Em ‘Queer’, Daniel Craig vive protagonista que se apaixona por homem mais jovem: ‘Acho risível a masculinidade’, diz ator
Novo filme do diretor italiano Luca Guadagnino estreia no Brasil em 12 de dezembro Não pensamos muito no que revelamos quando nos apaixonamos, preferindo nos concentrar — como a maioria dos filmes românticos — nas partes melosas. Mas esse sentimento perigoso de exposição é a preocupação central do novo drama “Queer”, e não poderia ser explorado sem um ator principal que esteja igualmente disposto a se expor. Entra Daniel Craig, de 56 anos, nosso último James Bond, em nova e ousada missão. Sucesso: 'Ainda estou aqui' supera blockbusters 'Gladiador 2' e 'Wicked' e retoma liderança nas bilheterias brasileiras Maurício Kubrusly: Gilberto Gil e jornalista diagnosticado com demência se reencontram em doc após 50 anos; 'Quem fez isso?' Em “Queer” (que estreia no dia 27 nos EUA e em 12 de dezembro no Brasil), Craig interpreta Lee, um expatriado americano na Cidade do México em meados do século XX que se apaixona por um homem mais jovem, Allerton (Drew Starkey). Nesta adaptação do romance de William S. Burroughs, Lee vive um desejo correspondido aos trancos e barrancos. Ver Craig se apaixonar de forma tão vulnerável é um choque. Antes epítome do cool, seu rosto agora parece outro, encharcado de suor. Desde que “Queer” estreou no Festival de Veneza, em setembro, Craig é cotado para o Oscar, e pode ser uma surpresa para os fãs ver este seu lado após 15 anos em que foi um agente secreto durão. Mas, quando perguntei ao diretor Luca Guadagnino se “Queer” está mais próximo da sensibilidade real do ator, ele respondeu: — Todo filme é um documentário sobre o ator que faz o protagonista. Baseado em livro de Milton Hatoum: ‘Retrato de um certo Oriente’ mostra saga de imigrantes libaneses na Amazônia Se este for o caso, talvez agora seja o momento perfeito para ser reapresentado a Daniel Craig. — Às vezes, acho muito risível a ideia de masculinidade — disse o ator numa manhã de outubro em que nos encontramos para tomar café num hotel de West Hollywood, Califórnia. — A maioria dos homens pode passar a vida atuando. Mas é uma atuação. Daniel Craig faz personagem gay em "Queer", longa dirigido por Luca Guadagnino Thea Traff for The New York Times ‘Estava tremendo’ Os cachês de Bond lhe deram o privilégio de escolher muito bem seus trabalhos, o que explica o fato de estar menos prolífico. Mas há mais em jogo. — Tenho uma criança de 6 anos em casa — disse Craig, que é casado com a atriz Rachel Weisz. — Não quero ficar longe do lar tanto quanto no passado. Mas, quando ele se compromete, é para valer: exige meses de estudo. Para se preparar para “Queer”, Craig analisou filmagens antigas de Burroughs para obter insights e inspiração para seu personagem. Mesmo assim, ele se viu sucumbindo ao nervosismo no primeiro dia de filmagem. — Eu estava trabalhando a voz, fazendo todas essas coisas... Mas estava tremendo. Literalmente tremendo — disse ele. — Luca se aproximou de mim e foi como se tivesse estalado os dedos. Ele disse: “Deixa rolar.” Daniel Craig e Drew Strakey em cena de "Queer", filme de Lucca Guadagnino Divulgação ‘Sou um inglês travadão’ De repente, a tal “atuação da masculinidade” se rompeu e, ao mostrar as fragilidades do personagem, suas próprias fragilidades estavam sendo exibidas. Daquele momento em diante, ele deixou a tensão sair de seus ombros e tentou seguir o exemplo do diretor italiano que, segundo Craig, projeta uma vibração mais livre. — E você sabe, sou um inglês travadão — disse Craig, com um sorriso. Embora “Queer” possa indicar uma nova direção para Craig, em outros aspectos, é uma volta ao lar. Antes de ser contratado como Bond, Craig fez seu nome em filmes independentes britânicos, como “Love is the devil” e “The mother”, obras sexualmente explícitas que exigiam que ele desnudasse corpo e alma. — Craig não tem vergonha do que está apresentando como ator — disse seu companheiro de cena Drew Starkey, acrescentando que o fato de o filme chocar seus fãs ou render a Craig sua primeira indicação ao Oscar nunca foi uma preocupação. — Você não conseguirá atuar como artista se estiver sempre pensando na reação do público ou em prêmios. E Craig é punk rock, a contracultura em sua essência. Isso é revigorante de se ver, uma fonte de inspiração. Ele não tem nada que o prenda. Então, talvez Guadagnino esteja certo e “Queer” seja um documentário sobre o homem que o protagoniza, já que tanto o filme quanto seu protagonista estão inclinados a colocar tudo em jogo. Ou talvez o filme seja um espelho, sugeriu Craig: — Conheço muitos homens durões que são vulneráveis. E gosto de retratar isso nos filmes. Essa verdade é interessante para mim.
Novo filme do diretor italiano Luca Guadagnino estreia no Brasil em 12 de dezembro Não pensamos muito no que revelamos quando nos apaixonamos, preferindo nos concentrar — como a maioria dos filmes românticos — nas partes melosas. Mas esse sentimento perigoso de exposição é a preocupação central do novo drama “Queer”, e não poderia ser explorado sem um ator principal que esteja igualmente disposto a se expor. Entra Daniel Craig, de 56 anos, nosso último James Bond, em nova e ousada missão. Sucesso: 'Ainda estou aqui' supera blockbusters 'Gladiador 2' e 'Wicked' e retoma liderança nas bilheterias brasileiras Maurício Kubrusly: Gilberto Gil e jornalista diagnosticado com demência se reencontram em doc após 50 anos; 'Quem fez isso?' Em “Queer” (que estreia no dia 27 nos EUA e em 12 de dezembro no Brasil), Craig interpreta Lee, um expatriado americano na Cidade do México em meados do século XX que se apaixona por um homem mais jovem, Allerton (Drew Starkey). Nesta adaptação do romance de William S. Burroughs, Lee vive um desejo correspondido aos trancos e barrancos. Ver Craig se apaixonar de forma tão vulnerável é um choque. Antes epítome do cool, seu rosto agora parece outro, encharcado de suor. Desde que “Queer” estreou no Festival de Veneza, em setembro, Craig é cotado para o Oscar, e pode ser uma surpresa para os fãs ver este seu lado após 15 anos em que foi um agente secreto durão. Mas, quando perguntei ao diretor Luca Guadagnino se “Queer” está mais próximo da sensibilidade real do ator, ele respondeu: — Todo filme é um documentário sobre o ator que faz o protagonista. Baseado em livro de Milton Hatoum: ‘Retrato de um certo Oriente’ mostra saga de imigrantes libaneses na Amazônia Se este for o caso, talvez agora seja o momento perfeito para ser reapresentado a Daniel Craig. — Às vezes, acho muito risível a ideia de masculinidade — disse o ator numa manhã de outubro em que nos encontramos para tomar café num hotel de West Hollywood, Califórnia. — A maioria dos homens pode passar a vida atuando. Mas é uma atuação. Daniel Craig faz personagem gay em "Queer", longa dirigido por Luca Guadagnino Thea Traff for The New York Times ‘Estava tremendo’ Os cachês de Bond lhe deram o privilégio de escolher muito bem seus trabalhos, o que explica o fato de estar menos prolífico. Mas há mais em jogo. — Tenho uma criança de 6 anos em casa — disse Craig, que é casado com a atriz Rachel Weisz. — Não quero ficar longe do lar tanto quanto no passado. Mas, quando ele se compromete, é para valer: exige meses de estudo. Para se preparar para “Queer”, Craig analisou filmagens antigas de Burroughs para obter insights e inspiração para seu personagem. Mesmo assim, ele se viu sucumbindo ao nervosismo no primeiro dia de filmagem. — Eu estava trabalhando a voz, fazendo todas essas coisas... Mas estava tremendo. Literalmente tremendo — disse ele. — Luca se aproximou de mim e foi como se tivesse estalado os dedos. Ele disse: “Deixa rolar.” Daniel Craig e Drew Strakey em cena de "Queer", filme de Lucca Guadagnino Divulgação ‘Sou um inglês travadão’ De repente, a tal “atuação da masculinidade” se rompeu e, ao mostrar as fragilidades do personagem, suas próprias fragilidades estavam sendo exibidas. Daquele momento em diante, ele deixou a tensão sair de seus ombros e tentou seguir o exemplo do diretor italiano que, segundo Craig, projeta uma vibração mais livre. — E você sabe, sou um inglês travadão — disse Craig, com um sorriso. Embora “Queer” possa indicar uma nova direção para Craig, em outros aspectos, é uma volta ao lar. Antes de ser contratado como Bond, Craig fez seu nome em filmes independentes britânicos, como “Love is the devil” e “The mother”, obras sexualmente explícitas que exigiam que ele desnudasse corpo e alma. — Craig não tem vergonha do que está apresentando como ator — disse seu companheiro de cena Drew Starkey, acrescentando que o fato de o filme chocar seus fãs ou render a Craig sua primeira indicação ao Oscar nunca foi uma preocupação. — Você não conseguirá atuar como artista se estiver sempre pensando na reação do público ou em prêmios. E Craig é punk rock, a contracultura em sua essência. Isso é revigorante de se ver, uma fonte de inspiração. Ele não tem nada que o prenda. Então, talvez Guadagnino esteja certo e “Queer” seja um documentário sobre o homem que o protagoniza, já que tanto o filme quanto seu protagonista estão inclinados a colocar tudo em jogo. Ou talvez o filme seja um espelho, sugeriu Craig: — Conheço muitos homens durões que são vulneráveis. E gosto de retratar isso nos filmes. Essa verdade é interessante para mim.
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