Da pandemia à viagem com o bebê para o Brasil: como um laço de amizade virou romance entre dois sérvios
Participe da nova seção do GLOBO ‘Conte sua história de amor’! É só mandar seu relato, com no mínimo 3 mil caracteres e no máximo 5 mil, para o e-mail [email protected]. É preciso se identificar e mandar um telefone para contato. No entanto, caso prefira, a publicação pode ser anônima. As histórias selecionadas pela nossa equipe serão publicadas a cada 15 dias na versão digital (às quintas-feiras) e impressa (aos sábados) do jornal. Não é preciso ser escritor, apenas ter um conteúdo verdadeiro, vivido por você e com emoção genuína. Qualquer tipo de amor vale a pena! Confira a história desta semana, no depoimento de Dragana Žugic*: "Era o primeiro ano da pandemia. Eu morava com a minha família em Belgrado, na Sérvia. Nós estávamos bem fechados em casa, tinha toque de recolher, e, em meio ao lockdown, meu pai insistiu muito para que eu criasse uma conta no Tinder. Eu estava completamente avessa a essa ideia, mas como eu estava em casa, não tinha nada para fazer, acabei me convencendo e decidi baixar o aplicativo. Achei o perfil do Vojislav e começamos a conversar. História de amor Renata Martins/Editoria de Arte Meu nome é Dragana, eu sou programadora e tenho 35 anos. Ele tem 37 e é mecânico de aeronaves. Ele brinca que jogava videogame o dia inteiro antes de me conhecer. Nós dois estávamos procurando alguém com quem passar o tempo durante a quarentena. Talvez uma parceria, mas sem pressão por um namoro ou algo do tipo. Ficamos uns três meses só conversando. Quando as regras do isolamento social afrouxaram um pouco, nos encontramos pela primeira vez. Combinamos de dar uma volta de bicicleta no lago. Um dia eu saí para andar de patins em volta desse mesmo lago e levei um tombo muito feio, me machuquei bastante. Como eu estava sozinha, liguei para ele, que levou água, frutas e foi lá me ajudar. Muito fofo. Até aí nós apenas conversávamos. Como nada acontecia nos encontros, eu comecei a me perguntar: “Será que vamos ser apenas amigos ou vai acontecer algo mais?”. Depois de cinco encontros, a gente ainda não tinha se beijado, estávamos saindo como amigos mesmo. Eu comecei a pensar que nunca aconteceria nada, até porque ele falava coisas como: “Ah, tinha uma garota, ela me mandou mensagem, me chamou para sair...”. E eu pensava: “A gente é amigo ou estamos tendo um encontro romântico?”. O fato é que a gente conversava sobre tudo e ele estava super à vontade para falar sobre qualquer coisa comigo. Primeiro a amizade Para ele, na verdade, a sensação era a oposta da minha. Mais tarde ele me contou que precisava ter uma amizade antes de começar uma relação amorosa com alguém. A ideia, na perspectiva do Vojislav, era que antes de virar namorada ou esposa, a mulher tinha que ser como uma melhor amiga para ele. Para mim era um pouco confuso. As pessoas geralmente não falam sobre toda e qualquer coisa quando estão em um encontro. Eu sentia que ele me dava sinais mistos. Mas aí, depois de cinco ou seis encontros, saímos para tomar uma cerveja e finalmente nos beijamos pela primeira vez. Só um ano e meio depois, decidimos namorar e deixar o relacionamento mais sério. No começo, ele me dizia que não queria ter filhos. Isso também foi algo que me fez pensar. Eu não sabia se isso era um sinal de alerta para mim, porque eu mesma não sabia se queria ter filhos com ele. Isso tudo era novo para mim. O que eu sabia era que eventualmente eu iria querer ser mãe. E eu pensava comigo: “Você realmente quer passar tempo com esse cara, mesmo se isso não tiver perspectiva?”. Sim, eu queria. E ficamos juntos. Na época, ele estava cuidando do pai, que estava doente, e infelizmente não resistiu e morreu. Isso mudou alguma coisa nele. Um ano depois, eu acho que ele começou a pensar em ter a própria família. Eu não o convenci de nada, não falávamos sobre isso. As coisas simplesmente mudaram. Ele diz que soube que eu era a pessoa certa por isso, porque não o pressionei para nada, as coisas fluíram. Foi tudo muito natural, como dois amigos que viraram algo mais. E assim, sem a gente calcular nada, acabamos nos casando, em 2022. Engravidamos e tivemos nosso primeiro bebê em março de 2023. E hoje estamos aqui, juntos, nós três, visitando o Brasil, na nossa primeira viagem grande com o neném. Já fomos a Amsterdã, um voo bem mais curto e mais perto do nosso país, mas esta é a primeira viagem transatlântica da nossa família. Decidimos vir para o Brasil porque a irmã dele mora em Campinas (SP). Ela conheceu o marido na Hungria, no ICQ, o chat online da época. Eles trocaram mensagens, se conheceram e começaram a namorar. Ela passou a ficar entre o Brasil e a Sérvia, morando, viajando. E nos animamos de vir." * Em depoimento à repórter Camila Araujo
Participe da nova seção do GLOBO ‘Conte sua história de amor’! É só mandar seu relato, com no mínimo 3 mil caracteres e no máximo 5 mil, para o e-mail [email protected]. É preciso se identificar e mandar um telefone para contato. No entanto, caso prefira, a publicação pode ser anônima. As histórias selecionadas pela nossa equipe serão publicadas a cada 15 dias na versão digital (às quintas-feiras) e impressa (aos sábados) do jornal. Não é preciso ser escritor, apenas ter um conteúdo verdadeiro, vivido por você e com emoção genuína. Qualquer tipo de amor vale a pena! Confira a história desta semana, no depoimento de Dragana Žugic*: "Era o primeiro ano da pandemia. Eu morava com a minha família em Belgrado, na Sérvia. Nós estávamos bem fechados em casa, tinha toque de recolher, e, em meio ao lockdown, meu pai insistiu muito para que eu criasse uma conta no Tinder. Eu estava completamente avessa a essa ideia, mas como eu estava em casa, não tinha nada para fazer, acabei me convencendo e decidi baixar o aplicativo. Achei o perfil do Vojislav e começamos a conversar. História de amor Renata Martins/Editoria de Arte Meu nome é Dragana, eu sou programadora e tenho 35 anos. Ele tem 37 e é mecânico de aeronaves. Ele brinca que jogava videogame o dia inteiro antes de me conhecer. Nós dois estávamos procurando alguém com quem passar o tempo durante a quarentena. Talvez uma parceria, mas sem pressão por um namoro ou algo do tipo. Ficamos uns três meses só conversando. Quando as regras do isolamento social afrouxaram um pouco, nos encontramos pela primeira vez. Combinamos de dar uma volta de bicicleta no lago. Um dia eu saí para andar de patins em volta desse mesmo lago e levei um tombo muito feio, me machuquei bastante. Como eu estava sozinha, liguei para ele, que levou água, frutas e foi lá me ajudar. Muito fofo. Até aí nós apenas conversávamos. Como nada acontecia nos encontros, eu comecei a me perguntar: “Será que vamos ser apenas amigos ou vai acontecer algo mais?”. Depois de cinco encontros, a gente ainda não tinha se beijado, estávamos saindo como amigos mesmo. Eu comecei a pensar que nunca aconteceria nada, até porque ele falava coisas como: “Ah, tinha uma garota, ela me mandou mensagem, me chamou para sair...”. E eu pensava: “A gente é amigo ou estamos tendo um encontro romântico?”. O fato é que a gente conversava sobre tudo e ele estava super à vontade para falar sobre qualquer coisa comigo. Primeiro a amizade Para ele, na verdade, a sensação era a oposta da minha. Mais tarde ele me contou que precisava ter uma amizade antes de começar uma relação amorosa com alguém. A ideia, na perspectiva do Vojislav, era que antes de virar namorada ou esposa, a mulher tinha que ser como uma melhor amiga para ele. Para mim era um pouco confuso. As pessoas geralmente não falam sobre toda e qualquer coisa quando estão em um encontro. Eu sentia que ele me dava sinais mistos. Mas aí, depois de cinco ou seis encontros, saímos para tomar uma cerveja e finalmente nos beijamos pela primeira vez. Só um ano e meio depois, decidimos namorar e deixar o relacionamento mais sério. No começo, ele me dizia que não queria ter filhos. Isso também foi algo que me fez pensar. Eu não sabia se isso era um sinal de alerta para mim, porque eu mesma não sabia se queria ter filhos com ele. Isso tudo era novo para mim. O que eu sabia era que eventualmente eu iria querer ser mãe. E eu pensava comigo: “Você realmente quer passar tempo com esse cara, mesmo se isso não tiver perspectiva?”. Sim, eu queria. E ficamos juntos. Na época, ele estava cuidando do pai, que estava doente, e infelizmente não resistiu e morreu. Isso mudou alguma coisa nele. Um ano depois, eu acho que ele começou a pensar em ter a própria família. Eu não o convenci de nada, não falávamos sobre isso. As coisas simplesmente mudaram. Ele diz que soube que eu era a pessoa certa por isso, porque não o pressionei para nada, as coisas fluíram. Foi tudo muito natural, como dois amigos que viraram algo mais. E assim, sem a gente calcular nada, acabamos nos casando, em 2022. Engravidamos e tivemos nosso primeiro bebê em março de 2023. E hoje estamos aqui, juntos, nós três, visitando o Brasil, na nossa primeira viagem grande com o neném. Já fomos a Amsterdã, um voo bem mais curto e mais perto do nosso país, mas esta é a primeira viagem transatlântica da nossa família. Decidimos vir para o Brasil porque a irmã dele mora em Campinas (SP). Ela conheceu o marido na Hungria, no ICQ, o chat online da época. Eles trocaram mensagens, se conheceram e começaram a namorar. Ela passou a ficar entre o Brasil e a Sérvia, morando, viajando. E nos animamos de vir." * Em depoimento à repórter Camila Araujo
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