscriminadamente e guardar o que sobrar. Mas fazer sobrar. — Os livros de finanças pessoais, principalmente os americanos, falam muito uma frase que até se tornou assinatura deles, que é "pague-se primeiro". Isso significa que, assim que receber os rendimentos mensais, você deve separar o valor que vai ajudar a construir um futuro mais confortável e viver com o restante. — O sujeito que, hipoteticamente, ganha R$ 3 mil, vai ter que se convencer de que recebe apenas R$ 2.500. Como se aquele dinheiro já fosse carimbado — ensina André. Tudo isso envolve, além de educação, uma dose extra de organização financeira. — Entre as pessoas que atendo, tenho uma certa dificuldade de aceitar esse argumento de alguém que não consegue investir porque ganha pouco. Para cada pessoa que me diz isso, eu consigo imediatamente achar outra que, com um salário menor e mais obrigações, consegue administrar a remuneração.
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