Inflação acelera e supera teto da meta em outubro; dólar vai a R$ 5,77

IPCA acumulado em 12 meses chega a 4,76%, puxado por alimentos e conta de luz. Carnes têm a maior alta mensal desde 2020. Pressão do câmbio pode influenciar preços nos próximos meses A inflação do país acelerou de 0,44% em setembro para 0,56% em outubro, segundo dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) divulgados pelo IBGE nesta sexta-feira. O resultado foi puxado pelo aumento da conta de luz e dos alimentos. Só as carnes subiram 5,81% no mês, maior alta em quatro anos. Com o resultado, o IPCA acumulado em 12 meses atingiu 4,76% - acima do teto da meta estabelecida pelo Banco Central. O centro da meta para inflação é de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos A alta do dólar influencia no aumento da inflação. Este ano, a moeda americana já subiu xxxx% Nesta sexta-feira, o dólar opera em alta novamente e chegou a alcançar R$ 5,77, à espera do anúncio de medidas fiscais pelo governo. Mesmo com estimativa de safra recorde, a previsão do mercado é que os alimentos tenham forte alta em 2025, por causa do câmbio e por descompasso entre oferta e demanda no campo. O que dizem analistas? Para analistas, o resultado evidencia a pressão que a alta nos preços dos alimentos tem exercido sobre a inflação, especialmente na reta final do ano. O impacto das proteínas mais caras têm tido efeito expressivo sobre o indicador. Prova disso é que as carnes subiram 9% em apenas dois meses (setembro e outubro), segundo o IBGE. E analistas esperam novas altas nos próximos meses, com as carnes fechando o ano com alta ao redor desse patamar. Segundo Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, os alimentos são a principal variável de risco para o resultado da inflação este ano. Com o anúncio da bandeira amarela para novembro e a perspectiva de bandeira verde em dezembro, aumentam as chances de o governo conseguir entregar a inflação no teto da meta. Mas, sem sinais de reajustes pela Petrobras e o alívio em energia, os alimentos é que ditarão o rumo do índice de preços. Nas suas contas, porém, já está projetado o rompimento do teto da meta. Vale calcula que o IPCA fechará 2024 em 4,7%, com uma variação média de 0,38% entre novembro e dezembro. Dada a piora da inflação corrente, ele considera acertada a decisão do Banco Central de elevar os juros em 0,5 ponto percentual. Ele destaca ainda que, além da pressão inflacionária deste ano, as projeções indicam que a inflação deve se manter acima de 4% em 2025 e 2026. “Está nas mãos do governo buscar um desfecho diferente para essa situação. O anúncio de um robusto pacote fiscal será fundamental para estabilizar os preços de ativos, especialmente o câmbio. Sem isso, a pressão persistirá”, conclui Vale, em comentário. Bandeira vermelha na conta de luz Dos nove grupos investigados pela pesquisa, oito registraram alta em outubro. O desempenho mais expressivo foi observado em Habitação, com elevação de 1,49%, puxado pelo aumento nos preços da energia elétrica. A conta de luz ficou, em média, 4,74% mais cara no mês. Pressão: dólar alto e oferta menor farão preços dos alimentos subirem mais de 7% em 2025 Com avanço do dólar: economistas já projetam alta nos preços de viagens e alimentos, e efeitos até nas compras de Natal André Almeida, gerente da pesquisa, destaca que isso ocorreu devido à incidência da bandeira vermelha patamar 2, a mais alta entre as tarifas. Essa pressão deve diminuir em novembro, pois a bandeira em vigor agora é a amarela, por determinação da Aneel, a agência que regula o setor de energia elétrica. Há chance de o cor mudar para verde em dezembro, com a maior quantidade de chuvas. — Vamos deixar de ter uma cobrança adicional de R$ 7,87 (à conta de luz) a cada 100 kwh consumidos para aproximadamente R$ 1,18 a cada 100 kwh consumidos. É claro que há outros componentes que fazem parte da conta de energia elétrica, mas quando a gente olha para a bandeira tarifária, para novembro, é um fator de alívio — analisa Almeida. Alimentação fora de casa Já o grupo Alimentação e bebidas subiu 1,06% em outubro, motivado pelo avanço dos preços na alimentação em casa - que passou de uma alta de 0,56% em setembro para 1,22% em outubro. Só as carnes subiram 5,81% em outubro, em relação ao mês anterior. Foi a maior variação mensal desde novembro de 2020, quando avançou 6,5%, segundo o IBGE. Os destaques foram os cortes de acém (9,09%), costela (7,40%), contrafilé (6,07%) e alcatra (5,79%). Análise: equipe econômica criou armadilha com prazo para pacote e municiou tiroteio entre ministérios Almeida explica que, desde o final do ano passado, houve um volume elevado de abates, o que, conforme o ciclo natural da pecuária, resulta em uma redução na oferta de carne. — Isso se conjugou com três fatores: uma estiagem bem forte e consequentes queimadas, em um período em que o índice de chuvas é mais alto; temperaturas mais elevadas, que forçaram o gado a ser confinado; e um aumento nas exportações em comparação ao ano passado, o que reduz a of

Nov 8, 2024 - 12:53
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Inflação acelera e supera teto da meta em outubro; dólar vai a R$ 5,77

IPCA acumulado em 12 meses chega a 4,76%, puxado por alimentos e conta de luz. Carnes têm a maior alta mensal desde 2020. Pressão do câmbio pode influenciar preços nos próximos meses A inflação do país acelerou de 0,44% em setembro para 0,56% em outubro, segundo dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) divulgados pelo IBGE nesta sexta-feira. O resultado foi puxado pelo aumento da conta de luz e dos alimentos. Só as carnes subiram 5,81% no mês, maior alta em quatro anos. Com o resultado, o IPCA acumulado em 12 meses atingiu 4,76% - acima do teto da meta estabelecida pelo Banco Central. O centro da meta para inflação é de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos A alta do dólar influencia no aumento da inflação. Este ano, a moeda americana já subiu xxxx% Nesta sexta-feira, o dólar opera em alta novamente e chegou a alcançar R$ 5,77, à espera do anúncio de medidas fiscais pelo governo. Mesmo com estimativa de safra recorde, a previsão do mercado é que os alimentos tenham forte alta em 2025, por causa do câmbio e por descompasso entre oferta e demanda no campo. O que dizem analistas? Para analistas, o resultado evidencia a pressão que a alta nos preços dos alimentos tem exercido sobre a inflação, especialmente na reta final do ano. O impacto das proteínas mais caras têm tido efeito expressivo sobre o indicador. Prova disso é que as carnes subiram 9% em apenas dois meses (setembro e outubro), segundo o IBGE. E analistas esperam novas altas nos próximos meses, com as carnes fechando o ano com alta ao redor desse patamar. Segundo Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, os alimentos são a principal variável de risco para o resultado da inflação este ano. Com o anúncio da bandeira amarela para novembro e a perspectiva de bandeira verde em dezembro, aumentam as chances de o governo conseguir entregar a inflação no teto da meta. Mas, sem sinais de reajustes pela Petrobras e o alívio em energia, os alimentos é que ditarão o rumo do índice de preços. Nas suas contas, porém, já está projetado o rompimento do teto da meta. Vale calcula que o IPCA fechará 2024 em 4,7%, com uma variação média de 0,38% entre novembro e dezembro. Dada a piora da inflação corrente, ele considera acertada a decisão do Banco Central de elevar os juros em 0,5 ponto percentual. Ele destaca ainda que, além da pressão inflacionária deste ano, as projeções indicam que a inflação deve se manter acima de 4% em 2025 e 2026. “Está nas mãos do governo buscar um desfecho diferente para essa situação. O anúncio de um robusto pacote fiscal será fundamental para estabilizar os preços de ativos, especialmente o câmbio. Sem isso, a pressão persistirá”, conclui Vale, em comentário. Bandeira vermelha na conta de luz Dos nove grupos investigados pela pesquisa, oito registraram alta em outubro. O desempenho mais expressivo foi observado em Habitação, com elevação de 1,49%, puxado pelo aumento nos preços da energia elétrica. A conta de luz ficou, em média, 4,74% mais cara no mês. Pressão: dólar alto e oferta menor farão preços dos alimentos subirem mais de 7% em 2025 Com avanço do dólar: economistas já projetam alta nos preços de viagens e alimentos, e efeitos até nas compras de Natal André Almeida, gerente da pesquisa, destaca que isso ocorreu devido à incidência da bandeira vermelha patamar 2, a mais alta entre as tarifas. Essa pressão deve diminuir em novembro, pois a bandeira em vigor agora é a amarela, por determinação da Aneel, a agência que regula o setor de energia elétrica. Há chance de o cor mudar para verde em dezembro, com a maior quantidade de chuvas. — Vamos deixar de ter uma cobrança adicional de R$ 7,87 (à conta de luz) a cada 100 kwh consumidos para aproximadamente R$ 1,18 a cada 100 kwh consumidos. É claro que há outros componentes que fazem parte da conta de energia elétrica, mas quando a gente olha para a bandeira tarifária, para novembro, é um fator de alívio — analisa Almeida. Alimentação fora de casa Já o grupo Alimentação e bebidas subiu 1,06% em outubro, motivado pelo avanço dos preços na alimentação em casa - que passou de uma alta de 0,56% em setembro para 1,22% em outubro. Só as carnes subiram 5,81% em outubro, em relação ao mês anterior. Foi a maior variação mensal desde novembro de 2020, quando avançou 6,5%, segundo o IBGE. Os destaques foram os cortes de acém (9,09%), costela (7,40%), contrafilé (6,07%) e alcatra (5,79%). Análise: equipe econômica criou armadilha com prazo para pacote e municiou tiroteio entre ministérios Almeida explica que, desde o final do ano passado, houve um volume elevado de abates, o que, conforme o ciclo natural da pecuária, resulta em uma redução na oferta de carne. — Isso se conjugou com três fatores: uma estiagem bem forte e consequentes queimadas, em um período em que o índice de chuvas é mais alto; temperaturas mais elevadas, que forçaram o gado a ser confinado; e um aumento nas exportações em comparação ao ano passado, o que reduz a oferta da carne no mercado interno — acrescenta. A alimentação fora de casa, por sua vez, subiu 0,65% em outubro - variação superior à de setembro (0,34%). A refeição ficou 0,53% mais cara, enquanto o lanche subiu 0,88%. Preços dos combustíveis e das passagens aéreas recuam O único grupo a registrar queda em outubro foi Transportes, com recuo de 0,38% no mês. A retração deveu-se ao preço das passagens aéreas, que caíram 11,5% no mês. Um recuo nos preços de trem, metrô, ônibus urbano e integração do transporte público também contribuíram para o resultado negativo do grupo. Segundo o IBGE, o resultado neste caso é explicado em decorrência das gratuidades concedidas à população nos dias das eleições municipais que aconteceram em outubro. Os combustíveis também estiveram em ligeira queda, com recuo de 0,17% em outubro. Houve queda tanto no preço do etanol quanto no do óleo diesel e da gasolina. O gás veicular, porém, registrou alta de 0,48%. O grupo de Saúde e cuidados pessoais variou 0,38%, com destaque para os preços de planos de saúde que avançaram no período. O aumento foi motivado pelos reajustes autorizados pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

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